
A presidente Dilma Rousseff tentou minimizar o distanciamento entre ela e seu vice, Michel Temer, dizendo que sempre confiou no peemedebista. Afirmou, tamb�m, que ainda n�o foi informada do pedido da demiss�o do ministro Eliseu Padilha (Avia��o Civil).
"N�o s� confio como sempre confiei (em Michel Temer)", disse, ap�s reuni�o com juristas para tratar da sua defesa do impeachment, da qual Temer n�o participou. Por ser advogado, a expectativa era de que o vice-presidente se envolvesse diretamente na defesa de Dilma.
Entretanto, assim que foi deflagrado o processo de impeachment, na �ltima quarta-feira, a presidente teve apenas um r�pido encontro com o vice, que descartou participar formalmente da defesa. Auxiliares de Dilma dizem reservadamente que a postura de Temer passa a imagem de que ele est� conspirando para chegar ao poder.
Dilma, no entanto, negou a tese de conspira��o e afirmou que ela preferia manter a posi��o que sempre teve a respeito do aliado. "Ele sempre foi extremamente correto comigo. N�o tenho porque desconfiar um mil�metro dele", disse. "N�o � essa a posi��o que eu sei dele e n�o � isso que ele tem me dito", refor�ou, sobre o suposto abandono e conspira��o.
Dilma rebateu ainda que haja sil�ncio por parte do vice-presidente. "Sil�ncio depende de quem est� escutando", afirmou, destacando que tem conversado normalmente com Temer.
Apesar de ter tentando mostrar proximidade na rela��o, Dilma disse n�o saber quando Temer retorna a Bras�lia ou se j� tinha retornado. "Assim que ele chegar a Bras�lia, n�o sei se j� chegou, pretendo conversar com ele ainda hoje", disse. O vice cumpre agenda em S�o Paulo nesta segunda-feira e deve retornar para a capital por volta das 21h.
Casca de banana
Dilma voltou a dizer que ainda n�o foi informada sobre a sa�da do ministro Eliseu Padilha (Avia��o Civil) e evitou dimensionar o peso que a demiss�o de um dos principais aliados do vice pode ter para o seu governo. "A mim, ele (Padilha) n�o comunicou nada", disse.
Questionada se a sa�da de Padilha poderia provocar uma debandada do governo disse apenas: "Nessa casquinha de banana eu n�o caio n�o".
Padilha deve se reunir nesta segunda com o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, para comunicar pessoalmente ao governo sua decis�o de entregar o cargo. Apesar de o governo ainda esperar uma conversa com o peemedebista, o cargo dele j� estaria em negocia��o.
O l�der do governo na C�mara, deputado Leonardo Picciani (RJ), j� teria recebido a tarefa de indicar nomes para a vaga. Picciani nega a oferta, mas admite que, se for procurado, ir� atender ao apelo do governo.
Pareceres
A presidente afirmou ter recebido dos juristas pareceres sobre as contas do governo e sobre o processo de impeachment e voltou a destacar que o Pa�s tem que defender sua democracia. "O Brasil conquistou democracia com sacrif�cio de pessoas", disse. "S� dentro da legalidade democr�tica, respeitando as regras, n�s, de fato, unificaremos o Pa�s", completou.
A presidente disse, ainda, que as institui��es brasileiras s�o s�lidas e por isso � importante "defender a legalidade". Dilma voltou a destacar que o processo de impeachment n�o tem fundamento e lembrou que as contas do governo de 2014 e 2015, apesar do parecer do Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) indicando a reprova��o, ainda ser�o julgadas pelo Congresso Nacional.
Na semana passada, o mesmo grupo de juristas lan�ou um manifesto no qual sustentava n�o haver "qualquer fundamento jur�dico" para o afastamento da presidente. O documento foi articulado por Celso Ant�nio Bandeira de Mello, professor em�rito de Direito Administrativo da PUC-SP. Al�m de manifestar apoio a Dilma, a ideia do encontro tamb�m foi discutir qual � a melhor estrat�gia jur�dica para defender a presidente.
A reuni�o desta segunda foi articulada pelo ministro da Justi�a, Jos� Eduardo Cardozo, e pelo advogado do PT, Fl�vio Caetano.