Bras�lia - Auditoria da BR Distribuidora em contratos investigados pela Opera��o Lava-Jato descobriu que a empresa direcionou quatro licita��es vencidas pela UTC Engenharia no valor de R$ 574,1 milh�es em 2010. At� agora, havia sido descoberto apenas que a empreiteira pagou R$ 20 milh�es em propina para ter acesso antecipado a estimativas de pre�os, o que lhe garantiu apresentar a melhor proposta nos certames.
O resultado da auditoria refor�a a tese da for�a-tarefa da Opera��o Lava-Jato de que as empreitaras investigadas atuavam em conjunto, como um cartel, para lesar a Petrobras e suas subsidi�rias.
Um e-mail enviado pelo gerente de Log�stica da BR na �poca, S�rgio Barbosa, ao ent�o diretor de Opera��es, Jos� Zonis, revelou aos auditores que a lista inicial tinha dez empresas que j� haviam trabalhado para a BR e que poderiam fazer as obras. A rela��o que foi � vota��o continha dez nomes. Mas cinco dos sugeridos inicialmente desapareceram da listagem.
Foram inclu�das empresas que estavam fora do cadastro da BR como: Odebrecht, Queiroz Galv�o, OAS e Skanksa Brasil. A UTC Engenharia, a Andrade Gutierrez e a Mendes J�nior constavam da primeira rela��o e foram mantidas entre as convidadas a participar. O atual presidente da BR, Jos� Lima de Andrade Neto, e os diretores � �poca aprovaram os nomes dos convidados sem contesta��es durante reuni�o de diretoria.
Os auditores conclu�ram que, ao editar a lista inicial de convidados e limitar em dez o n�mero de empresas, a BR direcionou a licita��o, uma vez que ao menos 30 empresas teriam condi��es de prestar os servi�os. Os auditores tamb�m contestaram justificativa de que foram chamadas apenas empresas de "grande porte", termo muito amplo que permitiu ao comando da BR colocar ou retirar empresas sem a verifica��o de condi��es objetivas.
A auditoria n�o concluiu quem produziu a lista final de convidados para os certames, mas indicou haver ind�cios de que o ex-diretor Jos� Zonis teria influenciado a rela��o final. Al�m do direcionamento e do acesso antecipado � planilha de pre�os, a auditoria tamb�m diz que a BR, antes de licitar, subiu pre�os de acordo com os interesses de Ricardo Pessoa.
Segundo a auditoria, n�o havia controle sobre quem tinha acesso � planilha de valores.
As obras
Sem tradi��o em grandes obras de infraestrutura, a decis�o da BR em fazer as licita��es coincidiu com o in�cio da influ�ncia na empresa dos senadores Edison Lob�o (PMDB-MA), ent�o ministro de Minas e Energia, e Fernando Collor (PTB-AL). O atual presidente, Lima Neto, deixou a secretaria de Petr�leo e G�s do minist�rio para assumir a BR, em agosto de 2009.
Mal Lima Neto se sentou na cadeira, recebeu um telefonema do ex-chefe avisando que dois dos diretores seriam substitu�dos para dar lugar a Jos� Zonis (Opera��es) e Luiz Sanches (Rede de Postos), ambos indicados pelo senador Collor. Os �nicos mantidos nos cargos na �poca foram Nestor Cerver� e Andurte de Barros Duarte Filho. Este �ltimo, indicado pelo PT.
Ex-presidente da UTC, Ricardo Pessoa disse em dela��o premiada que pagou R$ 20 milh�es a Pedro Paulo Leoni Ramos, amigo de Fernando Collor, para conseguir as obras na BR tocadas na diretoria de Zonis. Zonis, Sanches e Cerver� s�o hoje investigados na Lava-Jato em casos de corrup��o na Petrobras.
Um ano e um m�s ap�s essa nova configura��o na BR, a diretoria da empresa decidiu licitar as obras vencidas pela UTC para constru��o de tanques de distribui��o de combust�vel no Acre e no Tocantins, al�m de ampliar os terminais de Duque de Caxias (RJ) e da Amaz�nia, sob a justificativa de que a demanda por combust�veis havia aumentado. Foram as �nicas obras em d�cadas na empresa, que tem como principal fun��o comercializar e distribuir derivados de petr�leo a seus 7,5 mil postos de servi�o.
A reportagem n�o conseguiu localizar Collor e Lob�o neste domingo. Collor tem negado as den�ncias de que recebeu propina em troca de conseguir contratos na BR Distribuidora. Lob�o tamb�m refuta qualquer tipo de envolvimento com as irregularidades na Petrobr�s.
A BR Distribuidora afirmou, em nota, que o presidente da empresa, Jos� Lima de Andrade Neto, ao saber das den�ncias envolvendo licita��es vencidas pela UTC, determinou a "averigua��o interna" dos contratos e informou que o resultado da auditoria foi enviado ao Minist�rio P�blico, � Procuradoria-Geral da Rep�blica e aos escrit�rios de advocacia contratados pela Petrobras para auditar a empresa.
A BR informou que adotou procedimentos mais r�gidos para elabora��o de estimativas de pre�os, controle de acesso a dados e valores e participa��o de comiss�es de licita��o.
Quanto �s reuni�es do presidente da BR com Collor, a empresa informou que as obras da BR tocadas pela UTC "n�o foram tratadas em nenhuma reuni�o entre Lima e qualquer pol�tico, incluindo o senador", e que o executivo, "eventualmente, recebe e visita parlamentares, governadores, prefeitos e representantes de entidades da sociedade civil".