O executivo Eduardo Leite, ex-vice presidente da Camargo Corr�a, alvo da Opera��o Lava-Jato, declarou � Justi�a Federal nessa segunda-feira, 18, que em 2010 - ano da primeira elei��o de Dilma Rousseff � Presid�ncia - encontrou-se com o ent�o tesoureiro do PT, Jo�o Vaccari Neto, que lhe teria pedido propina em forma de doa��o eleitoral.
Leite disse a Vaccari que precisava "discutir isso com a sua �rea institucional, ela responde pela �rea de doa��o eleitoral, o vice-presidente institucional � respons�vel pelo tema." Na audi�ncia diante do juiz federal S�rgio Moro, que dirige a Lava-Jato, foi perguntado a Eduardo Leite quando ocorreu a reuni�o com Vaccari. "Algo em torno de mar�o a maio de 2010", ele respondeu.
Ele tamb�m citou uma "reuni�o especifica", na mesma �poca, com o ent�o diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, em um hotel em S�o Paulo. "Ele (Costa) me chamou para falar sobre doa��o eleitoral, n�o propina, mas doa��o eleitoral. Ele falou: 'Eu, como diretor da Petrobras dentro do governo do PT, estou perguntando para as empresas quem � que vai colaborar na campanha eleitoral'."
Eduardo Leite disse que essa conversa ocorreu "provavelmente em 2010". Ele relatou ao juiz Moro que explicou a Costa que doa��o n�o era assunto de sua compet�ncia, mas de outra �rea da Camargo Corr�a. "Nunca mais ele me cobrou, s� voltou a falar desse tema quando j� tinha sa�do da Petrobras e veio essa solicita��o da Costa Global (empresa de Paulo Roberto Costa)."
O executivo � r�u da Lava-Jato por corrup��o ativa e lavagem e dinheiro. Ele assinou termo de colabora��o premiada - em troca de revela��es sobre o esquema de propinas na Petrobras almeja redu��o de pena.
Segundo ele, no in�cio de 2009, logo que assumiu a �rea comercial da Diretoria de �leo e G�s da empreiteira, reuniu-se com o lobista J�lio Camargo, com o ent�o diretor de Servi�os da Petrobras, Renato Duque, e o gerente de Engenharia da estatal, Pedro Barusco. Propina foi o tema do encontro na resid�ncia de Camargo. "Ali me foi informado quanto a empresa devia (em propinas de 1% sobre o valor de grandes contratos). A empresa tinha que atender a 'Casa' (diretores da estatal) e ao partido (PT). Era uma distribui��o que eles cuidavam. O que foi tratado foi o volume que a Camargo Corr�a devia e como ia fazer para efetuar o pagamento atrav�s do Julio Camargo. Ele representava o dr. Duque e o dr. Barusco nos pagamentos."
Leite declarou ao juiz S�rgio Moro que, quando assumiu a �rea comercial da Camargo Corr�a, "lhe foi passado um diagrama de quanto era devido em cada obra". Ele citou os contratos das obras da REPAR (Refinaria do Paran�), RNEST (Abreu e LIma) e RVAP (Vale do Para�ba). "O que sab�amos � que era um volume de contratos a partir de 2006 e, por todos eles, a gente devia 1% para a �rea de Servi�os."
Segundo Eduardo Leite, para a Diretoria de Abastecimento, sob comando do ent�o diretor Paulo Roberto Costa, o valor da propina tamb�m era de 1% sobre os contratos. "Para cada contrato existiam alguns contratos de consultoria. A gente olhava para a d�vida como um todo, quanto eu devo relativo a todos os contratos. A gente tenta p�r em dia ou vencer as necessidades para poder dar continuidade aos nossos contratos. Em todos os grandes contratos esse compromisso era pr�estabelecido."
Um procurador da Rep�blica indagou se o 1% podia ser negociado. "A gente tinha muita dificuldade em honrar o compromisso, no nosso caso o que a gente tinha que fazer era cumprir o fluxo de pagamentos. No nosso caso espec�fico n�o tinha essa chance."
N�o tinha uma margem de barganha?, insistiu o procurador. "N�o, a Camargo era devedora. Logo que a gente assinava o contrato eles se achavam credores do valor de 1%. Como a Camargo tinha apenas mecanismos parciais para os pagamentos estes eram feitos sobre faturamento."