
A sequ�ncia de esc�ndalos de corrup��o no Brasil cria o maior clima de incerteza pol�tica desde a redemocratiza��o. O pa�s que deu a impress�o na �ltima d�cada de ter deixar no passado as turbul�ncias econ�micas, ao reduzir a pobreza e ganhar perfil global, volta � rotina de crises. Essa � a opini�o do jornal norte-americano New York Times, um dos mais prestigiados do mundo. Artigo publicado nessa quarta-feira (12) cita os protestos contra a presidente Dilma, programados para o pr�ximo domingo (16).
A pris�o de Jos� Dirceu, as suspeitas de tr�fico de influ�ncia que rondam o ex-presidente Lula e as acusa��es de Eduardo Cunha ter recebido R$ 5 milh�es em propina entram na lista da publica��o. As sucess�es de pol�ticos importantes envolvidos em investiga��es policiais jogam o pa�s “em uma convuls�o, com o esp�rito nacional azedando e a economia se recuperando de uma recess�o dolorosa”, analisou o artigo.
O New York Times afirma que o Brasil mostra sinais profundos de choque e indigna��o. A reportagem observa que, apesar de nenhuma den�ncia ligar Dilma ao esc�ndalo da Petrobras, a presidente integrava o conselho administrativo da estatal. E, na melhor das hip�teses, Rousseff era “negligente na supervis�o da empresa e seus tent�culos em todo o governo”.
A m� fase da economia tamb�m contribui para a impopularidade de Dilma Rousseff, que adotou medidas de austeridade amplamente criticadas durante a pr�pria campanha de reelei��o, em 2014.
Para a publica��o, a revolta popular � acentuada porque a oposi��o ao PT “parece quase t�o � deriva quanto Dilma”. A falta de credibilidade toma conta de v�rios partidos afogados na crise pol�tica. Alguns dos principais opositores, como Eduardo Cunha e Fernando Collor, tamb�m s�o investigados na opera��o Lava-Jato.
Sobram cr�ticas aos l�deres do PSDB, por impor derrotas ao governo no Congresso, em meio � tentativa de ajuste fiscal. Segundo o jornal norte-americano, as tentativas de enfraquecer Rousseff reverberam negativamente na economia e agravam incertezas em Bras�lia.
Especialistas pol�ticos ouvidos pelo New York Times afirmam que toda a agita��o pol�tica demonstra o fortalecimento da democracia no Brasil, pa�s onde historicamente figuras poderosas gozavam de impunidade. O jornal cita a pris�o de Marcelo Odebrecht, presidente de uma das maiores empreiteiras brasileiras, e Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras.
“As pris�es de tais pessoas altamente influentes refletem um tra�o fundamental da independ�ncia judicial obtida pelo Minist�rio P�blico, �rg�o do Minist�rio P�blico independentes”, observa a publica��o.
A reportagem alerta para o risco dos repetidos pedidos de impeachment contra a atual presidente. “Se Dilma for deposta por seus advers�rios sem qualquer evid�ncia expl�cita da ilegalidade, a democracia do Brasil pode ser mais fr�gil do que se pensava, convidando a compara��es com uma �poca que muitos brasileiros achavam que tinham vencido.”