S�o Paulo - A defesa do empres�rio G�rson de Mello Almada, vice-presidente da Engevix Engenharia, uma das empreiteiras que s�o alvo da Opera��o Lava Jato, afirmou em documento entregue � Justi�a Federal que superfaturamentos em contratos da Petrobras foram usados para bancar o "custo alto das campanhas eleitorais" e para que o governo federal pagasse parlamentares em troca de apoio no Congresso Nacional. Os advogados do empreiteiro afirmam ainda que o esquema foi montado pelo PT como instrumento para se manter no poder.
O documento dos advogados do vice da Engevix explicita algo que j� vinha sendo dito nos bastidores pelos empreiteiros. Ele traduz a estrat�gia jur�dica desse grupo: evitar que a Petrobras seja tratada como v�tima de corruptores, no caso, os empres�rios, e tentar unir as duas frentes de investiga��o da opera��o - uma delas, a que inclui ex-diretores da estatal, doleiros e empreiteiros, � comandada pelo juiz S�rgio Moro, da Justi�a Federal no Paran�; a outra parte, a que inclui os pol�ticos com foro privilegiado, est� sob a guarda do Supremo Tribunal Federal.
Ao dizer que a corrup��o na Petrobras est� intrinsecamente ligada a atividades do governo e de parlamentares, os empreiteiros tentam mostrar que o caso � indissoci�vel, a fim de que tudo seja julgado diretamente pelo STF. "Faz mais de 12 anos que um partido pol�tico passou a ocupar o poder no Brasil. No plano de manuten��o desse partido no governo, tornou-se necess�rio compor com pol�ticos de outros partidos, o que significou distribuir cargos na administra��o p�blica, em especial, em empresas p�blicas e em sociedades de economia mista", diz o documento da defesa do vice da Engevix, que � coordenada pelo criminalista Ant�nio S�rgio de Moraes Pitombo.
"O pragmatismo nas rela��es pol�ticas chegou, no entanto, a tal dimens�o que o apoio no Congresso Nacional passou a depender da distribui��o de recursos a parlamentares. O custo alto das campanhas eleitorais levou, tamb�m, � arrecada��o desenfreada de dinheiro para as tesourarias dos partidos pol�ticos", prossegue o texto.
"N�o por coincid�ncia, a antes lucrativa sociedade por a��es, Petrobras, foi escolhida para gera��o desses montantes necess�rios � compra da base aliada do governo e aos cofres das agremia��es partid�rias. Nessa combina��o de interesses escusos, surgem personagens como Paulo Roberto Costa, que, sabidamente, passou a exigir porcentuais de todos os empres�rios que atendiam a companhia", afirma a defesa.
O documento tenta deixar expl�cito que os empres�rios eram alvos de achaques dos dirigentes da Petrobr�s, em especial de Paulo Roberto Costa, que dirigiu a �rea de Abastecimento da estatal entre 2004 e 2012. "O que ele (Costa) fazia era amea�ar, um a um, aos empres�rios, com o poder econ�mico da Petrobras", diz o texto. "Prometia causar preju�zos no curso de contratos. Dizia que levaria � fal�ncia quem contrastasse seu poder, sin�nimo da simbiose do poder econ�mico da mega empresa com o poder pol�tico do governo."
'Conting�ncia'
A defesa sustenta que a "exig�ncia de Paulo Roberto Costa" foi a "for�a criadora do elemento coletivo". "Quem detinha contratos vigentes com a Petrobr�s sofreu achaque. Ainda que se admita, a t�tulo de argumenta��o, que teriam praticado crimes similares, � �nsito aos acontecimentos entender que a exig�ncia de Paulo Roberto Costa - e demais brokers do projeto pol�tico de manuten��o dos partidos na base do governo - colocou os empres�rios, todos, na mesma situa��o, n�o por vontade, n�o por inten��o, mas por conting�ncia dos fatos."