Bras�lia - Ministros do Supremo Tribunal Federal avaliam que as contradi��es entre a defesa apresentada pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre as acusa��es contra ele e as investiga��es da Procuradoria-Geral da Rep�blica fragilizaram ainda mais as condi��es para a perman�ncia dele no cargo de presidente da C�mara.
Por ora, a maioria da Corte considera “dr�stico demais” um eventual afastamento de Cunha do comando da C�mara e duvida que o Minist�rio P�blico Federal formalize tal pedido t�o cedo. “Esse assunto tem de ser resolvido politicamente pelo Congresso”, disse um ministro do STF.
Outro integrante do Supremo ressaltou que os ministros n�o querem ser acusados mais uma vez de “judicializar a pol�tica”. “N�s temos de nos manifestar nos autos do processo. Por enquanto, s� conhecemos a defesa pela imprensa”, afirmou.
Por�m, como Cunha insiste em permanecer no cargo e tem manobrado para evitar o avan�o de um processo contra ele no Conselho de �tica, � quase inevit�vel que o Supremo Tribunal Federal seja instado a intervir.
Para investigadores que atuam no caso, foi “desastrosa” a estrat�gia do presidente da C�mara em expor sua defesa por meio de uma s�rie de entrevistas a ve�culos de comunica��o. Oficialmente, a Procuradoria-Geral da Rep�blica n�o se manifesta. Nos bastidores, por�m, fontes da investiga��o comemoraram a exposi��o volunt�ria de Cunha. Isso permitiu, segundo essa avalia��o, que ele pr�prio fosse contraditado por documentos da Su��a que j� s�o p�blicos.
No Planalto, interlocutores da presidente Dilma Rousseff tamb�m consideraram equivocada a estrat�gia de Cunha. “O problema � que ele n�o sabe jogar na defensiva. E a estrat�gia de conceder entrevistas obteve muito mais �nus que b�nus”, disse um auxiliar de Dilma. “O governo tem de deixar que a C�mara resolva sozinha.”
H� cerca de dez dias, Cunha concedeu uma s�rie de entrevistas para rebater a acusa��o de que seria propriet�rio de quatro contas no exterior - ao menos uma delas teria sido irrigada com dinheiro do esquema de corrup��o na Petrobras.
Decoro
Cunha sempre negou ter contas no exterior. Em mar�o, ele chegou a prestar um depoimento � CPI da Petrobr�s em que ressaltou essa negativa. O material do Minist�rio P�blico su��o deu subs�dios ao PSOL e � Rede para pedirem a cassa��o de Cunha por quebra de decoro parlamentar.
Na s�rie de entrevistas que concedeu, o presidente da C�mara insistiu que n�o mentiu, pois as referidas contas apresentadas no inqu�rito s�o “trustes” - uma esp�cie de fundo do qual ele seria apenas benefici�rio dos recursos e n�o o controlador do dinheiro.
Contradi��es
Na quarta-feira, 11, Eduardo Cunha forneceu o nome de sua m�e como contrassenha a ser usada como consulta ao banco su��o Julius Baer. Para investigadores, o uso de informa��es pessoais refor�a a tese de que ele teria v�nculo direto com as contas. A informa��o consta na documenta��o apresentada pelo Minist�rio P�blico su��o.
Nos pap�is, tamb�m constam extratos que comprovariam duas movimenta��es financeiras no ano passado, desmentindo o presidente da C�mara, que negou ter movimentado o dinheiro. Um outro documento indica ainda que, apesar de n�o ser propriet�rio da contas, Cunha era dono da procura��o para oper�-las.
A avalia��o geral � de que Cunha mais perdeu do que ganhou com a estrat�gia de antecipar sua defesa na imprensa. Na semana passada, o PSDB - que vinha mantendo uma alian�a com Cunha nos bastidores - anunciou que os dois integrantes do partido no Conselho de �tica v�o votar a favor da cassa��o.
O presidente nacional da sigla, o senador A�cio Neves (MG), afirmou que o posicionamento no Conselho dever� ser repetido no plen�rio. Lideran�as do DEM e do PPS j� adiantaram que v�o adotar o mesmo caminho que os tucanos. A semana dif�cil para Cunha s� foi amenizada pela divulga��o de uma nota de apoio assinada por partidos governistas.