Bras�lia - Denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) sob acusa��o de ter recebido US$ 5 milh�es em propina no processo de aquisi��o de navios-sonda da Petrobras, o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), n�o perder� o poder, pelo menos por enquanto. Eleito com os votos do baixo clero e com uma tropa de choque fiel, Cunha se equilibra ainda nos interesses e medo de dois grupos antag�nicos e advers�rios no Congresso: governo e oposi��o. O Planalto, especialmente o PT, tem medo de esticar a corda contra o peemedebista e este dar andamento aos processos de impeachment da presidente Dilma Rousseff. J� a oposi��o mant�m Cunha como um trof�u para fustigar Dilma e manter viva a esperan�a de sa�da da petista antes do t�rmino do mandato, em 2018.
Montado esse colch�o de base — o mesmo que catapultou, em 2005, Severino Cavalcanti (PP-PE) para a Presid�ncia da C�mara, mas formado, agora, com um refinamento pol�tico maior —, Cunha passou, com suas atitudes e, sobretudo, pela decis�o de confrontar uma enfraquecida Dilma, a equilibrar-se nas contradi��es e desejos da base e da oposi��o. Inimigo declarado do PT, legenda da qual chegou a ca�oar que “s� ganha atualmente vota��es em plen�rio quando o PMDB tem pena”, Cunha sabe que os petistas ter�o cautela em partir para a cima dele neste momento. Tanto que, internamente, apenas correntes como a Mensagem — da qual fazem parte o ministro da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo, o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro e o deputado Alessandro Molon (RJ) — e Democracia Socialista (DS), dos deputados Henrique Fontana (RS) e Maria do Ros�rio (RS), demonstraram disposi��o em comprar a briga com Cunha e pedir seu afastamento.
N�o que seja propriamente um defensor de Cunha, mas o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) n�o v� com muita anima��o poss�veis mudan�as no cen�rio de poder do peemedebista. “Ele foi denunciado, mas o processo s� dever� ser julgado, se for c�lere, ap�s ele deixar a Presid�ncia da Casa. Qui�� quando ele tiver terminado o mandato em 2018”, desanimou o petista.
Den�ncia n�o � condena��o
Se o PT est� desconfort�vel nesse papel de poupar Cunha, a oposi��o tampouco abra�a o peemedebista com o peito estufado de orgulho. “Sabemos que Cunha n�o � um anjo. Mas tamb�m sabemos que aqui (o Congresso) n�o � nenhum monast�rio”, reconheceu o l�der da minoria no Congresso, deputado Pauderney Avelino (DEM-AM). O parlamentar afirmou que a den�ncia n�o significa uma condena��o, apenas a abertura de investiga��o.
O l�der da minoria no Congresso admitiu que a oposi��o n�o poder�, neste momento, abrir m�o de Cunha. “A abertura de um processo de impeachment contra um presidente da Rep�blica � uma decis�o pol�tica do presidente da C�mara. Por enquanto, asseguro que a oposi��o n�o abandonar� Eduardo Cunha”, cravou Pauderney.
Ontem, durante evento da For�a Sindical em S�o Paulo montado especificamente para apoi�-lo, Cunha garantiu que “ren�ncia” n�o faz parte de seu vocabul�rio nem far�. Ele tamb�m disse que n�o vai retaliar quem quer que seja e que n�o � do time “Fora Dilma”, nem do time de “dentro”, de apoio ao governo.