Bras�lia – O governo est� apostando todas as fichas na aprova��o das medidas de ajuste fiscal que est�o no Congresso, uma vez que o corte hist�rico de R$ 69,9 bilh�es no Or�amento de 2015, anunciado na sexta-feira, n�o � suficiente para equilibrar as contas p�blicas. Depois da reuni�o de coordena��o pol�tica no Pal�cio do Planalto, os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e da Casa Civil, Alo�zio Mercadante, foram incisivos sobre a import�ncia do ajuste, numa entrevista conjunta determinada pela presidente Dilma Rousseff para mostrar que n�o h� arestas na equipe. Mercadante, cobrou fidelidade da bancada do PT no Senado para aprova��o das MPs 664 e 665, que tratam de benef�cios previdenci�rios e trabalhistas, como pens�o por morte, abono salarial e seguro-desemprego, e Levy tratou de negar que tenha ficado insatisfeito com o bloqueio de gastos aqu�m do defendia.
Para tentar aplacar os �nimos dos senadores, o ministro-chefe da Casa Civil anunciou a cria��o de uma comiss�o para buscar alternativa ao fim do fator previdenci�rio. Na vota��o da MP 664, na C�mara, os deputados inclu�ram na medida uma altera��o nas regras da aposentadoria, que o Senado promete manter. Sem extinguir o fator, eles estipularam que as mulheres ter�o acesso ao benef�cio integral quando a soma de sua idade com o tempo de contribui��o for 85, e os homens, quando a conta der 90.
Na tentativa de afastar mal-entendidos sobre sua aus�ncia no an�ncio de contingenciamento e os boatos de uma poss�vel sa�da, Levy afirmou que o corte “teve o tamanho adequado”, que as receitas aprovadas no Or�amento h� um m�s estavam em desacordo com a arrecada��o e que estava resfriado no dia do an�ncio. Chegou at� a tossir diante do microfone. O ministro defendia um corte mais profundo, de R$ 80 bilh�es.
A ideia da entrevista conjunta era demonstrar que Levy continua como fiador do ajuste fiscal e que n�o h� diverg�ncias entre ele e o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Mas o titular da Fazenda terminou contradizendo o colega, que na sexta-feira estimou que a economia come�aria a dar uma virada no segundo semestre deste ano. Para Levy, o in�cio da recupera��o s� deve ser esperado para 2016. Antes da entrevista coletiva, ele havia dito que o pa�s precisa repensar o gasto de recursos p�blicos a longo prazo e que “acabou o dinheiro”.
Desalinhamento
A falta de alinhamento no discurso na equipe econ�mica, na avalia��o do economista Vin�cius Botelho, do Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Getulio Vargas (Ibre/FGV), � preocupante. “Essa sinaliza��o abre um precedente ruim. � o primeiro rev�s que fica evidente para o p�blico externo e isso acaba abrindo margem para maiores d�vidas em rela��o ao ajuste fiscal”, afirmou. “Ainda existe um esfor�o grande para alinhar o ajuste, mas � importante manter a percep��o de que ele est� sendo feito com intensidade poss�vel dada a gravidade do momento”, alertou.
O ministro da Fazenda demostrou preocupa��o com a desacelera��o da economia, mas quis desfazer o que ele considera um equ�voco nas an�lises. “Como tenho dito, o PIB (Produto Interno Bruto) n�o est� devagar por causa do ajuste, mas estamos fazendo o ajuste porque o PIB vinha devagar”, disse. Sobre a possibilidade de elevar impostos para cobrir o rombo das contas p�blicas, ele foi cauteloso. “A gente tem que ir com calma na parte de imposto. N�o adianta a gente inventar novos impostos como se isso fosse salvar a economia brasileira”, declarou.