Vinte e sete generais de Ex�rcito da reserva assinaram um manifesto com cr�ticas ao ministro da Defesa, Celso Amorim. No documento, os generais, que atingiram o mais alto posto da hierarquia militar, afirmam abominar "peremptoriamente" a declara��o dada pelo ministro, na semana passada, � Comiss�o Nacional da Verdade (CNV), de que as For�as Armadas aprovaram e praticaram atos que violaram direitos humanos no per�odo militar.
Os generais, ex-integrantes do Alto Comando do Ex�rcito e antigos comandantes de importantes unidades militares de todo o Brasil, justificam a necessidade do manifesto, lembrando que militares da ativa n�o podem dar declara��es pol�ticas, mas que os da reserva, que podem falar, "t�m justos motivos para replicarem com denodada firmeza" para que n�o pare�a estar em vigor o famoso ditado "Quem cala consente!".
O manifesto refor�a e endossa declara��o j� dada, no in�cio da semana, pelo ex-comandante Militar da Amaz�nia, o tamb�m general quatro estrelas da reserva Augusto Heleno, que reiterou que, em nenhum momento, as For�as Armadas reconhecem a tortura ou pediram desculpas e que este gesto veio do ministro Celso Amorim.
No manifesto, assinado pelos ex-ministros Leonidas Pires Gon�alves (do Ex�rcito, no governo Sarney), Zenildo Zoroastro de Lucena (do Ex�rcito, no governo Itamar e Fernando Henrique) e Rubens Bayma Denys (da Casa Militar, no governo Sarney), quatro ministros do Superior Tribunal Militar e outros 20 quatro-estrelas da reserva, os militares ressaltam que existe uma lei da Anistia em vigor que a Comiss�o da Verdade insiste em desconsider�-la.
Os generais lembram ainda que viveram "uma �poca de conflitos fratricidas, na qual erros foram cometidos pelos dois lados". E prosseguem: "n�s, que vivemos integralmente este per�odo, jamais aprovamos qualquer ofensa � dignidade humana, bem como quaisquer casos pontuais que, eventualmente surgiram". Citam tamb�m que "os embates n�o foram iniciados" por eles "pois n�o os desej�vamos" e que n�o se pode esquecer do "atentado no aeroporto de Guararapes". Eles se referem � explos�o de uma mala que matou 16 pessoas no local onde o avi�o do ex-presidente Costa e Silva iria pousar e n�o o fez por uma pane no aparelho.
Os generais criticam a Comiss�o da Verdade, afirmando que "a credibilidade" dela vai "gradativamente se esgotando pelos in�meros casos que n�o consegue solucionar, tornando-se n�o somente um verdadeiro �rg�o depreciativo das For�as Armadas, em particular do Ex�rcito, como um portal aberto para milhares de indeniza��es e "bolsas ditadura", que continuar�o a ser pagas pelo er�rio p�blico, ou seja, pelo povo brasileiro". Afirmam ainda que "falsidades, meias verdades, a��es coercitivas e press�es de toda ordem s�o observadas a mi�do, e agora, de modo surpreendente, acusam as For�as Armadas de n�o colaborarem nas investiga��es que, em sua maioria, surgem de testemunhas inid�neas e de alguns grupos, cuja ideologia � declaradamente contr�ria aos princ�pios que norteiam as nossas institui��es militares".
Ainda no manifesto, os generais lembram que "o lado dos defensores do Estado brasileiro foi totalmente apagado", sugerindo que ali "s� existem criminosos e torturadores". Mas destacam que, "por outro lado, a comiss�o criou uma grei constitu�da de guerrilheiros, assaltantes, sequestradores e assassinos, como se fossem heroicos defensores de uma "democracia" que, comprovadamente, n�o constava dos ideais da luta armada, e que, at� o presente, eles mesmos n�o conseguiram bem definir". E ironizam: "seria uma democracia cubana, albanesa ou mao�sta? Ou, talvez, uma mais moderna como as bolivarianas?"