
O sil�ncio do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, durante sess�o da comiss�o parlamentar de �nqu�rito (CPI) mista que investiga os neg�cios da estatal, abriu caminho nessa quarta-feira para que parlamentares de oposi��o e da base de apoio do governo transformassem os trabalhos em palanque pol�tico, com troca m�tua de acusa��es. Um palanque que consumiu pelo menos R$ 50 mil dos cofres p�blicos – custo de um voo fretado, com nove lugares, entre Curitiba e Bras�lia, como o que transportou Costa e sua escolta de policiais federais –, sem contar as di�rias de hospedagem e outras despesas. Paulo Roberto Costa – que est� detido no Paran� por suspeita de lavagem de dinheiro em esquema supostamente liderado pelo doleiro Alberto Youssef –, foi levado � CPI Mista da Petrobras para atender � convoca��o do colegiado. A �nica resposta do ex-dirigente �s perguntas dos parlamentares, repetida mais de 20 vezes, foi “nada a declarar”.
Os parlamentares insistiram, durante toda a sess�o, em desconsiderar que, ao negociar a colabora��o premiada, investigados se comprometem a manter sigilo sobre os temas da dela��o e s� podem responder a perguntas feitas pelo Minist�rio P�blico ou da Pol�cia Federal, condutores da apura��o criminal. Antes mesmo do in�cio dos trabalhos de ontem, as condi��es da dela��o premiada – que pode resultar at� mesmo no perd�o judicial – foram esclarecidas pelo procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, durante encontro com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PPMDB-AL).
Assim como a presidente Dilma Rousseff, candidata � reelei��o pelo PT, Paulo Roberto Costa n�o foi poupado de cr�ticas. Foi chamado de “covarde” e “bandido” em raz�o de seu sil�ncio. E n�o ficou s� nisso. Os deputados Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e Fernando Francischini (SD-PR) afirmaram que o esc�ndalo da Petrobras – em torno de suposto esquema por meio do qual a base aliada do governo petista receberia propinas de contratos superfaturados da estatal – nada mais � do que a continuidade do esc�ndalo do mensal�o. “O que eu quero dizer publicamente � que o governo de Lula, Dilma e do PT n�o aprendeu com o mensal�o. O esquema � o mesmo. Lamento que n�o tenhamos conseguido levar para uma sess�o o uso das informa��es que temos aqui. Estamos diante da continuidade do bra�o indicado por Roberto Jefferson no mensal�o”, afirmou.
O l�der do Solidariedade na C�mara, deputado Fernando Francischini (PR), saiu em apoio �s teses de Lorenzoni e tamb�m associou o ex-diretor da Petrobras ao esc�ndalo do primeiro governo Lula. “� o mesmo mensal�o, com maior gravidade, porque desta vez envolve n�o s� parlamentares mas tamb�m governadores e ministros. Antes, o operador era Marcos Val�rio e agora � Paulo Roberto Costa. Acho que ele poderia contribuir muito com nosso pa�s corrigindo erros do passado. � o maior esc�ndalo de corrup��o em nosso pa�s”, garantiu. Francischini lembrou ainda que, por meio do suposto esquema, o ex-dirigente da estatal conseguiu reunir no exterior uma fortuna de US$ 123 milh�es. Eles citaram nomes como Enivaldo Quadrado e Sandro Mabel, que estavam envolvidos no mensal�o e figuram agora entre os investigados da Opera��o Lava a jato, um esquema que teria movimentado US$ 10 bilh�es.
‘Espet�culo’
Os deputados da base aliada do governo petista por sua vez, aproveitaram os microfones para contra-atacar, citando den�ncia de susposta compra de votos de parlamentares para a aprova��o da reelei��o durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e afirmando que as suspeitas n�o foram devidamente apuradas, como teria ocorrido nos casos levantados durante as gest�es de Lula e de Dilma. O deputado Vicentinho (PT-SP) tamb�m lamentou o sil�ncio de Costa, que, segundo ele, alimentou o “espet�culo” dos trabalhos da CPI Mista e “transformou o governo em terra arrasada”. No entanto, disse que “o povo brasileiro n�o est� preocupado com esse esc�ndalo”, mas “feliz de ter sa�do da mis�ria, ter oportunidade de chegar � universidade e pleno emprego”.
Os ataques tiveram in�cio antes mesmo da sess�o, durante debate para definir se a oitiva seria aberta ou fechada. Mas Costa jogou um balde de �gua fria na discuss�o ao avisar que permaneceria em sil�ncio independentemente do formato. Como n�o obtiveram sucesso com o ex-diretor, os integrantes da CPI Mista resolveram pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para onde devem ser encaminhadas as declara��es sigilosas de Costa. Ainda durante a sess�o, foi marcada uma audi�ncia hoje, �s 18h, com o presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski, e o relator do caso, Teori Zavaschi, para mais uma vez tentar a libera��o dos documentos � CPI.