O executivo Augusto Mendon�a, da Setal Constru��es, um dos delatores da Opera��o Lava Jato, declarou que as licita��es na Petrobras "eram burladas, na pr�tica". "Na pr�tica, era combinado entre as empresas quem iria ganhar."
Ele relatou que sua empresa (Setal) ganhou dois contratos na REPAR e na REPLAN, em 2007, e que os pagamentos de propinas se prolongaram at� 2011.
Segundo ele, a propina a Paulo Roberto Costa era paga por meio de empresas controladas pelo doleiro Alberto Youssef, personagem central da Opera��o Lava Jato. Eram empresas de fachada, afirma a for�a-tarefa da Lava Jato. Mendon�a disse que essas empresas do doleiro emitiam notas fiscais fict�cias sobre presta��o de servi�os de consultoria ou de engenharia que n�o ocorriam. O procedimento, segundo o delator, "servia para acobertar os pagamentos (de propinas)".
O magistrado perguntou a Mendon�a se na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, houve combina��o de pre�os. "Pelo que tenho conhecimento sim, apesar de n�o ter participado (da obra)", respondeu o delator. "Houve uma combina��o entre as empresas do 'clube', um grupo de empresas do qual n�o faz�amos parte."
Ao ser indagado sobre como funcionava o 'clube', Augusto Mendon�a afirmou. "O clube definia quem ganharia uma determinada licita��o. A hora que essa licita��o estivesse em andamento era entregue uma lista aos diretores Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Renato Duque (Servi�os), uma lista de convidados aos dois diretores. � uma coisa bastante sens�vel. O diretor tem o poder de instruir seu pessoal de colocar ou retirar determinada empresa por determinada raz�o."
Ele afirmou que quem fazia a entrega da lista de empresas para os altos executivos da estatal petrol�fera era o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia. "Ricardo Pessoa era quem mantinha o contato mais habitual com eles (diretores da Petrobras).
Ricardo Pessoa est� iniciando dela��o premiada na Lava Jato. Ele j� manteve um primeiro encontro com os procuradores da Rep�blica que investigam o esc�ndalo da Petrobras. Augusto Mendon�a afirmou ainda que o 'clube' criado pelas maiores construtoras do Pa�s tinha um acordo aut�nomo para n�o competirem entre si nos contratos da Petrobras.
"Essas empresas criaram um acordo de n�o competir entre si nas licita��es da Petrobras", afirmou o delator da Lava Jato, em depoimento nesta segunda-feira, 2, na Justi�a Federal, em Curitiba. Segundo ele, a partir de 2004 foi que entraram nas negocia��es do grupo de empreiteiras os ex-diretores Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Renato Duque (Servi�os).
Engenheiro de forma��o e executivo da Setal Constru��es e PEM Engenharia, seu irm�o foi presidente da Associa��o Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi) nos anos 90. Ribeiro admitiu ter pago propina aos diretores para manter contratos na estatal petrol�fera.
"Come�ou o acordo no meio de anos 90 em que empresas do setor passaram por crise forte, quase todas mudaram de dono, foram vendidas ou simplesmente fecharam."
Segundo o delator, a Abemi criou um grupo de trabalho entre empresas e Petrobras para discutir melhores condi��es contratuais. "Esse grupo foi criado para discutir condi��es contratuais, n�o contrato. O objetivo desse grupo era de que as condi��es contratuais da Petrobras pudesse ser melhor absorvida pelas empresas e correr menos risco."
A principal estrat�gia era combinar os interesses de divis�o de obras, afastando que outras empresas questionassem o acordo da outra com a Petrobras. "As empresas apoiavam apresentando valores mais altos (nas concorr�ncias)", explicou Ribeiro.
O delator afirmou que o grupo n�o tinha lideran�a, mas sim coordenador. Na sua vers�o, era um grupo aut�nomo e tomava decis�es por si. Essa coordena��o seria papel do executivo da UTC, Ribeiro Pessoa.
Era ele que servia de contato com a Petrobras, "at� porque era presidente da Abemi", e organizava os encontros do "clube".
Segundo o delator, o regulamento em formato de torneio de futebol apresentado como prova � Justi�a Federal de exist�ncia do cartel foi criado entre 2008 e 2009. "As regras foram discutidas com todas as empresas e entregues em uma reuni�o com representantes de todas empresas."
Ribeiro detalhou os locais e como ocorreriam as reuni�es. "Entre 2004 e 2010 elas chegaram a ser mensais e aconteciam no escrit�rio da UTC em S�o Paulo, em maioria", afirmou o delator.