S�o Paulo - Nove dos dez partidos contemplados com minist�rios no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff encerraram 2014 menos governistas do que em 2011, primeiro ano da petista � frente do Pal�cio do Planalto. Essa queda foi sentida n�o s� em aliados ressentidos com o governo, como o PMDB, mas at� no PT.
Os partidos da base que encerraram 2014 como menos fi�is nas vota��es de interesse do governo foram o PP, com 61% dos deputados seguindo as ordens do Planalto, e o PSD, com 63%. Principal aliado de Dilma, o PMDB registrou 67%. Nem o PT manteve no fim da legislatura a lealdade � presidente vista em 2011. Os petistas tiveram uma m�dia de 87% de governismo, ante 95% quatro anos antes.
A exemplo de outros governos estreantes, Dilma iniciou o primeiro mandato em lua de mel com os aliados na C�mara. Nas vota��es dos primeiros seis meses, os parlamentares dos partidos da base garantiram um porcentual pr�ximo de 100% nos projetos de interesse do Executivo. A principal pauta daquele ano foi a reforma do C�digo Florestal, que acabou aprovado ap�s intenso debate. O n�vel de lealdade partid�ria come�ou a cair de forma sistem�tica a partir de 2012. As exce��es neste per�odo foram o PT e seu aliado hist�rico PC do B, cujos deputados mantiveram a fidelidade acima dos 90% nas vota��es da C�mara.
No primeiro semestre de 2013, o Executivo viu crescer a press�o da base aliada. Todos os partidos, inclusive o n�cleo composto por PT e PC do B, chegaram aos at� ent�o mais baixos n�veis de obedi�ncia ao Planalto. Em m�dia, o placar das vota��es registrou 66% de votos favor�veis da base �s propostas de Dilma. O PT marcou ent�o 90% e o PC do B, 80% de apoio de seus deputados.
Maior aliado do PT em n�mero de deputados, o PMDB come�ou o governo demonstrando alta fidelidade a Dilma, mas puxou a m�dia do governismo para baixo � medida que aumentavam as tens�es e as disputas por espa�os na m�quina federal. Foi um peemedebista, o deputado Eduardo Cunha (RJ), candidato a presidente da C�mara, o principal articulador do bloc�o, grupo interpartid�rio formado por parlamentares insatisfeitos com o governo, respons�vel por dificultar a vida do Executivo na C�mara na segunda metade do mandato passado. O �pice dessa tens�o foram as vota��es do Or�amento Impositivo e o decreto de cria��o dos Conselhos Populares, derrubado pelo Congresso.
Idas e vindas
Dos partidos hoje contemplados no governo, o PSD foi o que registrou em meados de 2013 o menor �ndice de governismo, ficando abaixo dos 50%. Nesse per�odo, Dilma tamb�m viu sua popularidade desabar, ap�s as manifesta��es de junho daquele ano. Na m�dia geral, a sigla criada a partir do oposicionista DEM pelo ex-prefeito de S�o Paulo Gilberto Kassab, hoje ministro das Cidades, ficou apenas 2 pontos porcentuais acima do PP, partido apontado pelas investiga��es da Opera��o Lava Jato como um dos principais benefici�rios de um esquema de desvios em contratos da Petrobras.
No per�odo de menor fidelidade da base, o governo sofreu derrotas significativas na C�mara, como no projeto para a cria��o de novos tribunais regionais federais - o Executivo era contra, por causa do impacto or�ament�rio, mas os deputados votaram a favor das novas cortes.
A retomada da fidelidade da base, ainda que abaixo dos �ndices vistos na primeira metade do mandato, foi estimulada curiosamente pelas manifesta��es de 2013. Sob o impacto dos protestos de rua, o governo e o Congresso se mobilizaram em criar a aprovar uma agenda positiva, com projetos como a Lei Anticorrup��o, de agosto daquele ano, e o fim do voto secreto no Congresso. O governismo da base subiu para 78%.
Efeito eleitoral
Em compensa��o, o ano eleitoral de 2014 viu o governo novamente perder a fidelidade da base � medida que aumentavam as demandas por apoios regionais. O PP, por exemplo, se dividiu no apoio � reelei��o de Dilma e ao tucano A�cio Neves. "No caso dos partidos da coaliz�o, a l�gica foi de n�o aprovar tudo de interesse do governo para se ter uma margem para a negocia��o e aumentar a press�o para obter benef�cios", observa Jos� �lvaro Mois�s, professor de Ci�ncias Pol�ticas da USP.