Grasielle Castro
Bras�lia – Com a imagem arranhada pela s�rie de den�ncias de corrup��o investigadas na Opera��o Lava-Jato, o PT quer arrastar uma multid�o para a posse da presidente Dilma Rousseff, em 1º de janeiro, na tentativa de mostrar que a petista come�a o novo governo com grande apoio popular. A preocupa��o, entretanto, � que o evento tenha um p�blico espont�neo menor que o das posses anteriores.
A diferen�a � que, ao contr�rio da posse de Lula em 2003, que causou grande como��o no pa�s, e da cerim�nia da presidente Dilma em 2010, considerada um marco pela elei��o da primeira mulher no cargo, a reelei��o se dar� em momento delicado. Al�m de alguns petistas reclamarem que a solenidade ocorre logo ap�s as festas de fim de ano, quando a agenda dos convidados est� cheia, um setor do partido est� em alerta pela situa��o da presidente.
Interlocutores do governo ressaltam que integrantes do PT, que passa por um momento de desgaste, precisam se convencer da aproxima��o com os movimentos sociais como uma das principais armas para alavancar a popularidade do governo. A diferen�a de apenas 3 milh�es de votos entre Dilma e A�cio Neves (PSDB), no segundo turno das elei��es, � tamb�m apontada, dentro da sigla, como uma mostra da fragilidade do governo reeleito.
Um assessor palaciano destaca que o problema � que, ao mesmo tempo em que a presidente tem de agradar ao partido, precisa tomar decis�es pr�ticas – como a escolha da equipe econ�mica e a indica��o da presidente da Confedera��o Nacional da Agricultura, senadora K�tia Abreu (PMDB-TO), para o Minist�rio da Agricultura – ambas decis�es mal-vistas por parte do PT. J� na primeira coletiva como futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy prometeu a manuten��o das pol�ticas sociais, na tentativa de atenuar o descontentamento.
Aproxima��o O recado do governo � base petista insatisfeita � de que o momento exige uma aproxima��o com a popula��o. Com esse argumento de estreitar a rela��o com o povo, para evitar outro movimento como as manifesta��es de junho de 2013, caciques do partido insistem em inflar a posse da presidente reeleita, que serviria como uma festa popular. Uma esp�cie aceno aos movimentos da juventude, das mulheres, dos negros e dos trabalhadores que ajudaram a eleger a presidente.
O discurso de Dilma j� tem adotado esse tom. Na �ltima quinta-feira, na 3ª Confer�ncia Nacional de Economia Solid�ria, a presidente come�ou o movimento de aproxima��o. “Recebi de voc�s um novo mandato para continuar fazendo mudan�as. Da� porque eu vim aqui, fiz um esfor�o grande para vir, porque a minha agenda � uma loucura. (...) E eu vou continuar priorizando essa rela��o com voc�s”, disse.
Outro esfor�o para inflar a posse � atrair a presen�a de chefes de Estado. Na cerim�nia que marcou o in�cio do atual mandato, 47 l�deres estrangeiros vieram ao Brasil. De acordo com o Itamaraty, os convites j� foram feitos, mas as confirma��es costumam ocorrer mais perto da data. O presidente de Cuba, Ra�l Castro, j� demonstrou que tem interesse em comparecer. Dos Estados Unidos, h� uma sinaliza��o de que o vice-presidente Joe Biden deve estar presente.
Embora esteja em fase de elabora��o, a programa��o para a posse deve ser semelhante � de 2010 e a de reelei��o do ex-presidente Lula. Ainda n�o h� confirma��o de apresenta��es ao vivo, como ocorreu na cerim�nia de 2011. Na ocasi�o, Elba Ramalho, Fernanda Takai, Mart’n�lia, Z�lia Duncan e Gaby Amarantos cantaram. Grupos populares tamb�m ocuparam a Esplanada em performances ao longo do dia. No pr�ximo dia 18, a presidente e o vice ser�o diplomados no Tribuna Superior Eleitoral (TSE).