Apesar de ter a maior bancada da C�mara (70 deputados) e a segunda maior do Senado (12 senadores), o PT come�a a pr�xima legislatura fragilizado no Congresso. No Senado, tr�s dos principais defensores do governo – Humberto Costa (PE), Gleisi Hoffmann (PR) e Lindbergh Farias (RJ) – foram citados como poss�veis benefici�rios de doa��es do esquema de corrup��o na Petrobras. Na C�mara, o partido perdeu parlamentares, elegeu menos paulistas e n�o consegue encontrar um nome natural e forte para confrontar o peemedebista Eduardo Cunha (RJ).
A bancada petista do Senado perder� Eduardo Suplicy (SP), que n�o foi reeleito, e Wellington Dias (PI), que venceu a disputa pelo governo estadual. E ter� ainda de contornar o retorno de Marta Suplicy (SP), que deixou o governo magoada, escreveu uma carta mal-criada � presidente e ainda pretende tensionar o PT paulista para tentar ser a candidata do partido � prefeitura em 2016, � revelia do direito de Fernando Haddad de concorrer � reelei��o. Alguns petistas temem os primeiros meses de 2015. “Claro que ser� dif�cil. Toda vez que um desses tr�s se pronunciar, o assunto da Lava-Jato ser� trazido para o debate, o que gera naturais inseguran�as no partido e entre os aliados”, ponderou um interlocutor da bancada.
Um dos citados como benefici�rio do esquema investigado pela Opera��o Lava-Jato, o senador Humberto Costa n�o acredita que o PT do Senado v� diminuir a intensidade na defesa do governo. E v� os vazamentos como uma a��o orquestrada para prejudicar a legenda e o Planalto. “Prova disso � que os tr�s nomes citados at� o momento est�o na ponta de lan�a da defesa da presidente Dilma”, justificou Costa. A senadora Gleisi Hoffmann tem reclamado que n�o teve acesso � dela��o premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, mas tenta manter a tranquilidade alegando que poder� provar n�o ter tido qualquer participa��o no esquema de corrup��o montado na principal empresa do pa�s.
O senador Wellington Dias (PT-PI) admite que ser�o tempos dif�ceis, mas aposta na capacidade da bancada de fazer o di�logo. “Sabemos que existe uma tentativa, n�o apenas aqui, mas tamb�m na sociedade, de dar continuidade � disputa eleitoral. Na verdade, n�o acho que ser� muito diferente do que foi em 2011, quando a presidente Dilma elegeu-se para o primeiro mandato. A diferen�a hoje � que nossa bancada est� mais madura”, definiu.
Encolhimento
Na C�mara, os estragos da Opera��o Lava-Jato na bancada do PT j� foram computados. Ex-vice-presidente da Casa, Andr� Vargas, do Paran�, perdeu o cargo na Mesa Diretora, deixou o partido e luta para evitar a cassa��o do mandato no plen�rio. Outro citado nas investiga��es feitas pela Pol�cia Federal foi o deputado C�ndido Vaccarezza, de S�o Paulo, que n�o conseguiu se reeleger.
Mas isso n�o significa que os deputados do PT n�o precisem administrar problemas. A bancada paulista encolheu, a pernambucana desapareceu. O partido, que em 2003 teve Jo�o Paulo Cunha eleito com 90% dos votos para presidir a Casa, hoje n�o consegue encontrar um nome natural para disputar o principal cargo da mesa. Ex-presidente da Casa, o ga�cho Marco Maia, atual relator da CPI mista da Petrobras, avisou a seus pares que n�o pretende disputar.
Continuam no p�reo Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Jos� Guimar�es (PT-CE). O primeiro admitiu que os nomes ainda est�o sendo analisados, n�o apenas internamente mas tamb�m entre os demais partidos aliados. A expectativa � de que a decis�o seja tomada ainda este ano, para contrapor-se � for�a da candidatura de Eduardo Cunha (RJ). “N�o h� por que ter pressa, vamos conversar sobre essa quest�o nesta semana”, garantiu Guimar�es.
No Planalto, h� uma n�tida preocupa��o com o enfraquecimento do PT no Congresso. O encolhimento do partido na C�mara � atribu�do � aus�ncia de grandes nomes puxadores de votos. Jo�o Paulo Cunha, Jos� Genoino e Jos� Dirceu foram condenados no processo do mensal�o; Jos� Eduardo Cardozo e Ricardo Berzoini tornaram-se, respectivamente, ministros da Justi�a e da Secretaria de Rela��es Institucionais (SRI); Aloizio Mercadante � chefe da Casa Civil, mas era senador antes disso. Jaques Wagner � governador eleito e reeleito da Bahia.
“Se analisarmos os �ltimos 12 anos, vencemos a disputa para o governo federal, mas perdemos, por raz�es diversas, nossos principais estrategistas no Congresso”, lamentou um aliado da presidente Dilma Rousseff. “T�nhamos os especialistas em negocia��o pol�tica, os experts em regimento interno e os escalados para os embates em plen�rio. Hoje em dia, essas fun��es est�o sobrepostas em poucas pessoas. Se elas estiverem no alvo de den�ncias, a crise se instala”, completou o interlocutor dilmista.