S�o Paulo - Em depoimento � Justi�a Federal, o "carregador de malas" do doleiro Alberto Youssef, Rafael �ngulo Lopes afirmou que, entre 2008 e 2013, se encontrou pessoalmente de 10 a 15 vezes com ex-vice-presidente da Braskem e ex-diretor institucional da Odebrecht, Alexandrino Alencar.
Alexandrino Alencar foi preso em 19 de junho, quando a Pol�cia Federal deflagrou a opera��o Erga Omnes, a 14ª fase da Lava Jato. No mesmo dia foi preso o presidente da construtora Marcelo Odebrecht e outros executivos.
�ngulo disse que nos encontros que ocorreram tanto na sede da Braskem quanto da Odebrecht entregava a Alexandrino 'n�mero de contas' e recolhia comprovantes de pagamento, alguns deles feitos no exterior.
"Levei algumas contas algumas vezes na Brasken, na marginal Pinheiros, em S�o Paulo, n�o me recordo o andar, e entreguei pessoalmente para ele", disse �ngulo referindo-se a Alexandrino. "O sr. Alberto (Youssef) me entregava um envelope, na maioria das vezes lacrado, e pedia para entregar em m�os. (…) Eu retirava, posteriormente, quando o sr. Alberto pedia, alguns swifts, que s�o comprovante de pagamentos, ou seja, de dep�sitos fora do pa�s".
Alguns swifts foram entregues por �ngulo ao Minist�rio P�blico Federal como prova no acordo de colabora��o premiada que fechou com a for�a-tarefa da Opera��o Lava Jato.
�ngulo disse que n�o sabia do que se tratavam os dep�sitos e se eles eram resultantes do pagamento de propinas. Ele negou que tenha repassado ou recebido dinheiro em esp�cie do executivo. O funcion�rio de Youssef disse apenas que recebia envelopes lacrados do doleiro e entregava pessoalmente nas m�os de Alexandrino.
"Se era sobre propinas eu n�o sei, mas eram valores que eram pedidos para serem depositados fora do pa�s, nessas contas. Mas n�o me era dito se era propina ou outra coisa", afirmou.
Questionado pelo Minist�rio P�blico Federal se este trabalho era l�cito, �ngulo disse: "�s vezes eu pensava, �s vezes n�o. Porque n�o tinha a informa��o correta. Ele (Alexandrino) n�o informava nem o sr. Alberto me falava sobre isso."
O carregador de malas de Youssef comentou ainda que o doleiro se encontrou algumas vezes com o executivo. Segundo ele, Youssef chegou a ir � sede da Braskem, mas geralmente os encontros aconteciam em restaurantes e flats. De acordo com �ngulo, o doleiro e Alexandrino se encontravam "n�o com muita frequ�ncia, mas at� duas vezes por m�s".
Diante do juiz S�rgio Moro, respons�vel pelas a��es penais em primeira inst�ncia da Opera��o Lava Jato, �ngulo descreveu o trabalho que executava para Youssef. Ele disse que pagava contas e retirava dinheiro em esp�cie para o doleiro. "Para o sr. Alberto eu fazia trabalhos pessoais, pagamento de contas e o que ele pedisse. E entregava dinheiro para certas pessoas. Fazia pagamentos pessoais para certas pessoas que ele indicasse em S�o Paulo e outros Estados", comentou.
No in�cio das investiga��es, a Odebrecht negou incisivamente envolvimento no esquema de propinas na Petrobras. Agora, a empreiteira alega que s� se manifesta nos autos do processo.