
O mist�rio sobre o desaparecimento de oper�rios no epis�dio que ficou conhecido como o Massacre de Ipatinga come�ou a ser desvendado com depoimentos divulgados no relat�rio final da Comiss�o Nacional da Verdade (CNV). Segundo vers�o oficial da Pol�cia Militar, foram oito mortos no confronto entre os funcion�rios da Usiminas – na �poca empresa estatal – e policiais. A maioria das testemunhas, no entanto, afirmou que mais de 30 oper�rios foram assassinados a tiros na porta da empresa em Ipatinga, no Vale do A�o, em Minas Gerais, e muitos corpos continuam desaparecidos h� mais de quatro d�cadas. O relat�rio da CNV traz tr�s nomes de v�timas desaparecidas que n�o estavam na lista oficial.
Relatos colhidos pela comiss�o apontam que os tr�s oper�rios podem ser identificados como v�timas da a��o truculenta da PM em um epis�dio que aconteceu poucos meses antes do golpe militar e j� apontava a pol�tica dura do regime contra seus cr�ticos. Em depoimento � CNV, Alo�sio Souza de Jesus, filho de Gesulino Fran�a Souza, desaparecido h� mais de 40 anos, conta que s� ficou sabendo do massacre no interior mineiro em 2005, quando saiu � procura de informa��es sobre seu pai. Ap�s pesquisas, encontrou na Bahia duas testemunhas da morte de seu pai. Ele ouviu hist�rias sobre Gesulino ter sido executado por um policial militar durante uma confus�o entre funcion�rios da Usiminas e a PM, em Ipatinga. O corpo dele nunca foi encontrado e seu nome n�o fazia parte da lista oficial de mortos no massacre. Outros desaparecidos que podem ter sido identificados no relat�rio s�o os oper�rios Jo�o Fl�vio Neto e F�bio Rodrigues de Souza.
Antes mesmo do in�cio da ditadura, os oper�rios do setor metal�rgico no interior mineiro viviam na pele a realidade de repress�o por parte de autoridades policiais e dif�ceis condi��es de trabalho. Em 6 de outubro de 1963, ao final da jornada de trabalho, a determina��o de revistas na sa�da da empresa acirrou os �nimos entre os oper�rios. Segundo relatos de funcion�rios e moradores vizinhos � empresa, a pol�cia foi chamada para garantir que n�o aconteceriam tumultos, mas a a��o truculenta acabou deixando o clima ainda mais tenso. Um grupo chegou a ser espancado e foi preso. A not�cia circulou entre os trabalhadores e, no dia seguinte, cerca de 3 mil oper�rios foram at� os port�es da Usiminas pedindo a retirada da pol�cia. No final da manh�, quando a PM iria se retirar, come�ou o conflito. Os policiais, armados de metralhadoras, dispararam contra os oper�rios, resultando na morte de v�rios trabalhadores. O saldo tr�gico � incerto, com estimativas de 30 mortos.