Em depoimento � Justi�a Federal no Paran�, o ex-gerente de Engenharia da Petrobras e delator da Lava-Jato, Pedro Barusco, afirmou ao juiz S�rgio Moro que come�ou a tratar de propinas com o ex-tesoureiro do PT Jo�o Vaccari Neto em 2010 por meio de bilhetes repassados pelo petista para o ent�o diretor de Servi�os da estatal Renato Duque, preso na opera��o.
Barusco, que fazia a contabilidade da propina para Duque e registrava todos os repasses, reafirmou o teor de sua dela��o na audi�ncia e explicou que come�ou a tomar conhecimento de pagamentos de propina ao PT na medida em que foi ganhando confian�a de Renato Duque.
Ao ser questionado por Moro sobre quem introduziu a divis�o dos pagamentos, o delator contou que foi tomando conhecimento das divis�es da propina e dos repasses para o PT na medida em que Renato Duque falava com ele sobre o tema. "N�o � que introduziu (o PT na divis�o de propinas), ele (Renato Duque) passou a me dar mais informa��o, acredito que j� tenha (a divis�o de propinas com o PT) desde o come�o", disse, em refer�ncia ao ano de 2003 quando foi para a diretoria.
Com o tempo, Barusco passou a participar dos encontros entre Duque e Vaccari e, segundo o delator, as reuni�es envolvendo ele, o ex-tesoureiro e o ex-diretor ocorriam nos hot�is Windsor, em Copacabana, no Rio de Janeiro e Meli�, na regi�o da Avenida Paulista, em S�o Paulo. Al�m das propinas, eram tratados outros assuntos, como demandas e at� reclama��es das empresas que participavam das licita��es na estatal trazidas por Vaccari.
"Se falava sobre o andamento das licita��es, dos contratos, as vezes ele (Vaccari) trazia algum questionamento, alguma dificuldade, precisava resolver algum assunto (das empreiteiras), um assunto at� t�cnico assim, algum impasse. As vezes at� acontecia realmente de o contrato ter problemas de dif�cil solu��o, que, digamos assim, merece uma a��o da gerencia mais alta, eventualmente que alguma empresa n�o estava pagando", relatou.
Barusco reafirmou que n�o sabe como era operacionalizado os repasses para o PT, mas disse que, em alguns destes encontros ouvia de Vaccari que as empreiteiras n�o estavam repassando a propina. "N�o era o prop�sito especifico (conferir os repasses de propina nas reuni�es), mas as vezes acontecia (de algu�m reclamar): 'P� ele pagou para mim e n�o pagou para casa (nome dado a Duque e Barusco na divis�o da propina)'. N�o era esse o objetivo principal, mas as vezes acontecia n�? (de Vaccari indagar) 'est� te pagando? porque para mim n�o est�'", contou.
O depoimento de Barusco ocorreu na a��o penal contra Jo�o Vaccari Neto, Renato Duque e o executivo e tamb�m delator Augusto Ribeiro Mendon�a, da Setal. Nesta a��o, Augusto � acusado de repassar R$ 2,4 milh�es da propina destinada ao PT por meio de contratos com a editora Gr�fica Atitude. Apesar de ser um dos principais delatores da Lava-Jato, que entregou farta documenta��o aos investigadores sobre os repasses que ocorreram em 90 contratos da estatal, al�m de indicar os operadores que atuavam no esquema, Barusco n�o soube falar sobre o epis�dio espec�fico envolvendo o repasse para a Gr�fica.
Defesa
O criminalista Luiz Fl�vio Borges D'urso, que defende Jo�o Vaccari Neto, diz que "do ponto de vista da defesa o ponto mais importante do relato de Pedro Barusco � Justi�a Federal � que ele voltou a reafirmar que n�o sabe se Jo�o Vaccari Neto recebeu de fato algum numer�rio, como recebeu, onde recebeu, desconhecendo por completo essa situa��o. � o que ressaltamos de muito importante no depoimento dele (Barusco). A defesa de Renato Duque n�o foi localizada pela reportagem.