
Sem resultado pr�tico, depois de oito meses de trabalho, muitas horas de reuni�es, viagens e at� a contrata��o de uma consultoria internacional, a Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da Petrobras custou aos cofres p�blicos pelo menos cerca de R$ 1,5 milh�o. Criado em fevereiro para apurar o esquema de corrup��o que sangrou a estatal em cerca de R$ 19 bilh�es, o grupo colheu 132 depoimentos, mas, no relat�rio de 754 p�ginas aprovado na madrugada de ontem por 17 votos a 9, ningu�m foi indiciado. Os cinco destaques que tentavam responsabilizar pol�ticos, como o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), a presidente Dilma Rousseff (PT) e o presidente da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), foram rejeitados. N�o h� men��o tamb�m sobre o poss�vel envolvimento dos ex-presidentes da Petrobras Jos� S�rgio Gabrielli e Gra�a Foster.
N�o faltaram viagens dos deputados federais para investigar as den�ncias de pagamento de propina em opera��es da Petrobras. Em apenas uma delas, a Curitiba, 14 das 16 pessoas que seriam ouvidas na cidade permaneceram em sil�ncio – e o que � pior: os advogados dos acusados tinham avisado com anteced�ncia que eles n�o iriam contribuir com os parlamentares e ficariam calados. Na primeira miss�o � capital do Paran�, o m�ximo que os deputados conseguiram foi ver a doleira Nelma Kodama exibir os bolsos traseiros de sua cal�a jeans, nos quais disse que guardava o dinheiro da corrup��o. Um dos que privaram os parlamentares viajantes de ouvir esclarecimentos foi o ex-ministro da Casa Civil Jos� Dirceu. Al�m dele, executivos da Andrade Gutierrez.
E os custos n�o pararam por a�. Somente a acarea��o entre o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa teria custado R$ 180 mil, segundo parlamentares. Houve ainda uma viagem a Londres em que sete deputados foram escalados para ouvir o ex-diretor da companhia holandesa SBM Offshore, Jonathan David Taylor. O custo dela seria de R$ 122 mil.
Mas o maior gasto foi com a contrata��o da empresa de consultoria Kroll, para fazer o rastreamento do dinheiro desviado da estatal. Sem licita��o, alegando a especificidade do servi�o, a C�mara autorizou um empenho de R$ 1,180 milh�o. “Foi um dinheiro perdido porque ela s� diz o que todo mundo j� sabe, que tinha ind�cio de conta no exterior ligada � Petrobras. Realmente foi um dinheiro mal gasto”, admitiu o 2º vice-presidente da CPI da Petrobras, deputado F�lix Mendon�a J�nior (PDT/BA).
O parlamentar disse desconhecer o total gasto pela comiss�o, mas afirmou que ela terminou prematuramente. Seriam necess�rios mais 60 dias, na avalia��o do pedetista. “A CPI decepciona no relat�rio final porque n�o tratou do principal, que era mudar a lei da Petrobras para impedir que tudo que aconteceu hoje possa se repetir amanh�. Agora, tem muito material que passou por ali que vai servir de provas e ind�cios para que a pol�cia federal e o Minist�rio P�blico possam atuar”, disse.
Sem l�gica Segundo F�lix J�nior, nem mesmo a recomenda��o feita por ele, de que todas as obras que foram objeto de corrup��o sejam anuladas e ocorram novas licita��es, ter� efeito pr�tico. No relat�rio, o deputado Luiz S�rgio (PT/RJ) diz que a comiss�o tem ci�ncia da presteza e agilidade da Opera��o Lava-Jato e optou por n�o aprofundar as investiga��es sobre os parlamentares citados pelo procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot. Ele apenas lista as pessoas indiciadas, denunciadas, condenadas ou absolvidas no caso. “Seguindo uma l�gica jur�dica e o bom senso, n�o ser�o pedidos por este relator, portanto, indiciamentos pelos mesmos crimes de pessoas j� indiciadas, denunciadas ou condenadas”, registra. Segundo o relat�rio, o saldo da Opera��o tem um absolvido, 44 condenados e 123 denunciados ou indiciados.
Entre as recomenda��es do relat�rio est� a mudan�a na lei anticorrup��o, em especial para aperfei�oar os acordos de dela��o premiada e impedir eventuais coa��es. Tamb�m foi indicado � Petrobras que fa�a licita��es na modalidade concorr�ncia, siga a lei 8666/93 e tenha um controle mais r�gido dos processos.
