A dimens�o dos protestos de domingo ainda � desconhecida, mas o agravamento da crise p�s Dilma numa situa��o mais delicada em rela��o a cinco meses atr�s. Na economia, o dinheiro ficou mais curto e o desemprego avan�ou. A infla��o acumulada dos �ltimos 12 meses saltou de 8,12%, em mar�o, para 9,55%, em julho, segundo o �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).
Nesse mesmo per�odo, o Banco Central (BC) aumentou a taxa b�sica de juros (Selic) de 12,75% para 14,25%. O n�mero de desempregados cresceu no pa�s e, segundo o IBGE, a taxa de desocupa��o passou de 6,2%, em mar�o, para 6,9%, em julho. “As falhas do governo petista s� come�aram a aparecer. Antes, fal�vamos que a infla��o, o desemprego e os problemas nas contas do governo aumentariam. Agora, estamos vendo isso tudo acontecendo”, afirma o coordenador-geral do Movimento Brasil Livre (MBL) na capital mineira, Ivan Gunther.
A honestidade do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, principal padrinho pol�tico de Dilma, tamb�m foi posta em xeque, com a abertura de inqu�rito, em julho, pela Procuradoria da Rep�blica do Distrito Federal para apurar tr�fico de influ�ncia internacional em favor da empreiteira Odebrecht, envolvida na Lava-Jato. Em Minas, outro aliado de Dilma tamb�m foi questionado, o governador Fernando Pimentel (PT), investigado pela Opera��o Acr�nimo da Pol�cia Federal (PF).
A presidente Dilma tamb�m est� no alvo dos tribunais. No Tribunal de Contas da Uni�o (TCU), ela tenta explicar as chamadas “pedaladas fiscais” – pr�tica conhecida como atrasos no repasse de verbas do Tesouro Nacional para bancos e autarquias como forma de melhorar artificialmente as contas de governo. No Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma a��o da Coliga��o Muda Brasil, encabe�ada pelo PSDB, pede a impugna��o do mandato da petista, acusando-a de abuso de poder pol�tico durante a campanha presidencial.
Para deixar o cen�rio ainda mais turbulento, o presidente da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rompeu com o governo e, desde ent�o, tem se revelado um perigo constante. Em poucos dias, ele instalou a Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES), para investigar empr�stimos suspeitos a empreiteiras envolvidas na Lava-Jato. Tamb�m deu andamento a processos que pedem o impeachment da presidente.
DES�ES Em Minas Gerais, h� protestos marcados em 30 munic�pios, de acordo com o movimento Vem Pra Rua. Em Belo Horizonte, a convoca��o dos grupos organizadores � para uma concentra��o �s 10h, na Pra�a da Liberdade. A maior parte pede o fim da corrup��o e o afastamento da presidente. Em 15 de mar�o, a Pol�cia Militar estimou 24 mil manifestantes nos protestos em Belo Horizonte. Desta vez, n�o h� unanimidade nas previs�es. Na p�gina do MBL no Facebook, h� 2,6 mil confirma��es no evento. “� imposs�vel quantificar o n�mero de pessoas. Provavelmente, ser� maior que o do dia 15”, acredita Ivan Gunther.
O maior n�mero de ades�es � o da manifesta��o do Bloco da Papuda, em refer�ncia ao pres�dio de Bras�lia, que conta com 36 mil confirmados para o protesto na Pra�a da Liberdade. “A mobiliza��o est� muito grande. N�o precisamos chamar ningu�m. Estamos prevendo umas 60 mil pessoas”, afirma uma das organizadoras Marcela Valente, do grupo Brava Gente. “Aconteceram muitas coisas. Em mar�o, sab�amos que ia chegar uma crise. Hoje, estamos vivendo a crise. Se voc� vai ao supermercado, j� v� isso”, afirma Marcela, justificando a estimativa de aumento dos manifestantes.
Democracia s�lida’
A quatro dias da realiza��o de mais um protesto contr�rio ao PT e ao governo Dilma Rousseff, o governador Fernando Pimentel reconheceu a legitimidade das manifesta��es, mas refor�ou que a democracia brasileira tem resistido bem e que o pessimismo em rela��o ao governo n�o � generalizado em Minas. Ao classificar como “teste de estresse”, na compara��o com o processo que na engenharia testa a capacidade de materiais, Pimentel afirmou que a democracia brasileira � s�lida e est� passando bem por isso. “� claro que a oposi��o tem hoje uma posi��o mais radicalizada, mas eu n�o acredito que isso encontre eco junto � popula��o.” O governador destacou que, em viagens pelo interior de Minas, � poss�vel perceber que as pessoas n�o est�o com esse sentimento de negativismo percebido nas grandes cidades. “No interior, as pessoas est�o trabalhando. Tem crise, claro, tem dificuldades. Mas est� todo mundo trabalhando com muito afinco, muito empenho e as coisas est�o indo bem.”