Rio Branco - Irm� mais nova de Marina Silva (PSB), Maria Elizete da Silva, de 52 anos, diz que uma das primeiras provid�ncias da irm�, caso chegue ao Planalto, ser� tirar o pai, Pedro Augusto da Silva, de 87, da casa de madeira em que vive na Cidade Nova, bairro pobre de Rio Branco. Suspensa por vigas de alvenaria, o im�vel � anualmente
visitado pelas cheias do vizinho Rio Acre, um tormento que se repete h� cerca de 30 anos na vida dos Silva."Se a Marina ganhar para presidente, n�o vai deixar mais papai aqui neste bairro. Vai achar que tamb�m � demais, n�? O que � que o povo n�o vai dizer: 'ela ganhou, o pai dela continua ali, no alagado, e ela n�o est� fazendo pelo pai. Vai fazer por algu�m?'", questiona Maria.
Ela conta que Marina tem pelejado para que seu Pedro - um ex-soldado da borracha, que por mais de 30 anos tirou o sustento dos seringais - finalmente aceite sair do local. Em v�o. O pai prefere ficar perto da fam�lia, que vive, em sua maioria, na capital acriana e arredores. Duas irm�s moram em pequenas col�nias na zona rural. O �nico irm�o � instrutor de autoescola na cidade.
Numa das �ltimas enchentes, a �gua ficou a um palmo de invadir o pavimento de cima, o que fez a presidenci�vel viajar � cidade, na tentativa de tirar o pai do local. "Ela veio e pediu para ele sair, mas papai � uma pessoa que, quando quer fazer uma coisa, n�o tem ningu�m que tire", afirma Maria, lembrando que a ex-ministra, diante da recusa, comprou madeira para o caso de ser necess�rio subir os m�veis.
Entra enchente, sai enchente, seu Pedro adianta que n�o vai arredar o p� dali. Questionado se aceitaria se mudar para Bras�lia num eventual mandato da filha, foi taxativo: "Morar l�, n�o. De jeito nenhum. Acostumei aqui".
Foi Marina, contam os Silva, quem mandou construir uma casa mais alta para minimizar os danos provocados pelo Rio Acre. Antes da proje��o pol�tica, ela morou num casebre na mesma rua.
Seu Pedro est� no local h� 34 anos. Mora com Maria e se sustenta com a aposentadoria por idade. Anos atr�s, vendia tabaco na antiga rodovi�ria, mas a idade avan�ada j� n�o permite muito esfor�o. Ele critica o valor do benef�cio social, de um sal�rio m�nimo, cujo ganho real nos �ltimos 12 anos � uma das principais bandeiras do PT. "Para o pre�o em que est�o as coisas, n�o � um bom sal�rio", reclama, acrescentando n�o saber o que um eventual governo Marina faria a respeito.
'Surpresa'
Seu Pedro � uma das pessoas mais pr�ximas da presidenci�vel e, segundo os parentes, est� sempre em contato com ela. No lan�amento da chapa da filha com Eduardo Campos, em abril, estava em Bras�lia prestigiando a ex-ministra. "Foi de repente, pegou todo mundo de surpresa", comenta, quando perguntado sobre o acidente que matou o ex-governador. Para ele, foi natural que Marina assumisse a campanha ap�s a trag�dia, afinal, "ela j� era a vice".
A campanha de Marina tem procurado blindar os familiares do ass�dio da imprensa. Nesta quarta-feira, 3, o jornal O Estado de S. Paulo encontrou seu Pedro descansando numa rede, no andar de baixo de casa e conversou com ele por cerca de meia hora, mas parentes que integram a campanha pediram depois que a entrevista com ele fosse interrompida. Maria conversou com a reportagem na segunda-feira, 1º, por cerca de uma hora.
Seu Pedro � cat�lico, mas diz que entra onde "tiver Deus". J� Maria frequenta a igreja Deus � Amor da esquina. Ela concorda com a decis�o da irm� de n�o apoiar o casamento gay, uma das primeiras pol�micas da campanha. "Esse neg�cio de homem casar com homem, mulher casar com mulher � coisa do inimigo", justifica, evocando conceitos da B�blia. "A Marina n�o apoia, n�o. N�o � contra, mas a favor tamb�m n�o �. Quem quiser viver sua vida, viva. Mas ela mesmo n�o assume a responsabilidade de ser a favor", emenda.
A exemplo de Marina, os Silva s�o comedidos quando se fala na r�pida ascens�o da ex-ministra nas pesquisas e evitam cantar vit�ria antes da contagem dos votos. Mas dizem que ela est� pronta para governar e que as condi��es s�o boas. "� uma mulher preparada para ser presidente. Neste ano, tenho pra mim que a Marina vai ganhar dela (a presidente Dilma Rousseff). O povo j� est� cansado de tanta promessa."
Com Ag�ncia Estado