S�o Paulo- Para o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), os recentes protestos contra o governo podem levar a um novo equacionamento das for�as pol�ticas e do programa de governo da presidente Dilma Rousseff. Temer tamb�m n�o descartou uma mudan�a no primeiro escal�o do governo, mas, para ele, a reforma ministerial n�o vai responder "aos anseios da popula��o".
No auge do embate entre Cid e a Casa, o PMDB, principal partido da base aliada de Dilma, amea�ou deixar a coaliz�o governista. A sa�da do ministro deve antecipar mudan�as na equipe do primeiro escal�o. O PMDB, por sua vez, quer aumentar o n�mero de minist�rios sob seu comando.
Protestos
Ao avaliar as manifesta��es ocorridas no domingo, 15, Temer disse que um povo desatento ao que acontece pode gerar governo desp�ticos, centralizados, mesmo que democr�ticos, e considera os protestos uma esp�cie de "rebeli�o" contra a classe pol�tica.
"Quando se tem esse tipo de movimento de rua, � preciso ouvir e dialogar muito, ter humildade e isso n�s temos", afirmou em entrevista a Roberto D'Avila, na Globo News. Segundo ele, a oposi��o �s vezes � feita pelos movimentos de rua, o que gera uma tens�o maior para o governo. "Temos que estar atentos, dar-lhes a import�ncia devida e verificar quais s�o os equ�vocos".
Participa��o no governo
Convidado a participar do chamado n�cleo duro do governo, ao lado de ministros de confian�a de Dilma, Temer disse que � "natural" ser convocado pela presidente Dilma Rousseff (PT) apenas em momentos de crise. A aproxima��o � entendida como um gesto do Planalto de se reaproximar com o partido do vice-presidente.
O vice afirmou ter consci�ncia da posi��o institucional que ocupa, de substituir a presidente quando ela se ausenta do Pa�s, e disse ser tratado por Dilma "com uma delicadeza institucional, al�m de uma delicadeza pessoal".
Ele afirmou que a presidente "tem ouvido muito as pessoas" e negou que tenha dificuldades de lidar com o PT. "� um partido que nasceu de convic��es muito s�lidas no passado. Como todo partido, busca mais seus interesses no poder", afirmou. "Conflito sempre existe, mas tenho um di�logo muito tranquilo com os companheiros petistas."
Temer afirmou que conversa de vez em quando com o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e que o l�der petista e o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso devem ser sempre ouvidos.
Oposi��o
Questionado se acha poss�vel neste momento um pacto com todas as for�as pol�ticas brasileiras, Temer afirmou que n�o acha "improv�vel". Ele lembrou que o ex-governador de S�o Paulo Franco Montoro, de quem foi secret�rio, dizia que existe um momento eleitoral - em que as partes exageram o discurso - e um momento pol�tico-administrativo, em que posi��o e oposi��o trabalham juntos pelo pa�s. "Tenho feito esse di�logo com frequ�ncia", disse. "A raiva precisa acabar. N�o se faz pol�tica com o f�gado. Em pol�tica n�o se tem inimigo, mas advers�rio, aquele que adversa, est� do outro lado. N�o entender isso � comprometer as bases do sistema democr�tico."
Temer voltou a dizer que um impeachment da presidente � "impens�vel" neste momento porque nenhuma atitude de Dilma se enquadra nas possibilidades para impedimento. Al�m da falta de base legal, o vice alertou para o risco de se criar uma "crise institucional" que n�o � boa para o Pa�s.
Lava-Jato
Questionado sobre o efeito das den�ncias de corrup��o sobre as manifesta��es, Temer afirmou que "grave seria se houvesse corrup��o e houvesse tentativa de jog�-la para baixo do tapete". Segundo o vice-presidente, os �rg�os respons�veis pela investiga��o cumprem suas fun��es. "Isso � que depura para que l� para frente n�o tenhamos corrup��o nenhuma", disse.
Ele descartou a possibilidade de persegui��o de parlamentares pela Procuradoria-Geral da Rep�blica - como sugerido por seus correligion�rios Eduardo Cunha (RJ) e Renan Calheiros (AL) - mas afirmou que pode haver equ�vocos na interpreta��o dos ind�cios.
Temer ressaltou contudo, que o processo contra os pol�ticos ainda est� em fase de investiga��o e n�o den�ncia, que j� seria um "fato mais grave".
Fundo Partid�rio
Temer minimizou a decis�o do Congresso de triplicar as verbas para o Fundo Partid�rio, fonte de custeio dos partidos pol�ticos, mesmo num ano de ajuste fiscal. "A ideia do partido � ser um canal de comunica��o do povo com o poder. O ideal seria que nada custasse, mas � o custo da democracia."