Bras�lia - Em jantar com senadores do PT, nessa quarta-feira, 25, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva criticou a estrat�gia de comunica��o do governo Dilma sobre o ajuste fiscal. Ao ouvir um ros�rio de queixas sobre as mudan�as anunciadas na economia, Lula disse que o governo falha ao n�o explicar por que haver� altera��es em benef�cios previdenci�rios e trabalhistas e onde se quer chegar com o "sacrif�cio".
Durante tr�s horas e meia, os petistas fizeram v�rias reclama��es sobre o estilo centralizador da presidente Dilma Rousseff e a articula��o pol�tica do Pal�cio do Planalto. Dos 12 senadores da bancada, s� faltaram Marta Suplicy (SP), de malas prontas para deixar o PT, e �ngela Portela (RR), que est� doente.
Quando a conversa chegou ao ajuste fiscal, os senadores disseram que a equipe econ�mica n�o conseguir� aprovar as restri��es a benef�cios como seguro desemprego, abono salarial e pens�o por morte se n�o recuar e amenizar a proposta. Muitos deles afirmaram, ainda, que n�o est�o dispostos a perder apoio nas bases sociais em nome de um ajuste ortodoxo nas contas p�blicas, que sempre combateram.
Lula concordou com as cr�ticas, mas animou a plateia ao lembrar que ele pode ser o candidato � sucess�o de Dilma, em 2018. Ao tra�ar um cen�rio sobre as consequ�ncias pol�ticas da fragilidade econ�mica, ele disse que � necess�rio combater a infla��o "sem tr�gua", o mais rapidamente poss�vel, para evitar que tudo desande.
"O que n�s queremos que esteja acontecendo no dia 31 de dezembro de 2018?", perguntou Lula, segundo relato do senador Humberto Costa. "Qual Pa�s n�s queremos entregar ao sucessor de Dilma?"
Petrobras
O ex-presidente cobrou dos petistas uma rea��o � ofensiva dos advers�rios para carimbar o partido como "corrupto", na esteira do mensal�o e do esc�ndalo na Petrobras. "Ele perguntou se a gente ia ficar quieto ouvindo esses caras falarem de corrup��o, de propina. Qual a moral que eles tem? N�o d� para ficar vendo esses caras bancando os vestais", afirmou o l�der do PT no Senado, ao lembrar o esc�ndalo do cartel de trens e Metr�, em S�o Paulo, que atingiu o PSDB. "No nosso caso � roubo e no deles � compromisso ideol�gico das empreiteiras?", ironizou.
A lista que o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, enviar� nos pr�ximos dias ao Supremo Tribunal Federal (STF), contendo nomes de pol�ticos suspeitos de desvio de dinheiro da Petrobras, preocupa o governo e o PT. No jantar desta quarta-feira, Lula baixou uma ordem unida sobre a Opera��o Lava Jato, da Pol�cia Federal: disse que a estrat�gia do partido para reconstruir sua imagem n�o pode depender da desgra�a alheia.
"Essa vis�o de que se aparecer um monte de bandido do PSDB ou de outro partido resolve o problema est� equivocada. N�o � bem assim, n�o", argumentou Costa, repetindo o racioc�nio de Lula. "O PT tem de se preocupar em mostrar a sua posi��o, em se defender das cal�nias e, se tiver irregularidades, quem as praticou deve ser punido."
O l�der do PT chegou a ser citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, em acordo de dela��o premiada, como benefici�rio do esquema na Petrobras. � �poca, ele negou com veem�ncia a den�ncia e disse estar "� disposi��o" dos �rg�os de investiga��o, tornando dispon�veis os seus sigilos banc�rio, fiscal e telef�nico � CPI da Petrobras, a Janot e ao ministro do Supremo Teori Zavascki. Nesta quarta-feira, Costa admitiu que h� preocupa��o generalizada com o impacto da "lista de Janot" sobre as vota��es no Congresso.
Na tentativa de jogar �gua na fervura do PMDB, que reclama de n�o participar do n�cleo pol�tico do governo, Lula tomar� caf� da manh�, nesta quinta-feira, 26, com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e com senadores do partido. Na C�mara, Lula quer que o PT vire a p�gina da briga com o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que derrotou Arlindo Chinaglia (PT-SP) e j� imp�s um rev�s atr�s do outro ao governo.
"Lula acha que a disputa acabou e que Eduardo Cunha deixou de ser advers�rio. Sendo assim, o partido tem de se relacionar com ele", insistiu Costa. No Senado, o ex-presidente avalia que � necess�rio reerguer pontes destru�das com a ala do senador Luiz Henrique (PMDB-SC) -- que perdeu a elei��o para Renan --, al�m de levar o PSB de volta para a base aliada e organizar a tropa, que nem l�der do governo tem at� hoje, ap�s a transfer�ncia de Eduardo Braga (PMDB-AM) para o Minist�rio de Minas e Energia.