
Curitiba e S�o Paulo - Um dossi� do Principado de M�naco informou a for�a-tarefa da Opera��o Lava-Jato que o ex-diretor de Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada, preso nesta quinta-feira, 2, pela Opera��o Lava-Jato, tentou deslocar sua fortuna de 10,8 milh�es de euros - atualmente congelados - para uma subconta sediada em um banco naquele para�so fiscal.
Zelada solicitou que a subconta recepcionasse a carteira de t�tulos da Rockfield International AS, por ele constitu�da no Panam� e da qual � benefici�rio econ�mico efetivo. Mas a estrat�gia do ex-diretor da Petrobras n�o deu certo. Segundo M�naco, a institui��o financeira (Julius Baer Bank) 'n�o quis dar seguimento a essa solicita��o'.
Os dados sobre Zelada foram enviados ao Brasil pelo Servi�o de Informa��o e Controle dos Circuitos Financeiros do Governo do Principado de M�naco.
O alerta de M�naco sobre os movimentos de Zelada � datado de 15 de janeiro de 2015.
No cap�tulo 'fatos relevantes', o documento destaca que, desde junho de 2014, Jorge Luiz Zelada � objeto de investiga��o por parte das autoridades judiciais brasileiras. "De acordo com o inqu�rito policial, ele (Zelada) teria favorecido a empresa brasileira Odebrecht em processos de licita��o quando era diretor Internacional da companhia petrol�fera brasileira, a Petrobras, fun��o que ocupou de 2008 a 2012."
A Odebrecht nega pagamento de propinas e participa��o no suposto cartel de empreiteiras que se apossou de contratos bilion�rios da estatal.
Sucessor de Nestor Cerver� na �rea Internacional da Petrobras - cota do PMDB na estatal -, Jorge Luiz Zelada foi detido em car�ter preventivo por ordem do juiz federal S�rgio Moro, que conduz as a��es criminais decorrentes da investiga��o da Lava-Jato.
Ele � alvo da Pol�cia Federal e do Minist�rio P�blico Federal, sob suspeita de ter recebido propinas de empreiteiras acusadas de carteliza��o, fraudes em licita��o e lavagem de dinheiro.
M�naco revelou, ainda, que Zelada mant�m rela��es financeiras com o banco Julius Baer desde 2011, quando da abertura da conta em nome da empresa panamenha Rockfield International. Segundo o relat�rio de M�naco, o objetivo da abertura da conta empresarial no Principado era a recep��o de ativos por ele mantidos originalmente na Su��a, no banco Lombard Odier Darier Hentsch CIE para investimentos.
M�naco anotou tamb�m que o Minist�rio P�blico da Su��a teria aberto, em abril de 2014, um inqu�rito para investigar a pr�tica de lavagem de dinheiro envolvendo Zelada 'devidos a atos de corrup��o no caso Petrobras ap�s den�ncia da Unidade de Informa��es Financeiras da Su��a'.
Um m�s depois do alerta �s autoridades brasileiras, o Principado - acolhendo requerimento da for�a-tarefa da Lava-Jato - bloqueou o dinheiro do ex-diretor depositado no Julius Baer Bank. Na ocasi�o, o procurador da Rep�blica Deltan Dallagnol, que integra a for�a-tarefa, declarou. "Se n�s tiv�ssemos o crime de enriquecimento il�cito, n�s estar�amos oferecendo acusa��o criminal contra Zelada. Porque n�o o temos, devemos prosseguir nas investiga��es at� alcan�armos provas consistentes para que, a� sim, possamos formular acusa��es criminais."
Na avalia��o de Deltan Dallagnol, o enriquecimento il�cito deveria ser classificado como crime. "� uma das lacunas do nosso sistema jur�dico."
Defesa
O criminalista Eduardo de Moraes, que defende Jorge Luiz Zelada, classificou de 'absolutamente desnecess�ria' a pris�o do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. Moraes ressaltou que ainda n�o teve acesso ao decreto de pris�o, despachado pelo juiz federal S�rgio Moro, que conduz todas as a��es penais decorrentes das investiga��es sobre propinas e cartel na estatal petrol�fera.
Ele destacou que seu cliente foi preso em casa, no Rio, o que demonstra a disposi��o de Zelada em n�o fugir do Pa�s ou se esquivar da Lava-Jato. "O nome do meu cliente j� vinha h� algum tempo sendo veiculado pela imprensa e Jorge Zelada, hoje, foi preso em casa, repito, em casa", anotou o criminalista, em e-mail para a reportagem do Estad�o.
Os investigadores acreditam que Zelada tentou 'pulverizar' seus ativos em M�naco para driblar o rastreamento da for�a-tarefa. O pedido de migra��o dos valores para uma subconta foi realizado em agosto de 2014, quando a fase ostensiva da Lava-Jato j� havia sido deflagrada - em mar�o do ano passado -, levando � pris�o o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.