
Insatisfeito com o PT desde a campanha eleitoral do ano passado, o senador Paulo Paim (RS) vem sinalizando a possibilidade de deixar a legenda e, consequentemente, tem atra�do a aten��o de outros partidos. O ass�dio aumentou com o desconforto manifestado pelo pol�tico ga�cho em rela��o �s medidas provis�rias que dificultaram o acesso a benef�cios trabalhistas em prol do ajuste fiscal. Em entrevista nesta ter�a-feira, Paim afirmou que est� mais pr�ximo de PSB, PV e Rede, mas que a perman�ncia no PT n�o est� descartada. A decis�o sobre uma eventual troca de sigla se dar� at� o final de 2015.
"Tenho dito que at� o fim do ano muita coisa vai acontecer na nova acomoda��o pol�tica do pa�s mediante a situa��o em que estamos, que n�o � boa nem no campo pol�tico, nem no social nem no econ�mico. E eu, particularmente, estou muito chateado com a pol�tica capitaneada pelo (ministro da Fazenda) Joaquim Levy", afirmou. "Pedi (aos partidos) um prazo at� o fim do ano."
Paim explicou que atualmente est� "dialogando, ouvindo e refletindo". Nesta ter�a-feira, 9, tinha um almo�o com lideran�as do PSB em Bras�lia que acabou cancelado por problemas de agenda - o senador esteve ontem em Florian�polis para uma audi�ncia p�blica sobre terceiriza��o e fator previdenci�rio e, de acordo com sua assessoria, n�o chegaria a tempo do encontro. O contato com os socialistas, no entanto, ocorre h� meses. Recentemente, Paim teve um "longo" e "produtivo" bate-papo com Rom�rio (SB-RJ), seu colega no Senado.
As conversas com a Rede tamb�m s�o frequentes. "Uns 14 dirigentes da Rede estiveram dialogando comigo. Estou numa linha de apontar para algo que seja uma vis�o nova, moderna, uma estrutura que tenha compromisso com os direitos humanos e com o ecossistema. Uma vis�o diferente daqueles partidos tradicionais, dos quais eu acho que o brasileiro j� cansou", disse o parlamentar ga�cho. A ex-senadora Marina Silva, principal lideran�a do partido em forma��o, convidou-o para um almo�o nesta quinta-feira.
Na semana passada, Paim recebeu o convite formal para se filiar ao PV do Rio Grande do Sul, com o qual tamb�m se identifica. "� um partido que, em tese, � novo, e que trabalha com o meio ambiente e o direito � vida. Tem esse vi�s humanista que me � simp�tico", afirmou.
Apesar de reconhecer que PSB, Rede e PV s�o as legendas com as quais tem conversado "mais intensamente", Paim deixa claro que seu futuro pol�tico est� em aberto. Ele lembra que mant�m contato com outras siglas, como o PDT, e esclarece que nenhuma decis�o ser� tomada antes de aprofundar o di�logo com o pr�prio PT, ao qual est� filiado h� 30 anos.
De acordo com o Paim, o "desejo de mudan�a" � compartilhado com colegas de partido e j� foi tema de conversas com o ex-presidente Lula. "N�o sou s� eu que estou propondo mudan�as. O Tarso Genro est� propondo, o Ol�vio Dutra est� propondo, a bancada est� propondo. Quero ver o que � poss�vel construir ou n�o", falou.
Prazo
Paim tomar� uma decis�o ainda em 2015 porque pretende ter participa��o nas elei��es municipais de 2016. "N�o sou de ficar fora de uma disputa, a n�o ser que n�o queiram que eu entre", avisou o senador, que descarta, contudo, a possibilidade de concorrer � prefeitura de Porto Alegre. "N�o sou candidato em hip�tese nenhuma. Mas acho que voc� n�o pode se omitir de uma disputa em prol de um projeto em que voc� acredita, e que passa tamb�m pelas elei��es municipais."
Paim � um dos principais cr�ticos ao modelo de ajuste fiscal que vem sendo implementado pelo governo. No �ltimo dia 26, foi um dos tr�s senadores petistas - ao lado de Lindbergh Farias (PT-RJ) e de Walter Pinheiro (PT-BA) - que votaram contra a Medida Provis�ria 665, que restringe o acesso a benef�cios trabalhistas como seguro-desemprego e abono salarial. No dia seguinte, acompanhou a bancada votando a favor da MP 664, que altera benef�cios previdenci�rios, mas o fez somente porque o texto inclu�a a flexibiliza��o do c�lculo para aposentadoria integral, o chamado fator previdenci�rio.
Para o parlamentar, o fato de o governo "ter recuado bastante" no conte�do das duas MPs permitiu que ele permanecesse no partido este ano. Um eventual veto da presidente Dilma Rousseff � emenda do fator previdenci�rio poderia ser decisivo na escolha do senador. "Se ela vetar, vamos trabalhar com unhas e dentes para derrubar o veto de qualquer jeito no Congresso. A�, o confronto vai ser inevit�vel", resumiu.