Bras�lia - O vice-presidente Michel Temer foi interrompido nesta ter�a-feira, 17, na abertura do Congresso do PMDB, por manifestantes que pregavam o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a ascens�o dele ao poder. Aos gritos de "Brasil/Pra Frente/Temer Presidente", os militantes, que carregavam bonecas de Dilma, vestida com a faixa "m�e do petrol�o", pediram mais de uma vez que ele assumisse a Presid�ncia. "Por enquanto, n�o, obrigado", respondeu o vice. "Vamos esperar 2018."
� no TSE que tramita a a��o do PSDB pedindo a impugna��o dos mandatos de Dilma e Temer. Os tucanos alegam que houve abuso de poder econ�mico na campanha de 2014 e, se o TSE julgar a a��o procedente, a presidente e o vice podem ser cassados. Advogado constitucionalista, Temer argumenta que sua presta��o de contas foi feita separadamente do balan�o apresentado por Dilma. Al�m disso, em conversa recente com interlocutores, invocou v�rios artigos da Carta para sustentar que ningu�m pode ser responsabilizado por atos de outras pessoas.
Foi nesse ambiente de distanciamento entre Dilma e Temer que ocorreu ontem o congresso do PMDB, o principal partido da coaliz�o governista, em Bras�lia. Mesmo escancarando divis�es entre as v�rias alas do partido, e at� diverg�ncias quanto ao programa "Uma Ponte Para o Futuro", com propostas antag�nicas �s do PT para a retomada do crescimento - como o fim dos gastos m�nimos previstos na Constitui��o para despesas com educa��o e sa�de -, o encontro foi marcado por cr�ticas ao governo. Tratou-se ali do primeiro passo para o div�rcio com o Planalto.
Na pr�tica, o PMDB j� havia adiado a decis�o sobre o rompimento com Dilma para mar�o de 2018, quando haver� a conven��o da legenda, mas manteve o congresso promovido pela Funda��o Ulysses Guimar�es para dar um sinal de for�a.
Ao lado do presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Temer disse ser preciso "coragem para n�o fugir da verdadeira luta", mas fez discurso tentando equilibrar sua posi��o de vice com o desejo de pavimentar o afastamento do PMDB do governo.
"N�s estamos juntos procurando solu��es para o Pa�s. N�o � de hoje que temos falado em reunificar o pensamento nacional e pacificar a Na��o. N�o � da �ndole do brasileiro a dissemina��o do �dio", discursou Temer, que tamb�m preside o PMDB. Em agosto, no auge da crise pol�tica, ele provocou a f�ria de Dilma ao apelar para a necessidade de "algu�m capaz de reunificar a todos". � �poca, a frase foi interpretada no Planalto como tentativa de Temer de se cacifar como alternativa para ocupar o lugar da presidente.
Sob os ecos de "Rompe, PMDB", os manifestantes que pediam o impeachment ergueram cartazes com os dizeres "Temer, vista a faixa j�!". O vice falava sobre a necessidade de mudan�as profundas na economia, e n�o apenas "cosm�ticas", quando foi surpreendido pelo protesto.
Ap�s responder "por enquanto n�o" aos apelos para assumir o poder, ele prosseguiu com o discurso: "Para n�o encolhermos diante de demagogias f�ceis, n�o podemos colocar os interesses pessoais na frente dos interesses do Pa�s".
Para o ex-ministro Geddel Vieira Lima, o PMDB precisa sair logo do governo. "O impeachment n�o depende da gente, mas tem algo que depende. N�o � o afastamento de Dilma da Presid�ncia, mas o afastamento do PMDB dela, para que possamos construir um partido com discurso", insistiu Geddel.