Presidente da Transpetro deve deixar cargo nesta semana

O presidente licenciado da Transpetro, Sergio Machado, vai deixar definitivamente nesta semana o comando da subsidi�ria de log�stica e transportes da Petrobr�s. Machado foi envolvido pelo ex-diretor da Petrobr�s Paulo Roberto Costa em um esquema de corrup��o na estatal petrol�fera investigado pela Opera��o Lava Jato. A presid�ncia da Transpetro, no entanto, deve continuar sob influ�ncia do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Machado se licenciou no dia 3, logo ap�s a PriceWaterhouseCoopers, que audita o balan�o da petroleira, ter se recusado a assinar o documento caso o presidente da Transpetro permanecesse no cargo. Em depoimento ao juiz federal S�rgio Moro, no Paran�, Costa disse que recebeu R$ 500 mil em dinheiro das m�os de Machado, como parte do esquema de pagamento de propina envolvendo a Petrobr�s (mais informa��es na p�g. A9). At� agora, ele � o �nico dirigente do atual comando da estatal e subsidi�rias que teve o nome relacionado diretamente ao esquema de propinas.

Anteontem, promotores do Minist�rio P�blico do Rio ouviram como testemunha o ex-diretor da Petrobr�s Paulo Roberto Costa, que cumpre pena domiciliar na capital fluminense, em outro inqu�rito, de 2010, que investiga a "evolu��o patrimonial incompat�vel com a renda do presidente da Transpetro".

Com a sa�da definitiva do executivo, o comando da Transpetro entrou na cota de negocia��o da presidente Dilma Rousseff para garantir apoio no Congresso no segundo mandato. Ap�s negocia��es, o governo decidiu manter o cargo na cota do grupo de Renan, que era padrinho pol�tico de Machado.

Como o Estado mostrou no dia 11, empresas contratadas pela Transpetro financiaram a campanha de Renan ao Senado em 2010. A SS Administra��o e Servi�os e a Rio Maguari Servi�os e Transporte Rodovi�rio, que v�o construir 20 barca�as destinadas ao transporte de etanol em S�o Paulo, doaram R$ 400 mil ao PMDB de Alagoas tr�s meses antes de vencerem a concorr�ncia. Renan defendeu a legalidade das doa��es e a Transpetro, descartando a irregularidades na contrata��o feita pela subsidi�ria da Petrobr�s.

Em uma a��o de improbidade administrativa, o Minist�rio P�blico Federal acusa Machado de fraudar a licita��o, no valor de US$ 239 milh�es. Em outubro, o Minist�rio P�blico pediu � Justi�a que decretasse seu afastamento do cargo e o bloqueio de seus bens.

Coronel Filho de tradicional fam�lia cearense de Crate�s, o administrador de empresas e economista Sergio Machado, de 68 anos, tinha fama de coronel entre seus funcion�rios. Isso porque os executivos de sua equipe eram obrigados a estar dispon�veis aos seus chamados a qualquer hora do dia ou da noite.

Quando contrariado, revelou um ex-funcion�rio, ele gritava: "Isso � um absurdo", e dava um tapa na mesa. Quem trabalhava no andar da presid�ncia sofria com a longa jornada de trabalho do executivo. Deixar a Transpetro antes do chefe n�o era bem visto. Machado chegava �s 9 horas e sa�a � meia-noite. Mas era comum varar a madrugada trabalhando. Al�m disso, segundo funcion�rios, exigia extrema fidelidade da equipe.

Machado n�o recebia pol�ticos em seu escrit�rio. Mas embarcava religiosamente uma vez por semana para Bras�lia para costurar articula��es com parlamentares. J� representantes do setor naval eram comumente vistos na Transpetro.

Quem conhece Machado diz que ele tamb�m gosta de discursar a plateias, como nos tempos de deputado e senador. Um estilo que n�o agradava � presidente Dilma. Em p�blico, a rela��o entre os dois era cordial, mas incomodava a tentativa do executivo de se apresentar como "pai" do Programa de Renova��o e Expans�o da Frota (Promef), projeto de contrata��o de navios e respons�vel pela retomada do setor naval.

Tamanho o apre�o de Sergio Machado pelo Promef que, da sua sala, acompanhava as obras em tempo real, por uma tela instalada na parede.