
Bras�lia e Curitiba – O Pal�cio do Planalto e o PT lavaram as m�os ap�s a pris�o do ex-chefe da Casa Civil Jos� Dirceu para tentar evitar a contamina��o das pr�prias vestes. Nem o partido nem o governo defender�o o ex-homem forte petista, preso na 17ª Fase da Opera��o Lava-Jato. “N�o podemos ficar choramingando pelos cantos, precisamos governar”, disse uma fonte graduada palaciana. J� a Executiva do PT reuniu-se por seis horas em Bras�lia para divulgar uma nota na qual nem sequer cita o ex-ministro, que foi transferido nessa ter�a-feira (4) para Curitiba, onde est�o os demais presos da Lava-Jato. Na capital paranaense, foi recebido aos gritos de “ladr�o” e “vagabundo”. Quando os carros da Pol�cia Federal cruzaram a entrada da superintend�ncia da corpora��o, um grupo de 50 manifestantes, com faixas de apoio ao juiz federal S�rgio Moro e �s a��es policiais, soltou fogos de artif�cio.
Lavar as m�os n�o significa que a pris�o de Dirceu n�o tenha abalado governistas e petistas. Pior. Foi uma bomba que explodiu no momento em que ambos ensaiavam uma rea��o. Dirceu preso pela segunda vez em menos de dois anos � simb�lico. E uma nova amea�a est� no ar: as dela��es premiadas do ex-diretor de Servi�os da Petrobras Renato Duque.
Duque � o primeiro homem organicamente ligado ao PT a fechar acordo de colobora��o. E, mesmo com o ex-tesoureiro Jo�o Vaccari Neto preso, Dirceu tem uma dimens�o de trof�u pol�tico muito maior. Tanto que chamou a aten��o entre os petistas a mudan�a no patamar das entrevistas dos procuradores de Curitiba. “Dirceu passou de algu�m que teria recebido propina para ‘idealizador’ do esquema”, apontou um integrante da executiva petista.
No encontro dessa ter�a-feira, em Bras�lia, o clima era de des�nimo e depress�o total. “Foi p�ssimo acontecer isso na semana em que vai ao ar a propaganda do partido (marcada para amanh�) e a 12 dias das manifesta��es de rua contra o governo da presidente Dilma”, disse outro integrante da m�quina partid�ria.
Falc�o, contudo, evitou confirmar que o partido estava abandonando Dirceu, embora haja um discurso ensaiado para justificar isso: diferentemente de 2012, quando foi condenado no mensal�o e recebeu amplo apoio do partido (leia mem�ria), agora o ex-chefe da Casa Civil � acusado de ter embolsado dinheiro.
No Planalto, a ordem tamb�m � impor uma redoma de prote��o � presidente e ao governo. Dilma comemorou nessa ter�a-feira os dois anos do Programa Mais M�dicos – um das poucas coisas que ela conseguiu tirar do papel ap�s as manifesta��es de junho de 2013. Tamb�m prepara-se para lan�ar, ainda este m�s, a terceira etapa do Minha Casa, Minha Vida. Segundo interlocutores da presidente, o lema baixado por Dilma � “precisamos governar”, emoldurado pela frase dita pelo ministro da Defesa, Jaques Wagner, sobre a pris�o de Dirceu: “As investiga��es seguem e o pa�s tamb�m segue.”
Porta dos fundos
Dirceu foi para Curitiba numa aeronave pr�pria da PF. “Tem�amos que algo pudesse ocorrer num voo normal. Na chegada, recebemos a informa��o de que havia um grupo bastante animado no pr�dio. Ficamos com receio de que ele sofresse algum tipo de agress�o”, disse o delegado Igor de Paula. Enquanto todos esperavam Dirceu descer de uma van da PF, ele entrou pelos fundos do pr�dio. O ex-ministro divide a cela com dois presos acusados de contrabando. Ele est� numa ala em que h� outros investigados da Lava-Jato, mas em celas diferentes. “A inten��o � evitar uma articula��o de respostas”, justificou Igor.
Mem�ria
Aplausos em 2012
A condena��o do ex-ministro Jos� Dirceu pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensal�o, em 2012, gerou rea��es de apoio ao pol�tico entre os correligion�rios do PT. Numa reuni�o do diret�rio nacional do partido, ele foi recebido com aplausos e gritos de guerra. Na �poca, o ent�o presidente da C�mara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), foi um dos que saiu na defesa do colega. “O que tenho dito � que nossa expectativa � que o STF fa�a um julgamento equilibrado � luz das provas que foram produzidas e que tenha car�ter eminentemente t�cnico. No caso do ex-ministro Jos� Dirceu, n�o h� absolutamente nenhuma prova, nenhum elemento que permita a sua condena��o da forma como est� sendo feito”, disse. Em 14 de novembro de 2014 – dois dias depois da defini��o das penas pelos ministros do STF –, a executiva nacional do PT se reuniu e lan�ou um documento em que criticou a condu��o do processo do mensal�o pelo Judici�rio.