O doleiro Alberto Youssef disse que foi Pedro Paulo Leoni Ramos, amigo do senador Fernando Collor (PTB-AL), quem mandou ele depositar dinheiro na conta do ex-presidente da Rep�blica. A afirma��o consta de v�deo de seu depoimento em dela��o premiada gravado em 11 de fevereiro, perante a delegada �rika Mialik Marena, os procuradores Andrey Borges e Bruno Calabrich e o promotor Wilton Queiroz. “Eu tinha um cliente, Pedro Paulo L�onidas (sic), e, a pedido desse cliente, eu fiz esses dep�sitos ao Fernando Collor”, disse Youssef, em uma sala da superintend�ncia da Pol�cia Federal em Curitiba.
De in�cio, o doleiro disse que tinha “algum tempo” que pagamentos em conta corrente e em esp�cie eram feitos, mas afirmou depois que eles foram feitos antes e depois de uma opera��o intermediada por Pedro Paulo, o PP. Tratava-se de um neg�cio entre a BR Distribuidora, onde Collor tem afilhados pol�ticos, e uma rede de postos controlada pelo banco BTG Pactual, de Andr� Esteves. “Foram feitos v�rios dep�sitos e entregas para Collor, antes e depois da referida opera��o envolvendo a rede de Postos”, afirmou Youssef.
O ex-presidente Fernando Collor responde a inqu�rito no Supremo Tribunal Federal por evas�o de de divisas. Documentos banc�rios mostram os dep�sitos de Youssef. Ele disse que o senador do PTB de Alagoas recebeu valores em esp�cie em um apartamento em S�o Paulo. Quem fazia o transporte era Rafael �ngulo, funcion�rio do delator. Youssef contou aos procuradores encarregados por Rodrigo Janot de ouvi-lo em Curitiba que Rafael �ngulo, seu courrier, foi quatro ou cinco vezes fazer entregas de valores a um emiss�rio de Collor em Alagoas. Os valores eram entregues ao emiss�rio tamb�m em S�o Paulo, para receber em nome do ex-presidente. Em duas ou tr�s entregas, os valores retirados em S�o Paulo giraram na casa dos R$ 200 mil e R$ 300 mil.
Segundo Youssef, todos os pagamentos eram feitos descontando-se da esp�cie de “conta corrente” que Pedro Paulo Leoni Ramos, o “PP”, mantinha com o doleiro.
Por conta do neg�cio entre a BR e o BTG, “PP” pediu ao doleiro para remeter R$ 2 milh�es para o exterior, quantia que ficou guardada em contas em nome de Leonardo Meirelles, do laborat�rio Labogen. Para o procurador Rodrigo Janot, “h� ind�cios veementes” de que Collor praticou evas�o de divisas e lavagem.
Estou limpo
H� cerca de duas semanas, Collor negou irregularidades, mas, mais uma vez, n�o explicou porque recebeu em suas contas correntes dinheiro do doleiro.
No dia 7, disse que est� “limpo”. “Estranho e reajo com veem�ncia”, afirmou ele na rede social facebook. “Estou limpo, n�o temo nenhuma investiga��o e vou provar, mais uma vez, minha inoc�ncia. Reafirmo o que j� disse, inclusive na tribuna do Senado Federal, quando tomei a iniciativa de exigir das autoridades os devidos esclarecimentos: n�o mantive qualquer tipo de rela��o pessoal, pol�tica ou empresarial com o tal do doleiro contraventor.” Ele disse que o STF j� comprovou sua inoc�ncia em dois julgamentos “em fun��o do turbilh�o de den�ncias falsas que levaram � cassa��o pol�tica de meu mandato presidencial”. “Estou novamente pronto para enfrentar e provar que nada tenho a ver com esse esquema criminoso.”
No dia 11, Collor atacou o Minist�rio P�blico e a imprensa. “O Minist�rio P�blico, coadjuvado histericamente pelos meios, criou, em torno da dela��o premiada, todo um ambiente hostil, em que a palavra de um not�rio contraventor vale mais do que as prerrogativas de um agente investido de mandato parlamentar”, disse ele, na rede social facebook.
O doleiro funcionava como uma esp�cie de “banco” para certos clientes. Pedro Paulo, o “PP”, tinha uma conta com Youssef, usada para fazer transfer�ncias e dep�sitos.