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Estado de Minas

Marina � criticada por dizer que Chico Mendes era da elite

Sindicato do Acre, terra da candidata, contesta afirma��o feita pela candidata do PSB no primeiro debate entre os presidenci�veis


postado em 29/08/2014 06:00 / atualizado em 29/08/2014 07:23

Veio de Xapuri, cidade com cerca de 17 mil habitantes no Acre – estado onde nasceu Marina Silva –, a contesta��o da declara��o dada pela candidata do PSB, no primeiro debate entre os presidenci�veis, de que o l�der seringueiro Chico Mendes fazia parte da elite, ao lado do empres�rio Guilherme Leal, dono da empresa de cosm�ticos Natura, e Neca Setubal, herdeira do Banco Ita� e respons�vel pela coordena��o do programa de governo da socialista. O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Xapuri emitiu nessa quinta-feira uma nota oficial criticando Marina, que foi ministra do Meio Ambiente no per�odo de 2003 a 2008, e rebatendo as declara��es dela a respeito de Chico Mendes, assassinado em 1988 por fazendeiro contr�rio � sua luta em defesa dos

trabalhadores extrativistas. Nascido em Xapuri, onde foi morto com um tiro de escopeta, Chico Mendes fundou, em 1977, o sindicato que, em nota oficial, se coloca como “leg�timo representante do legado classista do companheiro”.

“O companheiro Chico foi um sindicalista e n�o ambientalista, isso o coloca num ponto espec�fico da luta de classes que compreendia a uni�o dos povos tradicionais (extrativistas, ind�genas, ribeirinhos) contra a expans�o pecu�ria e madeireira e a consequente devasta��o da Floresta. Essa vis�o distorcida do Chico Mendes ambientalista foi levada para o Brasil e a outros pa�ses como forma de desqualificar e descaracterizar a classe trabalhadora do campo e fortalecer a tem�tica capitalista ambiental que surgia”, diz a nota assinada pelo presidente do sindicato, Jos� Alves, e seu assessor jur�dico, Waldemir Soares. O texto diz ainda que os trabalhadores rurais de Xapuri n�o concordam com a atual pol�tica ambiental em curso no Brasil, idealizada, segundo a entidade, pela candidata Marina Silva quando era ministra do Meio Ambiente e classificada na nota como “ref�m de um modelo santuarista e de grandes Ong’s internacionais”.

“Essa pol�tica prejudica a manuten��o da cultura tradicional de manejo da floresta e a subsist�ncia, e favorece empres�rios que, devido ao alto grau de burocratiza��o, conseguem legalmente devastar, enquanto os habitantes das florestas cometem crimes ambientais”, afirma a nota, que critica tamb�m todos os candidatos que participaram do debate e os classifica como “claramente vinculados com o agroneg�cio” e pouco preocupados com a reforma agr�ria e os conflitos fundi�rios.

A vice-presidente do sindicato, Dercy Cunha, de 60 anos, que est� no Rio de Janeiro h� um m�s para tratamento de sa�de, disse que a pol�tica ambiental em curso no Brasil, que teria como mentora a candidata, � muito mais preocupada com o meio ambiente do que com as pessoas que nele est�o. Para ela, � preciso defender o meio ambiente, combater o desmatamento na Floresta Amaz�nica, mas respeitando os povos tradicionais e trabalhando para sua sobreviv�ncia e desenvolvimento. Xapuri, de acordo com ela, vive da extra��o da borracha, da castanha e da pecu�ria. Apesar da nota com cr�ticas a Marina, o sindicato n�o vai se manifestar contra ou a favor de nenhum candidato. Segundo ela, nas gest�es passadas, a entidade era muito ligada a partidos pol�ticos e n�o havia separa��o entre a atividade sindical e a partid�ria. Dercy n�o assistiu ao debate, mas diz n�o concordar que o l�der seringueiro fazia parte da elite. “Ele era um defensor do trabalhador, um sindicalista e, de maneira indireta, um ambientalista , pois via a preserva��o da floresta como um meio de sobreviv�ncia das popula��es tradicionais. Nunca fez parte da elite”, afirmou.

No debate, ao ser questionada pelo candidato Levy Fidelix (PRTB) se governar� a favor do agroneg�cio, por manter rela��es pr�ximas com Guilherme Leal e Neca Set�bal, Marina disse n�o ter preconceito contra a condi��o social de nenhuma pessoa. “Quero combater essa vis�o de apartar o Brasil, de que temos que combater as elites. O Guilherme faz parte da elite, mas os ianom�mis tamb�m. A Neca � parte da elite, mas o Chico Mendes tamb�m � parte da elite”.

L�der seringueiro

Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como Chico Mendes (1944-1988), foi um l�der seringueiro, sindicalista e ativista ambiental assassinado por lutar em defesa da Floresta Amaz�nica e suas seringueiras nativas, em movimento que lhe valeu o Pr�mio Global de Preserva��o Ambiental, concedido pela ONU. Nascido em Xapuri, Acre, em 15 de dezembro de 1944, Chico Mendes era filho do seringueiro Francisco Alves Mendes e de Maria Rita Mendes. Desde crian�a, acompanhava seu pai pela floresta. Sem escolas na regi�o, s� foi alfabetizado aos 19 anos. Em 1975, iniciou sua atua��o como sindicalista e em defesa da posse de terra para os habitantes nativos da regi�o. Criou os “empates”, em que toda a comunidade fazia barreiras com o pr�prio corpo nas �reas amea�adas de destrui��o pelos serralheiros e fazendeiros. Ap�s a desapropria��o das terras do fazendeiro Darly Alves da Silva, em 1988, ele recebe amea�as de morte, que denuncia �s autoridades pedindo prote��o. Em 22 de dezembro do mesmo ano, ao sair de casa, � assassinado com tiros de escopeta, deixando esposa e dois filhos pequenos. Em dezembro de 1990, a Justi�a condena o fazendeiro Darly Alves a 19 anos de pris�o pela morte do ambientalista.


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