S�o Paulo - O ministro do Tribunal de Contas da Uni�o, Augusto Nardes, relator do processo que rejeitou as contas de 2014 da presidente Dilma Rousseff, afirmou nesta quinta-feira, em entrevista � r�dio Estad�o, que "h� ind�cios muito fortes" de que as "pedaladas fiscais" continuaram em 2015. Nardes fez o alerta um dia depois de o TCU reprovar por unanimidade as contas da presidente, o que n�o ocorria desde 1937.
As "pedaladas fiscais" foram uma das irregularidades apontadas pela corte nas contas do governo Dilma referentes ao ano passado. Tratam-se de uma manobra em que a Uni�o atrasava recursos do Tesouro Nacional para os bancos p�blicos pagarem despesas obrigat�rias de programas sociais. O atraso obrigava essas institui��es a usar dinheiro pr�prio para arcar com tais obriga��es.
Para o TCU, a pr�tica configura que houve empr�stimos indevidos dos bancos ao governo, que � seu controlador, al�m de ter mascarado resultados do governo em alguns per�odos.
Nardes disse tamb�m que vem recebendo uma s�rie de amea�as durante o per�odo em que esteve relatando o processo das contas do governo. "Recebi v�rias amea�as. Recebi telefonemas de gente dizendo que ia acabar comigo. Chamei a Pol�cia Federal. Agora tenho andado com prote��o", afirmou o ministro do TCU. "� claro que me sinto amea�ado. Eu n�o estou enfrentando meia d�zia de pessoas. Estou enfrentando uma estrutura de milhares de pessoas que t�m cargos, que querem permanecer onde est�o".
Antes do julgamento que reprovou as contas de Dilma, Nardes afirmou que alertou a presidente no ano passado e que conversou diversas vezes com ministros da petista para comunic�-los das irregularidades encontradas na contabilidade do ano passado. "Ningu�m pode falar que n�o sou uma pessoa de di�logo", disse o ministro.
Questionado sobre ter sido citado no �mbito da Opera��o Zelotes, que apura o suposto esquema de corrup��o no Conselho de Recursos Administrativos Fiscais (Carf), �rg�o que funciona como uma esp�cie de "Tribunal da Receita", o ministro do TCU entende como uma tentativa de desqualific�-lo.
"Isso foi uma tentativa de me desqualificar. Tentaram me vincular em todas as situa��es poss�veis para me desgastar. Est�o tentando me atacar de todas as formas", afirmou.
Os investigadores teriam chegado a Nardes ao seguir o dinheiro recebido por um escrit�rio do advogado Jos� Ricardo da Silva, que prestava servi�os de consultoria a empresas suspeitas de pagar suborno a conselheiros do Carf. Recursos dessa consultoria teriam sido transferidos a uma firma que teve o ministro como s�cio. Nardes afirma n�o ser mais acionista da empresa desde 2005.