Jo�o Valadares

Em dezembro do ano passado, o juiz federal S�rgio Moro, respons�vel pelos processos referentes � Opera��o Lava-Jato, aceitou den�ncia contra Nestor Cerver� por corrup��o e lavagem de dinheiro. De acordo com o Minist�rio P�blico Federal (MPF), o lobista Fernando Soares, mais conhecido como Fernando Baiano, e Cerver� receberam US$ 40 milh�es de propina entre 2006 e 2007 para intermediar a contrata��o de navios-sonda destinados � perfura��o de �guas profundas na �frica e no M�xico. No depoimento prestado � Pol�cia Federal na quinta-feira, Cerver� negou ter recebido qualquer suborno de Baiano e tamb�m que valores tivessem sido oferecidos.
Ontem, o advogado Edson Ribeiro explicou que o ex-diretor est� tranquilo, por�m, indignado com a pris�o. Ainda ontem, o Tribunal Regional Federal da 4ª Regi�o (TRF-4), em Porto Alegre, negou o pedido de habeas corpus a Nestor Cerver�, que se encontra na sede da Pol�cia Federal (PF), em Curitiba.
Ribeiro explicou que a defesa anexou � peti��o um parecer t�cnico, elaborado pelo escrit�rio Saddy Advogados, atestando que a responsabilidade exclusiva sobre a negocia��o da refinaria de Pasadena � do Conselho de Administra��o, presidido, na �poca, pela presidente Dilma. O neg�cio gerou um preju�zo de US$ 792 milh�es � Petrobras.
O criminalista ressaltou que anexou aos autos depoimentos que o ex-diretor prestou no ano passado na comiss�o interna da Petrobras, no Congresso Nacional e todas as cartas em que se colocou � disposi��o dos �rg�os de investiga��o para falar do caso Pasadena. O advogado salientou que j� pediu � Justi�a que seu cliente seja ouvido de maneira detalhada sobre todo o processo de negocia��o de Pasadena. No depoimento que prestou � Pol�cia Federal, na quinta-feira, o tema n�o foi abordado.
‘Amizade’
Ontem, a Pol�cia Federal afirmou que a carceragem no Paran� possui duas alas com celas destinadas a presos provis�rios. Em uma dessas alas, est�o abrigados o doleiro Alberto Youssef, Fernando Baiano e Nestor Cerver�, todos em celas separadas. “Cada um deles compartilha cela com um preso comum, sem liga��o com a Opera��o Lava-Jato.”
Em depoimento, o ex-diretor declarou que “mantinha certa rela��o de amizade” com o lobista Fernando Soares. De acordo com delatores da Opera��o Lava-Jato, Baiano era o operador do PMDB no esquema de pagamento de propina por empreiteiras a pol�ticos para obterem contratos com a Petrobras.
� frente da Diretoria Internacional at� 2008, ele afirmou que todas as aquisi��es de equipamentos, constru��o de refinarias e de gasoduto passavam pela aprova��o de toda a Diretoria Executiva, formada por seis diretores e pelo presidente da estatal, que � �poca era S�rgio Gabrielli, apadrinhado pol�tico do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.
Cronologia
Confira a trajet�ria de Nestor Cerver� na Petrobras
Assumiu a Diretoria Internacional da Petrobras no in�cio do governo Lula, em 2003. Chegou ao comando da diretoria por indica��o do PMDB e do senador Delc�dio Amaral (PT). O partido e o senador negam
Em 2006, foi o respons�vel pelo projeto executivo que embasou a compra da Refinaria de Passadena, no Texas (EUA)
Dois anos depois, Cerver� deixou a Diretoria Internacional da petroleira e recebeu elogios em ata de reuni�o. No mesmo dia, tornou-se diretor Financeiro da BR Distribuidora, uma subsidi�ria da Petrobras.
Ap�s pol�mica em torno da negocia��o de Pasadena, que veio � tona no in�cio do ano passado, acabou sendo exonerado em mar�o.
Um pouco antes da demiss�o, a presidente Dilma Rousseff afirmou em nota que avalizou o neg�cio em raz�o de ter recebido um “resumo t�cnico e juridicamente falho, pois omitia qualquer refer�ncia �s cl�usulas marlim e put option que integravam o contrato”.
Em abril de 2014, durante depoimento na Comiss�o de Fiscaliza��o Financeira e Controle da C�mara dos Deputados, Cerver� rebateu afirmando que “as cl�usulas n�o t�m representatividade no neg�cio e n�o eram importantes do ponto de vista negocial”.
Em dezembro do ano passado, o ex-diretor passou a responder processo por corrup��o e lavagem de dinheiro no �mbito da Opera��o Lava-Jato.
Na madrugada da �ltima ter�a-feira, Cerver� foi surpreendido por agentes da Pol�cia Federal, no momento em que desembarcava no Rio de Janeiro. Ele vinha de Londres, onde passou o
Natal e o ano-novo.
Piscina aterrada
A Pol�cia Federal n�o encontrou ind�cios de que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa tenha ocultado valores no terreno de sua casa, no Rio de Janeiro. A PF, por meio de nota oficial, informou ter feito duas dilig�ncias na resid�ncia do ex-diretor, num condom�nio na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, e confirmou que a piscina fora aterrada. Reportagem publicada pela Folha de S.Paulo mostrou que o policial afastado da PF Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, disse ter “ouvido” que Costa teria aterrado uma piscina para guardar dinheiro. A assessoria de imprensa da PF explicou que os peritos usaram um equipamento capaz de identificar volumes a at� dez metros de profundidade do solo, mas n�o encontraram nada. Disse ainda que as dilig�ncias ocorreram entre 17 e 19 mar�o do ano passado e “a partir de 1º outubro”, sem precisar a data da mais recente. O depoimento em que Careca citou a piscina ocorreu no dia 18 de novembro. A PF argumenta que, antes de ouvi-lo, j� tinha a informa��o sobre as suspeitas de que Costa teria escondido valores no local.
Fam�lia de Costa
Os procuradores da for�a-tarefa da Lava-Jato pediram � Justi�a Federal do Paran� que suspenda por 60 dias a a��o penal contra os parentes do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa (foto). A mulher, duas filhas e os dois genros do ex-diretor s�o acusados de participar do esquema de corrup��o e lavagem de dinheiro articulado por ele, al�m de prejudicar as investiga��es da Lava Jato. Na peti��o encaminhada � Justi�a Federal, o MPF alega que os acordos de dela��o com cada um dos familiares do executivo ainda n�o foram homologados pela Justi�a e, por isso, pede que o processo seja suspenso por dois meses. A colabora��o dos parentes do executivo faz parte de uma das cl�usulas do acordo de dela��o de Costa, j� homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Atualmente, Costa cumpre pris�o domiciliar em um condom�nio de luxo no Rio. Seus parentes aguardam a homologa��o dos acordos em liberdade. Assim como o ex-diretor fez, seus familiares ter�o que abrir m�o de valores ilicitamente obtidos. Costa autorizou a repatria��o de US$ 25,8 milh�es que ele mant�m depositados na Su��a e em Cayman, al�m de entregar uma lancha, im�veis e at� a Range Rover, avaliada em R$ 300 mil, que ele ganhou de presente do doleiro Alberto Youssef.