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Estado de Minas

MP vai denunciar delator e empresas por corrup��o na Petrobras

Paulo Roberto Costa e cinco empreiteiras supostamente envolvidas em esquema bilion�rio de desvios de verbas ser�o acusados de corrup��o. Bloqueio em contas passa dos R$ 100 milh�es


postado em 26/11/2014 06:00 / atualizado em 26/11/2014 08:07

O Minist�rio P�blico denunciar� ao menos cinco empreiteiras, por crimes como lavagem de dinheiro e organiza��o criminosa, e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, por corrup��o. As construtoras Camargo Corr�a, OAS, Engevix, Galv�o Engenharia e Mendes J�nior far�o parte da den�ncia a ser apresentada at� o recesso do Natal como fruto da s�tima fase da Opera��o Lava a Jato. “Vamos para cima das empreiteiras”, disse ao Estado de Minas o procurador da for�a-tarefa do Minist�rio P�blico Carlos Fernando dos Santos Lima. At� o momento, j� foram bloqueados R$ 100,3 milh�es em ativos e investimentos das contas de 16 envolvidos e de tr�s empresas. Ontem, Banco do Brasil e a Caixa Econ�mica Federal informaram � 13ª Vara Federal o bloqueio de quase R$ 19 milh�es.

De acordo com Carlos Fernando, os documentos apreendidos, as transfer�ncias banc�rias, os contratos utilizados como defesa pelos empres�rios e os depoimentos em dela��o premiada formam um conjunto de provas consistente. Segundo Paulo Roberto, os contratos da Petrobras eram superfaturados em 3% por um cartel de construtoras para bancar uma rede de propinas para pol�ticos e partidos como PT, PMDB e PP.

Parte das empreiteiras mencionadas, como a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, nega. Outras, como a Mendes J�nior e a Galv�o, confirmam o pagamento de propinas. Entretanto, alegam que s� o fizeram por causa de extors�o imposta por Paulo Roberto e Alberto Youssef. O Minist�rio P�blico n�o aceita a justificativa. “N�o h� extors�o. H� corrup��o. Havia um cartel”, comentou Carlos Fernando.

A den�ncia utilizar� elementos do primeiro processo, que corre na 13ª Vara Federal de Curitiba, quando o MPF denunciou Paulo Roberto Costa, Youssef e os executivos da Sanko Sider – fornecedora da Camargo Corr�a, empreiteira que escapou da acusa��o. Agora, ela entrar� na den�ncia. O procurador acrescenta que Youssef e Costa ser�o interrogados novamente. Na noite de ontem, o doleiro prestou mais uma oitiva em dela��o premiada, que ser� analisada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolver pol�ticos com foro privilegiado, como deputados e senadores. Para Carlos Fernando, os testemunhos do doleiro devem se encerrar nesta semana.

A necessidade de novos testemunhos de Youssef e Costa, agora s� sobre as empreiteiras, se d� pelo fato de que os outros depoimentos dos delatores est�o no STF � espera de investiga��o pela Procuradoria-Geral da Rep�blica. Nem os procuradores de primeira inst�ncia podem us�-los at� a abertura dos inqu�ritos, mesmo nas investiga��es sobre as empresas. Carlos Fernando informa que, al�m de Youssef, outros operadores foram descobertos. Como Shinko Nakandakari e J�lio Camargo, da Toyo. “Ele (J�lio) � um negociante”, explicou o procurador.

Oferta de depoimento

O dono da LFSN Consultoria Engenharia S/S Ltda, Shinko Nakandakari, que, segundo a Galv�o Engenharia, era o emiss�rio da Diretoria de Servi�os da Petrobras e teria recebido da empreiteira R$ 8,86 milh�es de propina, colocou-se � disposi��o da Justi�a Federal para prestar esclarecimentos. Em peti��o encaminhada ao juiz federal S�rgio Moro, na manh� de ontem, Shinko solicita c�pia integral dos autos da investiga��o, sobretudo do depoimento prestado pelo diretor-presidente da Galv�o Engenharia, Erton Medeiros Fonseca. Ele informou � Justi�a o seu endere�o residencial para que possa ser intimado.

Na segunda-feira, a construtora Galv�o Engenharia S/A, uma das investigadas pela Opera��o Lava a Jato por integrar o esquema bilion�rio de corrup��o na Petrobras, apresentou comprovantes do suborno � Justi�a Federal . A defesa de Erton Medeiros Fonseca alega que a propina, paga em 20 parcelas entre novembro de 2010 e junho deste ano, foi direcionada a Shinko.

Investiga��o na Su��a

A promotoria su��a abriu investiga��o criminal relacionada a suspeitas de lavagem de dinheiro envolvendo a Petrobras. A apura��o come�ou em 11 de abril no Escrit�rio do procurador-geral da Su��a (OAG), com base em um relat�rio de �rg�os especializados em combate � lavagem de ativos. Inicialmente, o escrit�rio do procurador-geral havia pedido ajuda �s autoridades brasileiras. Ontem, a assessoria do OAG citou a visita de uma delega��o brasileira para negociar a colabora��o entre os dois pa�ses no caso Petrobras. Procuradores da for�a-tarefa da Lava a Jato est�o no pa�s europeu para recuperar ao menos US$ 23 milh�es desviados da estatal. O procurador Deltan Dallagnol informou que os su��os descobriram “v�rias coisas” e ele pretende obter uma parte dos documentos.

