Bras�lia - Na v�spera de o governo anunciar oficialmente o tamanho do contingenciamento no Or�amento de 2015, a presidente Dilma Rousseff se viu obrigada a fazer mais uma concess�o para garantir a aprova��o do ajuste fiscal no Congresso.
Na quinta-feira, 21, Dilma disse que o ajuste � fundamental para o "Brasil virar essa p�gina". Ela saiu em defesa de Levy e garantiu que o bloqueio de despesas or�ament�rias n�o vai paralisar as atividades do governo.
Ap�s reuni�o com Levy e o vice-presidente Michel Temer, o l�der do PMDB no Senado, Eun�cio Oliveira (CE), anunciou que o Planalto havia aceitado vetar um trecho da MP que exigia car�ncia m�nima de tr�s meses para o pagamento do abono. Isso mant�m a regra atual, que demanda apenas um m�s de trabalho para o acesso ao benef�cio.
A MP chegou a ser debatida no Senado na quarta-feira, 20, mas a articula��o pol�tica do governo avaliou que ela poderia ser rejeitada e a vota��o foi adiada. O Planalto espera que a promessa de veto pacifique os aliados e abra caminho para a aprova��o da proposta na ter�a-feira.
C�lculos do consultor de Or�amento da C�mara, Leonardo Rolim, mostram que a redu��o da poupan�a esperada pela Fazenda com a concess�o � pequena, de cerca de R$ 200 milh�es em 2016 em rela��o ao relat�rio que est� sob an�lise.
Apesar disso, outras altera��es no prazo de car�ncia do abono salarial feitas desde quando a MP foi lan�ada s�o mais significativas. A medida inicialmente aumentava para seis meses o tempo de trabalho m�nimo para o recebimento do benef�cio, uma exig�ncia que foi cortada pela metade pelos deputados, a um custo de R$ 850 milh�es para o governo, de acordo com Rolim. Dessa forma, as sucessivas revis�es apenas desse item j� representariam uma perda superior a R$ 1 bilh�o.
"Eu espero a aprova��o (das Medidas Provis�rias 664 e 665, que alteram benef�cios previdenci�rios e trabalhistas). Por que eu espero a aprova��o e quero a aprova��o? Porque, para o Brasil virar essa p�gina, � fundamental que n�s fa�amos um ajuste", disse Dilma a jornalistas, antes de almo�o ontem no Itamaraty com o presidente do Uruguai, Tabar� V�zquez. "N�s temos de recompor as nossas contas fiscais para poder prosseguir. Como a gente recomp�e as contas fiscais? Com essas duas MPs e com o PL da desonera��o", afirmou a presidente.
Lideran�as da base do governo no Senado cobraram o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para que ele e o PT enquadrem o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), apontado como o respons�vel pelo rev�s sofrido pelo governo no Senado. Com o diagn�stico de que uma medida vital para o ajuste fiscal poderia ser rejeitada, aliados do Planalto manobraram para adiar a vota��o, jogando a an�lise da proposta para a �ltima semana de validade da MP.
O Planalto foi surpreendido pela atitude do senador, que subscreveu manifesto elaborado por um grupo suprapartid�rio contra as medidas do ajuste e a pol�tica econ�mica tocada pelo ministro Joaquim Levy.
Tentando minimizar o mal-estar com o posicionamento de Lindbergh, Dilma disse que "as pessoas podem pensar diferente dentro de todos os partidos". "Eu n�o tenho a mesma posi��o (do Lindbergh) em rela��o ao Joaquim Levy. O Joaquim Levy � da minha confian�a, fica no governo", rebateu Dilma.
Paralisia
Sobre o n�mero do contingenciamento, que ser� oficialmente apresentado hoje, a presidente garantiu que o corte n�o vai ser pequeno.
"Nenhum contingenciamento paralisa governo; o governo gasta menos em algumas coisas. Quando uma pessoa faz economia, ela n�o paralisa a casa, n�o �? Ela faz economia. N�s vamos fazer uma boa economia para que o Pa�s possa crescer, ter sustentabilidade no crescimento", disse a presidente.
Apesar de todo o sufoco por causa da necessidade de adiamento da vota��o das Medidas Provis�rias 665 e 664 no Senado, o governo est� convencido de que conseguir� aprovar os textos antes de eles perderem a vig�ncia, em 1º de junho.
"� sempre assim", disse Dilma ao jornal O Estado de S. Paulo, ap�s o almo�o de quinta-feira no Itamaraty. Demonstrando total tranquilidade com a aprova��o das MPs, a presidente insistiu que essas tens�es sempre acontecem, mas, no fim, "tudo se resolve".