
H� 30 anos, em 15 de janeiro de 1974, o Congresso Nacional elegia Tancredo Neves como primeiro presidente da Rep�blica do Brasil civil ap�s 20 anos de regime militar. O fato � considerado um dos mais importantes da hist�ria recente do pa�s e influencia o modelo de democracia brasileiro at� hoje, conforme avalia��o de pol�ticos e estudiosos.
“Hoje, estamos vivendo o anivers�rio de 30 anos do fato pol�tico mais importante da hist�ria do Brasil”, definiu o senador Pedro Simon (RS), que j� estava na vida p�blica no antigo MDB, partido de Tancredo, quando a elei��o ocorreu.
Para Simon, � o fato mais importante, porque foi o primeiro de um movimento popular (das Diretas J�) e obrigou o regime militar a ceder. Segundo ele, em outros eventos hist�ricos importantes, como a Independ�ncia, Proclama��o da Rep�blica e cria��o da Consolida��o das Leis do Trabalho, a iniciativa partiu de quem j� estava no Poder e n�o foi motivada por levantes populares. “O movimento com a participa��o do povo, que o povo fez, que o povo lutou e � obra do povo � o Movimento das Diretas J�. Foi nesse movimento que tudo come�ou”, avaliou.
Atual secret�rio-geral da Mesa Diretora da C�mara, Mozart Viana j� trabalhava na Casa quando Tancredo Neves foi eleito. Ele concorda com Simon sobre a import�ncia das Diretas J� para que um presidente civil fosse escolhido em 1974. “Ali, os militares perceberam que teriam de fazer a transi��o e n�o seria mais poss�vel manter o regime”, lembrou.
Pr�ximo de se aposentar, Mozart ainda se lembra do clima nos corredores da C�mara nos dias que antecederam a escolha de Tancredo. “As elei��es diretas perderam por poucos votos – apesar de o Congresso ter sido sitiado no dia da vota��o e os militares cercado o pr�dio, a emenda Dante de Oliveira perdeu por pouqu�ssimos votos –, o que fortaleceu a oposi��o. Ent�o, houve a migra��o de muitos deputados da base aliada da �poca para a oposi��o. Foi o que permitiu a elei��o do doutor Tancredo”, recordou.
Na avalia��o do soci�logo e professor da Universidade de Bras�lia Elimar Nascimento, a elei��o de Tancredo Neves foi fruto de um “pacto conservador”. Segundo ele, os moderados da oposi��o conseguiram ampliar o di�logo com os moderados da situa��o e alcan�aram um acordo que garantiu a chapa de Tancredo e Sarney. “A elei��o de Tancredo significou a forma poss�vel, naquela �poca, de sairmos da ditadura militar por meio de um pacto entre moderados. Foi uma sa�da do regime militar de maneira conservadora”, ressaltou.
Conforme o professor, o pacto influencia a forma de fazer pol�tica no Brasil at� hoje, "porque, em nome da democracia facilitada por ele, todos os partidos relevantes que vieram posteriormente acabaram deixando de lado, cedo ou tarde, posturas excessivamente � esquerda ou � direita e se tornaram mais moderados para evitar rupturas".
“A vit�ria da din�mica da negocia��o conservadora obrigou partidos mais � esquerda, como o PT, a aceitarem regras para ter acesso ao poder”, afirmou. “O que a din�mica conservadora fez? Esvaziou a esquerda e obrigou os partidos a caminharem para o centro”, completou o professor.
Elimar Nascimento exemplificou a influ�ncia do pacto conservador nas pol�ticas atuais por meio do Bolsa Fam�lia. Ele recordou que o programa surgiu a partir de outros quatro j� existentes, entre eles o Bolsa Escola, que condicionava a concess�o da bolsa � perman�ncia das crian�as na escola e era tocado pela Secretaria de Educa��o do Distrito Federal.
“O Bolsa Escola era um programa educacional, para que as crian�as fossem mantidas na escola e tivessem melhores condi��es de inser��o no mercado de trabalho. Quando o Bolsa Fam�lia foi criado, n�o foi para o Minist�rio da Educa��o, mas sim para o da Assist�ncia Social. Isso se mostra de tal maneira importante que influenciou o resultado das �ltimas elei��es. Nada mais liberal”, observou.
Para Nascimento, “o PT se mostrou um partido tancredista” quando optou pela negocia��o com outras legendas ideologicamente diversos em busca de uma coaliz�o. Segundo ele, h� 30 anos a negocia��o por acordos era uma caracter�stica t�pica do presidente eleito pelo Col�gio Eleitoral.
Com a morte de Tancredo Neves, o ent�o senador maranhense Jos� Sarney (PMDB), eleito indiretamente vice-presidente pelo Col�gio Eleitoral, assumiu a Presid�ncia da Rep�blica em abril de 1985.
Com Ag�ncia Brasil