Tr�s perguntas para

Maria Luiza Tucci Carneiro, historiadora e professora associada do Departamento de Historia da Universidade de S�o Paulo (USP).

O que motivou o governo brasileiro a apresentar tantas dificuldades para a entrada no pa�s de refugiados judeus, v�timas da Segunda Guerra?

A postura anti-semita do governo Vargas tem origem no pensamento racista e anti-semita brasileiro que vem desde os tempos coloniais. Est� na mentalidade do estado, como uma postura pol�tica que n�o foi inven��o de Get�lio Vargas. � uma heran�a colonial, herdada de Portugal e da Espanha desde o s�culo 16. Em Minas Gerais, por exemplo, desde o per�odo colonial, judeus convertidos foram muitos perseguidos por �rg�os da inquisi��o, simplesmente por serem considerados parte de uma ra�a inferior. No s�culo 19, surge um fundamento que se dizia cient�fico, por meio do mito da ra�a ariana. Criou-se uma mentalidade de longa dura��o, em que o judeu era indesejado. Durante o per�odo Vargas, o pensamento de que os n�o arianos eram seres inferiores foi reabilitado pelo nazismo na Alemanha de Hitler e pelo facismo na It�lia de Mussolini. Vargas tinha uma admira��o por esses dois governos europeus. A ideia de uma eugenia (pureza racial) � reabilitada por intelectuais e cientistas. N�o aceitar judeus se baseou no fato de que o governo os considerava cidad�os que n�o serviam para compor a popula��o brasileira. Esta deveria ser branca, limpa de qualquer diferen�a religiosa.

Houve atos de solidariedade por parte da popula��o brasileira. Algum caso, al�m do grupo G�rgen, foi bem-sucedido para salvar exilados?

O caso G�rgen � uma exce��o nesse per�odo. Uma exce��o que mostra o lado humanista do Brasil, mas n�o do governo brasileiro. Poucas mobiliza��es conseguiram ser bem-sucedidas para a entrada de exilados ou refugiados no pa�s. Muitos foram devolvidos ou tiveram que buscar outros pa�ses. G�rgen viu como uma miss�o salvar a vida de mais de 40 pessoas. E encontrou apoio no governo de Minas para esse salvamento. Ele teve uma estrat�gia corajosa e inteligente, com a cria��o dessa ind�stria (Ind�strias T�cnicas Ltda.), que receberia esses funcion�rios de fora. Era uma estrat�gia de sobreviv�ncia desses judeus, que tiveram de investir dinheiro para a viagem e para a montagem da f�brica. Ela representava a sobreviv�ncia deles. Em alguns casos, a mobiliza��o partia da pr�pria comunidade judaica no Brasil ou de outros cantos do mundo que conheciam a situa��o terr�vel enfrentada nos territ�rios nazistas, com relatos de atrocidades. G�rgen e seu grupo receberam tamb�m ajuda importante do c�nsul brasileiro em Genebra, Milton C�sar Vieira, e do n�ncio apost�lico do Vaticano, monsenhor Felippe Bernardini. Vieira foi um dos raros diplomatas que ajudaram no salvamento de vidas. Sem apoio de �rg�os oficiais do governo brasileiro, o resgate de judeus ficou a cargo de pessoas que tiveram um sentimento de humanismo e sensibilidade. O grupo G�rgen teve uma import�ncia cultural muito grande para nosso pa�s, com a presen�a de intelectuais em nossa terra.

Quais eram os maiores obst�culos enfrentados por esses exilados ao desembarcar no Brasil?

A l�ngua foi sem d�vida a maior dificuldade. E a pr�pria condi��o de refugiados impunha uma s�rie de obst�culos na retomada de suas vidas. Eles n�o tinham patrim�nios ao chegar. Conseguiam um visto para se manter vivos em um pa�s diferente, mas enfrentavam duras condi��es ao chegar. Muitos intelectuais n�o podiam chamar aten��o. No caso do grupo de G�rgen, por exemplo, como eles vieram para uma ind�stria, que produzia itens como vasos e ornamentos, eles n�o atuavam em suas �reas. Conseguiram um visto legal, por�m forjado ao declarar que eles trabalhariam nessa f�brica. At� os anos 1950, esses exilados enfrentavam grande dificuldade, passando por um per�odo de reclus�o e sil�ncio, imposto pela pr�pria situa��o hist�rica. Mesmo ao final da Segunda Guerra, com o in�cio da Guerra Fria, muitos desses judeus continuaram sem poder se manifestar intelectualmente. Como muitos eram socialistas, de esquerda, corriam o s�rio risco de serem taxados de comunistas, em um novo per�odo conturbado no Brasil. Al�m de judeus, n�o cat�licos, eles eram de esquerda. A pol�cia pol�tica do Brasil, o Dops e outros �rg�os os consideravam “defensores das ideologias ex�ticas”. Assim como G�rgen, que tamb�m defendia ideias de esquerda e foi muito perseguido por um longo per�odo.


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