Bras�lia - Quinze meses se passaram desde a primeira de uma s�rie de reportagens que desvendaram as chamadas "pedaladas fiscais" do governo Dilma Rousseff. At� o julgamento hist�rico de quarta-feira, 7, do Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) que rejeitou as contas da presidente, a pr�tica de atrasar o repasse de recursos do Tesouro para os bancos p�blicos para maquiar as contas do governo se transformou de debate t�cnico a pol�tico.
Desde o in�cio, o governo subestimou a capacidade do TCU de fazer um relat�rio robusto, t�cnico e consistente sobre as pedaladas. N�o foram poucas as manifesta��es privadas do ex-secret�rio do Tesouro Nacional Arno Augustin - principal mentor das pedaladas - de que a decis�o do TCU de investigar os atrasos com base inicialmente em reportagens da imprensa se tratava nada mais do que uma sobreposi��o do trabalho de fiscaliza��o do tribunal.
O TCU n�o estaria fazendo nada mais do que a sua obriga��o na avalia��o da equipe econ�mica de Dilma. Augustin e Mantega n�o viram nas dilig�ncias abertas pelo TCU um risco maior.
Talvez se o governo tivesse tratado com mais urg�ncia a corre��o de todas as pr�ticas agora condenadas e apontado mais transpar�ncia logo de in�cio, o resultado do processo tivesse sido outro. Mas as elei��es presidenciais estavam no meio do caminho.
O in�cio dif�cil do segundo mandato da presidente tamb�m fez com que mais uma vez - nos primeiros meses do ano - tivesse havido neglig�ncia com a condu��o do processo no TCU.
� preciso reconhecer que o Banco Central teve papel importante nesse processo. Se inicialmente o BC fez vista grossa ao que estava acontecendo na contabilidade p�blica, depois - pressionado a dar respostas � imprensa - foi mais duro na cobran�a de que o Tesouro come�asse a regularizar os atrasos, o que come�ou de fato entre agosto e setembro do ano passado.
� bem verdade que at� hoje n�o houve a corre��o de todos os atrasos. E esse processo dificulta o ajuste nas contas p�blicas e agrava a crise de confian�a na economia brasileira.
Agora, o governo ter� de conviver com uma amea�a real - e com respaldo t�cnico - que poder� embasar um pedido de afastamento de Dilma por crime de responsabilidade no Congresso. Diante de uma base aliada revoltada, j� insatisfeita, mesmo ap�s uma rec�m-conclu�da reforma ministerial, o risco para a presidente n�o � pequeno.