
Bras�lia – O ex-diretor da �rea Internacional da Petrobras Nestor Cerver�, preso desde quarta-feira da semana passada, vai prestar depoimento hoje � tarde, na Pol�cia Federal (PF), sobre a pol�mica compra, em 2006, da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). Na manh� dessa quarta-feira (21), depois de visitar o cliente na carceragem da PF, em Curitiba, o advogado Edson Ribeiro afirmou que, agora, Cerver� “ser� contundente”. Ele ressaltou que o ex-diretor vai apontar a responsabiliza��o do Conselho de Administra��o da estatal e da presidente Dilma Rousseff, que, na �poca, presidia o colegiado. O Pal�cio do Planalto est� em alerta. Nos bastidores, existe o temor de que Cerver� traga novas informa��es e puxe a presidente novamente para o centro do esc�ndalo. At� o fechamento desta edi��o, a assessoria de comunica��o da PF n�o havia confirmado o hor�rio do depoimento.
O defensor afirmou que Cerver�, diferentemente do que se espalhou em Bras�lia, n�o � um homem-bomba. “Ele apenas vai falar a verdade. Quem descumpriu o estatuto social da Petrobras foi o Conselho de Administra��o. Vai dizer que, se o parecer era falho, a presidente Dilma, que presidia o conselho, tinha obriga��o de cham�-lo para tirar todas as d�vidas.” De acordo com Ribeiro, no depoimento de hoje, Cerver� ser� bastante objetivo. “Vai apontar o que for para apontar. Essa responsabiliza��o (da presidente) ser� dita aqui. Ele n�o tem nenhum trunfo. S� vai dizer o que realmente aconteceu”, declarou.
• Alerta
no Planalto
A artilharia voltada para a presidente colocou o Pal�cio do Planalto em alerta desde a pris�o de Cerver�, no dia 14, quando Edson Ribeiro afirmou que a presidente da Petrobras, Gra�a Foster, tamb�m deveria ter sido presa. Para os palacianos, as acusa��es soaram completamente fora do tom. A ordem no Planalto � blindar a presidente ao m�ximo para evitar que essas declara��es respinguem em Dilma. Na ter�a-feira, o ministro da Secretaria de Rela��es Institucionais, Pepe Vargas, repetiu o discurso que tem sido adotado quando a presidente ou Gra�a Foster s�o citadas em den�ncias que envolvam a Petrobras. Segundo ele, “n�o h� nenhuma responsabiliza��o de Dilma, e quem vier a dizer isso ter� que provar”. O ministro ressaltou que a petista n�o foi citada por nenhum �rg�o que investiga il�citos na Petrobras. Ontem, o Planalto n�o comentou as novas declara��es da defesa de Cerver�.
O l�der do governo na C�mara refor�ou a prote��o em torno de Dilma. “A presidente n�o tem nenhuma quest�o a temer. Tanto que est� fazendo as investiga��es para apurar o que est� ocorrendo na Petrobras. Vamos aguardar o depoimento dele (Cerver�)”, disse o deputado Henrique Fontana (PT-RS).
Na semana passada, os advogados anexaram ao pedido de habeas corpus um parecer sobre a negocia��o de Pasadena, redigido por um escrit�rio do Rio de Janeiro. O documento, entregue � Justi�a Federal, aponta que houve “neglig�ncia, viola��o do dever de dilig�ncia e precipita��o desnecess�ria” do Conselho de Administra��o da estatal na compra do empreendimento em quest�o. “Se agora entenderam quem o neg�cio foi ruim, n�o houve dilig�ncia na �poca. O Conselho de Administra��o, ent�o, precisa ser responsabilizado. O pr�prio estatuto diz que, se o conselho n�o cumprir as regras, ele � responsabilizado, inclusive com bloqueio de bens”, informou Ribeiro.
Al�m de Dilma, integravam o colegiado o ex-presidente da Petrobras Jos� S�rgio Gabrielli e o ex-ministro da Fazenda Ant�nio Palocci. O pr�prio Gabrielli – que at� hoje defende a compra da refinaria – disse que, se houve erro, Dilma precisa ser responsabilizada. O parecer entregue por Cerver� indica que n�o houve zelo na an�lise da negocia��o por parte dos conselheiros. “Fica claro que o Conselho de Administra��o n�o observou as normas internas, imperativas, da Petrobras, que regiam tais tipos de aquisi��es.” (Colaborou Naira Trindade)
Senha
Na manh� de ontem, Nestor Cerver� forneceu aos policiais federais a senha do celular e do tablet apreendidos com ele, no Aeroporto do Gale�o, no Rio de Janeiro, no momento da pris�o. De acordo com o advogado, o ex-diretor recebeu, ontem, a visita do filho.O Minist�rio P�blico Federal do Paran� justificou o pedido de pris�o do ex-diretor da �rea Internacional da Petrobras dizendo que “h� fortes ind�cios de que ele continua a praticar crimes”. Cerver� teve a pris�o preventiva decretada ap�s movimenta��o financeira suspeita. Al�m de doar im�veis para parentes,
no Rio de Janeiro, o ex-executivo da Petrobras teria tentado sacar R$ 500 mil de uma aplica��o financeira. Para a Pol�cia Federal, ele estaria se movimentando para fugir do pa�s.