
O ex-presidente da Petrobras Jos� S�rgio Gabrielli acusou o ex-ministro Jos� Jorge, do Tribunal de Contas da Uni�o (TCU), de fazer um "voto pol�tico" ao defender que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, causou preju�zo de US$ 792 milh�es � estatal. Em artigo publicado nesta sexta-feira, 30, pela Folha de S.Paulo, Gabrielli afirma que o "ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso" fez "leitura enviesada" dos dados sobre a aquisi��o e "malabarismos" para justificar as perdas apontadas no relat�rio do TCU.
Dirigente da estatal na �poca da compra da refinaria, Gabrielli foi considerado um dos respons�veis pelas perdas provocadas com a negocia��o, em 2006, de acordo com relat�rio feito por Jos� Jorge, divulgado em julho do ano passado. O valor superou os US$ 530 milh�es apontados pela Petrobras. Com base no relat�rio, aprovado pela Corte, foi determinado o bloqueio de bens de Gabrielli e de mais dez pessoas at� que o tribunal julgue o caso. Ficaram de fora dessa rela��o os integrantes do Conselho de Administra��o da estatal, � �poca presidido pela ent�o ministra Dilma Rousseff.
Desde ent�o, Gabrielli sustenta que o neg�cio seguiu as regras da estatal. Em entrevista concedida ao Estado, na semana passada ele afirmou que o parecer do TCU � "politicamente motivado" e cobrou igual tratamento do Tribunal aos membros do conselho. "Somente tal motiva��o � capaz de explicar uma s�rie de erros de interpreta��o cometidos por um ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso e candidato a vice de Geraldo Alckmin na dobradinha PSDB-PFL na elei��o presidencial de 2006", diz o ex-dirigente no artigo publicado nesta sexta-feira. Filiado ao DEM e ministro de Minas e Energia no governo tucano, Jos� Jorge se aposentou no fim do ano passado.
De acordo com Gabrielli, o ex-ministro calculou os preju�zos com base em metodologia diferente da usada pelo mercado e ignorou estudos feitos pela Petrobras. "Por isso, a compra da refinaria de Pasadena, vista sob v�rios aspectos, n�o resultou em preju�zo � Petrobras, sendo correta a decis�o tomada pelo Conselho de Administra��o da empresa em 2006 ao validar a transa��o. Essa � a explica��o que fa�o em minha defesa no TCU", escreveu.
O ex-dirigente sustenta ainda que a negocia��o seguiu as "regras de governan�a" da estatal e se baseou em pareceres de consultorias especializadas. "Na l�gica cartesiana, somente a motiva��o pol�tica explicaria a supress�o da verdade - incontest�vel diante dos n�meros - e a insist�ncia, por parte do ministro, em uma leitura enviesada de um preju�zo que nunca existiu", afirmou.
Na semana passada, o presidente do TCU, ministro Aroldo Cedraz, pediu que o novo relator do caso, Vital do R�go (ex-senador do PMDB, aliado da presidente Dilma Rousseff), reavalie a determina��o de bloqueio de bens e o valor do preju�zo apontado. Cedraz argumentou que a Petrobras entregou relat�rio de sua auditoria interna com novos elementos, o que exigiria a reavalia��o.
Entenda. A compra da refinaria pela Petrobras � investigada por �rg�os de controle desde 2013 em raz�o de suspeitas de superfaturamento. No ano passado, o caso voltou a ter destaque quando a presidente Dilma Rousseff afirmou ao Estado ter aprovado a compra da primeira metade de Pasadena com base em um relat�rio falho apresentado ao Conselho de Administra��o. O ent�o diretor da �rea Internacional Nestor Cerver�, preso e investigado pela Opera��o Lava Jato, foi apontado como o autor do resumo t�cnico.
A atual presidente da Petrobras, Gra�a Foster, admitiu no ano passado que Pasadena "n�o foi um bom neg�cio".