
Curitiba – O empreiteiro Dalton Avancini, diretor-presidente da Camargo Corr�a Constru��es e Participa��es, deixou nessa segunda-feira a Cust�dia da Pol�cia Federal em Curitiba (PR) e seguiu escoltado por agentes direto para sua casa, em S�o Paulo, onde aguardar� o fim do processo da Lava-Jato em regime de pris�o domiciliar. Assim como seu colega de empreiteira, Eduardo Leite, vice-presidente, ele ter� que usar, dia e noite, uma tornozeleira eletr�nica.
Acusado de lavagem de dinheiro, corrup��o e organiza��o criminosa, Avancini deu 11 depoimentos nas �ltimas semanas no �mbito de dela��o premiada. O acordo foi homologado pela Justi�a Federal no Paran�. O empreiteiro foi preso em 14 de novembro durante a Opera��o Ju�zo Final, s�tima etapa da Lava-Jato que mirou o bra�o empresarial do esquema de corrup��o que se instalou na Petrobras. A for�a-tarefa da Lava-Jato descobriu que o cartel tomou conta de contratos bilion�rios da Petrobras no per�odo entre 2003 e 2014. Em troca de propinas para pol�ticos – pelo menos 50 deputados, senadores e governadores est�o sob investiga��o – e para ex-dirigentes da estatal petrol�fera, as empreiteiras distribu�am valores, inclusive para o caixa de partidos.
Avancini relatou aos investigadores detalhes da a��o do cartel na Petrobras e tamb�m em outras �reas do governo federal. H� duas semanas, Eduardo Leite foi escoltado para casa, em S�o Paulo, de tornozeleira eletr�nica. No total, 15 acordos foram feitos com o Minist�rio P�blico Federal (MPF). Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, tamb�m cumpre pena em casa.
SEGREDO DE JUSTI�A Leite e Avancini prometeram revelar o que sabem sobre corrup��o na Petrobras e outras empresas p�blicas, e aceitaram pagar R$ 7,5 milh�es de multa – R$ 5 milh�es o primeiro e R$ 2,5 milh�es para o outro. “Dalton Avancini colaborou e vai continuar colaborando com a Justi�a”, disse o criminalista Pierpaolo Bottini, que defende o empres�rio e nessa segunda-feira levava uma mala no carro ao deixar a cust�dia da PF em Curitiba antes da transfer�ncia do seu cliente. “O importante � que ele est� em casa. � o fim de um tormento.” O teor das revela��es que fizeram continua sob segredo de Justi�a, mas a reportagem apurou que ambos citaram o pagamento de propina na licita��o da usina nuclear Angra 3 e revelaram o nome de outros executivos da empreiteira que participaram do esquema de suborno.
Num trecho de um dos depoimentos de Leite que os procuradores tornaram p�blico, ele diz que o tesoureiro do PT, Jo�o Vaccari Neto, sabia do esquema de pagamento de propina na diretoria de Servi�os da Petrobras. Ainda de acordo com Leite, Vaccari teria dito a ele que sabia que a Camargo Corr�a atrasara o pagamento de R$ 10 milh�es em propina e sugeriu que o valor fosse depositado como doa��o oficial ao partido. O advogado de Vaccari, Luiz Fl�vio Borges D’Urso, refutou de forma veemente que seu cliente soubesse das irregularidades na Petrobras e negou que ele tenha pedido que o suborno fosse pago por meio de contribui��o oficial. O PT repete em sucessivas notas que o partido s� aceita contribui��es legais, que s�o declaradas para a Justi�a eleitoral.
Ao prestar depoimento em dela��o premiada, Avancini informou que a empresa pagou pouco mais de R$ 100 milh�es em propina para obter contratos de obras na usina de Belo Monte. Ainda segundo Avancini, o valor foi dividido entre PT e PMDB, com cada um dos partidos abocanhando 1% do valor dos contratos.