
Com trajet�ria ascendente nas pesquisas de inten��o de voto, a ex-senadora Marina Silva (PSB) se tornou definitivamente a maior vidra�a da campanha eleitoral neste �ltimo m�s antes do pleito. Um dia depois de se tornar alvo preferencial no debate entre os presidenci�veis promovido pelo SBT/TV Alterosa, ela foi comparada ontem aos ex-presidentes J�nio Quadros e Fernando Collor de Mello, acusada de praticar a “velha pol�tica” que tanto condena e de adotar o “obscurantismo” em suas propostas. Em um movimento que parece orquestrado, as principais lideran�as pol�ticas do PT pregaram ontem o voto contra Marina. A candidata revidou.
Padrinho eleitoral da presidente Dilma Rousseff e “ex-patr�o” de Marina, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) disse ontem que o Brasil n�o pode enfrentar um “retrocesso”, sem citar nominalmente a candidata do PSB, que foi ministra do Meio Ambiente em seu governo. Lula participou de carreata com Dilma em S�o Bernardo do Campo (SP), seu ber�o pol�tico, onde a presidente disse estar “muito preocupada” com o programa de governo de Marina. “Ela reduz a p� a pol�tica industrial”, afirmou.
A cr�tica mais pesada, por�m, veio na propaganda eleitoral da petista. Nela, a equipe de Dilma usou um infogr�fico para mostrar qual seria a base de apoio pol�tico de Marina, se ela fosse eleita hoje. O programa mostrou que o PSB tem hoje 33 deputados e informou que, para aprovar “um simples projeto de lei”, ela precisaria de 129 votos. J� para uma emenda constitucional, s�o necess�rios 308 congressistas. “Como � que voc� acha que ela vai conseguir esse apoio sem fazer acordos? E ser� que ela quer? Ser� que ela tem jeito para negociar?”, questionam os apresentadores.
O racioc�nio caminha para a elei��o de J�nio Quadros (Janeiro a agosto de 1961) e a de Fernando Collor (1990-1992), que n�o conclu�ram os mandatos. O apresentador diz que por duas vezes o Brasil elegeu “salvadores da p�tria”, do partido do “eu sozinho”, e mostra manchetes da ren�ncia de Quadros e do impeachment de Collor. “A gente sabe como isso terminou”, conclui o programa.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega (PT), tamb�m criticou o programa da candidata do PSB. Segundo ele, um choque do super�vit prim�rio “pode ser temer�rio e paralisar a atividade econ�mica”. J� o l�der do PT no Senado, Humberto Costa (PE), usou a tribuna para acusar Marina de se unir a velhas raposas e ficar em cima do muro.
Artificial
Marina Silva, que faltou � sess�o de homenagem ao ex-governador Eduardo Campos na tarde de ontem na C�mara dos Deputados para participar de sabatina no jornal O Estado de S. Paulo, rebateu a cr�tica de Dilma, dizendo que a sociedade conhece sua hist�ria em cargos eletivos e os valores que h� mais de 30 anos defende. “Comecei como vereadora, como deputada, senadora por 16 anos e ministra do Meio Ambiente. Imagine se eu dissesse que uma pessoa que nunca foi eleita nem vereadora ia ser eleita presidente do Brasil, a� sim, poderia parecer Collor de Mello”, afirmou, sob aplausos, em uma cr�tica indireta a Dilma, que n�o havia sido eleita para qualquer cargo at� 2010. Hoje senador pelo PTB, Collor (AL) apoia a reelei��o de Dilma.
A candidata rebateu tamb�m declara��es recentes de Dilma de que seria antidemocr�tico governar com as melhores pessoas. “Acho que ser antidemocr�tico � imaginar que se vai governar apenas para os partidos, como est� sendo feito hoje”, afirmou. Ela voltou a dizer que, se eleita, governar� com os bons e citou os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz In�cio Lula da Silva. “Conversar com Fernando Henrique, conversar com Lula � com certeza muito melhor do que conversar com Ant�nio Carlos Magalh�es, com (Jos�) Sarney, com (Paulo) Maluf, com Renan Calheiros”, disse.
A candidata condenou ainda os pre�os administrados pelo governo Dilma para controlar a infla��o. “Isso tem um custo muito alto para todos os brasileiros. Espero que a presidente Dilma assuma as responsabilidades que tem. Ela tem que fazer a corre��o dos erros que cometeu administrando os pre�os para controlar a infla��o de forma artificial”, afirmou. (Com ag�ncias).