Total de propinas em esquemas investigados pela Lava-Jato pode chegar a R$ 10 bi

O procurador Deltan Dallagnol, que atua na investiga��o da Opera��o Lava-Jato em Curitiba, calculou nesta sexta-feira, que o valor total das propinas recebidas pelos envolvidos no esquema de corrup��o da Petrobras e outras estatais e �rg�os p�blicos chega a pelo menos R$ 10 bilh�es. Ao defender as dela��es premiadas como "o motor" da opera��o, Dallagnol lembrou que a Lava Jato come�ou com a investiga��o de um posto de gasolina suspeito de lavagem de dinheiro e chegou ao gigantesco esquema de corrup��o.

"As colabora��es premiadas agilizam as investiga��es, funcionam como agentes catalisadores que potencializam a investiga��o. Antes da primeira colabora��o t�nhamos uma investiga��o envolvendo R$ 26 milh�es. Depois das colabora��es, temos uma investiga��o envolvendo mais de R$ 10 bilh�es. N�o s�o pontos de chegada, mas �timos pontos de partida. N�o abreviam o caminho, mas temos um vislumbre do caminho mais prov�vel para chegar �s provas e evid�ncias que precisamos para acusar algu�m", disse o procurador. "Temos corrup��o descoberta em outros �rg�os p�blicos al�m da Petrobras, como Minist�rio da Sa�de, Minist�rio do Planejamento, Caixa Econ�mica Federal , Eletronuclear e outros casos ainda em investiga��o", afirmou.

Somente na estatal do petr�leo, foram pagas propinas de R$ 6,2 bilh�es, mas os preju�zos gerais da empresa s�o de cerca de R$ 20 bilh�es, segundo Dallagnol. Para chegar a este valor, o procurador somou as propinas com superfaturamento de contratos. "Apenas a propina da Petrobras envolveu R$ 6,2 bilh�es. � parte do preju�zo. (Somando o) lucro il�cito das empresas com pr�tica de superfaturamento envolvendo cartel, provavelmente o preju�zo superar� os R$ 20 bilh�es", disse Dallagnol em entrevista depois de fazer palestra sobre a campanha "10 Medidas contra a Corrup��o", no XXI Congresso Nacional do Minist�rio P�blico. Valor semelhante, de R$ 19 bilh�es, j� havia sido calculado por policiais federais envolvidos na investiga��o de desvios na Petrobras.

Os R$ 10 bilh�es citados pelo procurador resultam da soma dos R$ 6,2 bilh�es da Petrobras com as propinas pagas em outras institui��es p�blicas investigadas na opera��o. O procurador disse n�o ter ainda o c�lculo dos preju�zos totais sofridos pelos outros �rg�os p�blicos alvos da Lava Jato, al�m da estatal petrol�fera.

Dallagnol rejeitou a tese de que as investiga��es paralisaram grande parte da economia brasileira, por causa da suspens�o de contratos das empresas envolvidas no esquema de corrup��o. "A apura��o do crime n�o prejudica a economia, o que prejudica a economia � o crime praticado. � o mesmo que culpar o investigador por ter encontrado o cad�ver", comparou. Segundo o procurador, as investiga��es ainda v�o durar "alguns anos". "Se par�ssemos agora (de levantar novas informa��es sobre o esquema), ainda ter�amos material para pelo menos um ano. Mas devemos ter novas colabora��es e novos veios de investiga��o", disse.

A campanha "10 Medidas contra a Corrup��o" pretende recolher assinaturas para que seja apresentado um projeto de iniciativa popular ao Congresso. A exig�ncia legal � de cerca de 1,5 milh�o de signat�rios. At� agora foram obtidas 370 mil assinaturas.