Bras�lia - Um dia ap�s a C�mara ter decidido vincular todos os benef�cios da Previd�ncia Social � pol�tica de valoriza��o do sal�rio m�nimo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sinalizou que a Casa pode alterar o texto da medida provis�ria ao afirmar que a quest�o fiscal tem de ser colocada acima de qualquer outra.
Para Renan, � fundamental aprofundar o debate para que n�o se cometam "equ�vocos". A fala de Renan demonstra uma sutil mudan�a de postura. Os dois estavam em rota de colis�o desde que Renan teve importantes aliados retirados de cargos-chave no governo Dilma.
'Irrespons�vel'
O l�der do governo na Casa, Delc�dio Amaral (PT-MS), disse n�o ter d�vidas de que os senadores v�o mudar o texto. "O Senado sabe que isso quebra o Brasil." O l�der do PT no Senado, Humberto Costa (PE), chamou a altera��o feita pelos deputados de "irrespons�vel" e "perigosa" e disse que os senadores da base podem ter uma "converg�ncia" contra a proposta, ao contr�rio do que ocorreu na C�mara. "O Congresso, particularmente a C�mara, conspira o tempo inteiro para que esse desequil�brio se aprofunde", criticou.
A MP, que deve ser votada pelos senadores na pr�xima semana, tem de ser apreciada pelo Congresso at� 7 de agosto, sen�o perde a validade. Se alterada, a MP volta para a C�mara. O presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que a aprova��o da emenda que vinculou a corre��o de todos os benef�cios da Previd�ncia � pol�tica de valoriza��o do sal�rio m�nimo foi um "erro e esse erro precisa ser corrigido". "Se n�o, os sinais que vamos dar para os mercados � de um descontrole da pol�tica fiscal de uma tal maneira que n�o haver� medidas ou nem quem possa resolver."
Planalto
Preocupada com o rombo nas contas p�blicas, a coordena��o pol�tica do governo vai se articular para tentar alterar o texto no Senado, apesar das resist�ncias que sabe que ser�o enfrentadas com diversos parlamentares de diversos partidos.
No Planalto, a avalia��o � de que a derrota n�o pode ser atribu�da a um �nico partido, j� que houve defec��es em todas as legendas da base. Numericamente a derrota mais expressiva foi no PP, onde 18 dos 29 deputados tra�ram o Planalto. Mas o governo sabe que este n�o ser� o �nico nem o principal problema para conseguir reverter o clima de animosidade para a vota��o no Senado para derrubar a emenda inclu�da na C�mara, e depois, na volta do texto para aprecia��o dos deputados.
"Precisamos costurar muito bem essa estrat�gia porque, sen�o, todo o esfor�o alcan�ado com o ajuste vai por �gua abaixo", comentou um dos ministros que integra a coordena��o pol�tica. "Sabemos que h� resist�ncias at� dentro do PT e precisaremos trabalhar para buscar todos esses votos", prosseguiu.
Tabelinha
Nas �ltimas vota��es, segundo avalia��es do Planalto, Cunha n�o estaria atrapalhando. Mas o governo teve indicativos de que ele estaria contrariado com vetos que a presidente Dilma Rousseff teria feito na MP 668 que alterava al�quotas do PIS/Pasep, e na qual foram embutidos muitos "jabutis" e que poderia atrapalhar o Planalto por causa disso. O fato � que o Planalto sabe que Cunha e Renan "est�o fazendo tabelinha para ver quem inferniza mais a vida do governo".