Maior grupo empresarial de carnes do mundo e principal doador da campanha eleitoral realizada neste ano no pa�s, o frigor�fico JBS, da marca Friboi, faz lobby contra a indica��o da senadora K�tia Abreu (PMDB-TO) para comandar o Minist�rio da Agricultura no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. O empres�rio Joesley Batista, um dos donos do grupo, esteve na quarta-feira com o chefe da Casa Civil do governo, Aloizio Mercadante, com quem tratou do tema em uma reuni�o reservada, fora da agenda oficial do ministro.
Presidente da Confedera��o Nacional da Agricultura e Pecu�ria (CNA), ela � uma das principais lideran�as do agroneg�cio no Pa�s, o que lhe ajudou a arrecadar quase R$ 7 milh�es neste ano - incluindo doa��o de R$ 100 mil realizada pelo frigor�fico Minerva, concorrente do JBS.
O lobby do maior frigor�fico do mundo explicita uma guerra nos bastidores sobre o comando na Agricultura. Como representante dos pecuaristas, a senadora assumiu uma posi��o de ataque � empresa de Batista. Os criadores de gado temem a concentra��o de mercado que a empresa exerce cada vez mais, influenciando no valor da carne vendida por eles. O grupo JBS � respons�vel por cerca de 20% do abate bovino no Pa�s. O peso do frigor�fico na forma��o de pre�o � uma das explica��es para a acidez da senadora contra a empresa.
O clima entre K�tia e Batista ficou ruim depois que a senadora acusou de anti�tica a campanha publicit�ria do JBS sobre a seguran�a sanit�ria representada pela Friboi. Em discurso no Congresso, em agosto de 2013, a senadora protestou: “V� e diga que a sua carne � boa, que tem boa qualidade, que � produzida em frigor�ficos de primeira. Mas n�o diga que � a �nica que o povo brasileiro pode comer.”
Influ�ncia
O Minist�rio da Agricultura acumula uma s�rie de decis�es favor�veis ao JBS. Todas adotadas pela Secretaria de Defesa Agropecu�ria (SDA), cujo titular, Rodrigo Figueiredo, � apadrinhado do l�der do PMDB na C�mara, Eduardo Cunha (RJ). O parlamentar peemedebista, que hoje vive �s turras com o governo Dilma, chegou a assinar um of�cio indicando Figueiredo para o cargo em 6 de junho de 2013.
Em outubro deste ano, a Justi�a imp�s derrota ao minist�rio por ter beneficiado o JBS. Determinou a aplica��o de multa di�ria de R$ 100 mil caso n�o fosse suspensa uma limita��o � exporta��o pelos Entrepostos de Carnes e Derivados (ECDs), operados por pequenos frigor�ficos, conforme determinado pela SDA. Agricultura acatou a decis�o.
Em setembro, menos de dois meses ap�s proibir o uso de express�es como “especial” e “premium” em r�tulos de carne, a SDA desobedeceu a pr�pria regra para atender demanda do JBS. Empresa e minist�rio n�o se manifestaram sobre os benef�cios. A dire��o do grupo confirma a reuni�o com Mercadante, mas nega que esteja fazendo lobby contra a senadora.
Balaio
A resist�ncia do JBS vem se juntar �s reclama��es do PT e de movimentos sociais contra K�tia Abreu. Na lista de insatisfeitos re�ne os mais diferentes campos ideol�gicos. A conservadora Uni�o Democr�tica Ruralista (UDR), por exemplo, tamb�m � contra a indica��o.
Apesar das resist�ncias, K�tia Abreu vai ser anunciada oficialmente ministra da Agricultura - algo que j� est� decidido h� algumas semanas por Dilma, segundo assessores do Planalto - logo ap�s o dia 15 de dezembro. � que nessa data ela tomar� posse como presidente reeleita da CNA - se fosse indicada ministra antes, n�o poderia assumir o cargo na entidade de classe.