
Bras�lia – O executivo da Toyo Setal Augusto Ribeiro de Mendon�a Neto afirmou que negociou entre R$ 50 milh�es e R$ 60 milh�es em propinas “diretamente” com o ex-diretor de Servi�os e Engenharia da Petrobras Renato Duque, indicado pelo PT. Parte do dinheiro foi repassada por meio de doa��es eleitorais oficiais aos petistas. Ele fez as afirma��es em depoimento prestado � Pol�cia Federal em regime de dela��o premiada na Opera��o Lava-Jato. Duque e o tesoureiro do PT, Jo�o Vaccari, t�m negado participa��o em esquemas de corrup��o.
O depoimento de Mendon�a foi prestado em 29 de outubro ao delegado Felipe Hayashi e tornado p�blico ontem pelo juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, S�rgio Moro. O magistrado atendeu � defesa de executivos da empreiteira OAS, que pediram acesso �s oitivas para prepara��o das defesas.
Mendon�a disse aos policiais no fim de outubro que estava providenciando documentos para comprovar os pagamentos �s empresas. Os repasses eram feitos por meio de bancos ou em esp�cie, mas as fornecedoras da Setec remetiam o dinheiro para o exterior. Em algumas ocasi�es, o dinheiro foi entregue em esp�cie a Renato Duque por meio de um emiss�rio de apelido “Tigr�o”. Em outras ocasi�es, Barusco mandava que a verba fosse entregue em um escrit�rio em S�o Paulo. “Tigr�o” � descrito como um homem em torno de 40 anos, moreno, com altura entre 1m70 e 1m80 e “meio gordinho”. O executivo afirmou que o dinheiro era retirado em seu escrit�rio tamb�m por outros homens. H� 20 dias, a PF procura informa��es sobre “Tigr�o” e outros dois personagens misteriosos, “Melancia” e “Eucalipto”, citados ao longo do processo da Petrobras.
As licita��es na Repar foram vencidas pela Toyo gra�as ao apoio do “clube” de empreiteiras que dividia em lotes os contratos da Petrobras. Esse grupo � o cartel de construtoras. Mendon�a Neto disse ainda que Duque recebeu da Toyo Setal, contratada pela petroleira para obras no Paran� e em S�o Paulo, 1,3% em “comiss�es” sobre o valor total de cada contrato fechado. O ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, indicado pelo PP, recebeu 0,6% sobre os contratos, segundo o delator.
‘CAMPEONATO’ Ainda segundo o depoimento de Mendon�a, Duque recebeu propinas na sobra do terminal de Cabi�nas, no Rio de Janeiro, assim como Costa. Ele disse que o pagamento de propinas na Petrobras era “institucionalizado” e inclu�a at� obras em que os fornecedores apresentavam pre�os abaixo dos custos de constru��o, consideradas imposs�veis de serem executadas sem preju�zo. Mendon�a contou que foi elaborada uma s�rie de regras para o “clube”, como se fosse “um campeonato de futebol”. C�pias dessas regras, segundo ele, foram destru�das ap�s a Opera��o Lava-Jato ser deflagrada.
O executivo informou ainda que o n�mero de empreiteiras beneficiadas com o “clube” � ainda maior do que o j� noticiado, chegando a 20. Al�m de 14 membros fixos, outras seis empresas conseguiram, sempre segundo o delator, obter contratos a partir de ajuda do “clube”. S�o os casos da Alusa, Fidens, Jaragu�, Tom�, Construcap e Carioca Engenharia. Os membros fixos foram, conforme o empreiteiro, num primeiro momento eram Odebrecht, UTC, Camargo Corr�a, Techint, Andrade Gutierrez, Mendes J�nior e a Setal-SOG. Numa segunda etapa, a partir de final de 2006, agregaram-se ao “clube” a OAS, Skanska, Queiroz Galv�o, Iesa, Engevix, GDK e Galv�o Engenharia. (Com ag�ncias)
Ex-diretor � solto
Curitiba – O ex-diretor de Engenharia e Servi�os da Petrobras Renato Duque deixou a carceragem da Pol�cia Federal em Curitiba por volta das 12h45 de ontem. Com apar�ncia tranquila, ele saiu a p�, acompanhado de um dos advogados de defesa, e n�o respondeu �s perguntas de jornalistas. Disse apenas, em voz baixa, que queria ver sua fam�lia e que n�o iria dar declara��es. “Eu quero ver minha fam�lia, s� isso’, afirmou o ex-diretor, que embarcaria em seguida para o Rio de Janeiro. Na sa�da, em cima de uma moto, um popular viu Renato Duque e o xingou “maloqueiro” e “vagabundo”.
Em sua decis�o, o ministro Teori Zavascki afirmou que o fato de Renato Duque supostamente manter contas no exterior n�o � motivo para a manuten��o da pris�o preventiva e que a decis�o do Primeiro e Segundo Grau, de mant�-lo preso, foi baseada apenas em presun��o de fuga, n�o em atos concretos que indicassem a possibilidade de ele fugir do pa�s.
"Roteiro"
Ministros, dirigentes petistas e congressistas do partido veem a dela��o de Mendon�a Neto, da Toyo Setal, como parte de um “roteiro” dos investigadores da Lava-Jato para envolver a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula no esc�ndalo da Petrobras. “Eles t�m procurado fazer isso desde a campanha”, diz um auxiliar pr�ximo � presidente. Para eles, ser� dif�cil que o juiz Sergio Moro consiga “criminalizar a propina legal”. “Como voc� diz que uma coisa que aconteceu dentro da lei, sob o olhar do Judici�rio, foi ilegal?”, diz um ministro. “Para atingir o PT, tem que criminalizar as doa��es legais. Mas n�o s� as do PT, mas de todos os demais partidos. Tem que mudar a lei. Doa��o para o PT � corrup��o e para o PSDB � de fundo de caridade?”, ironizou um alvo da Lava-Jato.