"Perplexo". "Pasmo". "Incr�dulo". Esses foram alguns dos adjetivos utilizados por presidentes de empresas para definir a rea��o diante da pris�o do presidente do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht. Herdeiro de uma dinastia de empreiteiros, o empres�rio � neto de Norberto Odebrecht, que fundou o grupo em 1944, e filho de Em�lio Odebrecht, que presidiu a companhia at� 2001.
Marcelo Odebrecht � considerado um dos homens de neg�cios mais bem formados e influentes do Brasil e sob sua gest�o o grupo atingiu a marca de R$ 100 bilh�es em faturamento. Arrojado, foi ele o respons�vel por fazer a empresa avan�ar na petroqu�mica, com a consolida��o da Braskem, na constru��o de grandes hidrel�tricas, e na internacionaliza��o, abrindo novos canteiros de obras em 21 pa�ses, incluindo os controversos Cuba e Venezuela, onde o grupo atua com apoio financeiro do BNDES. Sua fortuna pessoal, avaliada em R$ 15 bilh�es, o coloca na lista dos 10 mais ricos do Pa�s, segundo levantamento do banco UBS em parceria com a Wealth-X.
N�o foi � toa que a not�cia de sua pris�o ontem causou um furor em investidores no Brasil e tamb�m pelo mundo. As a��es da Braskem ca�ram 9%. Os t�tulos externos, que somam R$ 30 bilh�es, tamb�m foram afetados.
Os bancos fizeram as contas e fecharam as torneiras imediatamente. Os concorrentes j� come�am a falar em fim do modelo de concess�es, proposto h� pouco menos de um m�s pela presidente Dilma Rousseff.
O baque sobre os �nimos dos executivos do setor leva em considera��o justamente a teia de conex�es do empres�rio, bem como o peso e a influ�ncia dos neg�cios do grupo. "Se prenderam o Marcelo, eles devem ter muito mais do que batom na cueca: t�m fotos, filmes, digitais, t�m de tudo", disse o presidente de uma grande empresa. "Se uma Odebrecht tiver problemas, ela vai levar tudo com ela: bancos, empresas, governo. Vai ser um arrast�o."
Um ex-executivo da companhia vaticina: "Se ele quiser, derruba todo mundo. Tudo que est� a�". "Mas n�o acredito que v� fazer", afirma, lembrando a passagem de Ailton Reis, um diretor da Odebrecht que, por volta de 1994, teve uma s�rie de documentos que poderiam comprometer a construtora apreendida em sua casa, em Bras�lia. Durante a Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito dos An�es do Or�amento, que investigava propinas pagas a parlamentares para obten��o de emendas, Ailton foi firme, apesar dos documentos, segundo esse executivo.
"A Odebrecht cuida de seus funcion�rios, d� suporte � fam�lia, paga os melhores advogados." A empresa n�o teve nenhuma acusa��o confirmada.
Bancos
Ontem (19), o temor entre executivos era de que os bancos restrinjam ainda mais a oferta de cr�dito - n�o s� para Odebrecht e Andrade Gutierrez, agora alvos da Lava Jato, mas para todo o setor. "Vai ficar mais dif�cil para a infraestrutura", disse o executivo de uma companhia que n�o � investigada, mas atua na �rea. Executivos de bancos confirmaram o temor: "A redu��o de cr�dito tende a ser generalizada", disse um deles. J� um executivo que teve a empresa investigada nas primeiras fases lamentava: "Se tivesse sido todo mundo junto no come�o, n�o teria afetado ningu�m. Mas dividiram... n�s j� sofremos e agora s�o eles que v�o sangrar".