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Estado de Minas

2015, o ano em que "caldeir�o ferveu" na pol�tica

S� n�o derramou porque o desfecho dos processos do impeachment de Dilma e do afastamento de Cunha ficou para 2016. Mas foram 12 meses de momentos tensos no Planalto, no Congresso e na Justi�a


postado em 27/12/2015 06:00 / atualizado em 27/12/2015 07:37

(foto: Antonio Augusto / Câmara dos Deputados)
(foto: Antonio Augusto / C�mara dos Deputados)

Marcado por grandes acontecimentos e avassaladoras emo��es em Bras�lia, n�o d� para negar que 2015 vai ficar para sempre na mem�ria dos brasileiros. As tens�es tiveram seu �pice em 2 de dezembro, quando o presidente da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acatou o pedido de abertura de processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT). Pol�mica que foi parar no Judici�rio e jogou para 2016 o desfecho do principal fato pol�tico deste ano. At� chegar ao processo de impeachment, no entanto, muitas nuvens carregadas escureceram o c�u de Bras�lia e do pa�s. Dilma viveu um inferno no primeiro ano de seu segundo mandato, com rela��es ruins com o Congresso, com o “aliado” PMDB e at� com alas do seu PT inconformadas com os cortes do ajuste fiscal. O vice, Michel Temer (PMDB), ressentido por se sentir uma “figura decorativa” no governo, mostrou toda a sua m�goa com Dilma no final do ano, enviando a ela uma carta em que d� claros sinais de rompimento com o Planalto.

A rela��o entre o Executivo e o Legislativo talvez nunca tenha sido t�o conturbada como em 2015. Prova disso � que, ao longo do primeiro ano do segundo mandato, Dilma colecionou derrotas sucessivas na C�mara dos Deputados. A primeira da s�rie foi a pr�pria elei��o de Eduardo Cunha para o comando da C�mara, derrotando o candidato do Pal�cio do Planalto, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Desde que assumiu o cargo, em fevereiro, Cunha tratorou o que viu pela frente, impondo sua pauta de vota��es e minando a influ�ncia do Executivo sobre a Casa. Por meio de manobras, o peemedebista conseguiu aprovar textos repudiados pelo governo: a redu��o da maioridade penal; a obrigatoriedade do governo em renegociar as d�vidas dos estados com a Uni�o; a proibi��o da concess�o de empr�stimos sigilosos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES); a terceiriza��o de atividades-fim; e o financiamento privado de campanha – proibido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Propina Em meio ao fogo cruzado com a presidente Dilma, Cunha se viu envolvido nas investiga��es de pagamento de propina da Petrobras, deflagradas na Opera��o Lava-Jato. Acusado de ter recebido US$ 5 milh�es de empresa para negociar contrato com a estatal, o peemedebista negou a exist�ncia de contas na Su��a durante depoimento na CPI das Petrobras – mentira que rendeu a ele a abertura de um processo disciplinar que pode agora levar � perda do mandato por quebra do decoro parlamentar. H� ainda um pedido de afastamento de Cunha do cargo, de autoria da Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR), tramitando no STF. Assim como o pedido de impeachment da presidente Dilma, o caso vai ficar para o ano que vem.

Alvo do Minist�rio P�blico, Eduardo Cunha esperneou o quanto p�de, queixou-se de estar sendo perseguido e mirou sua metralhadora para o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, acusando-o de agir politicamente para prejudic�-lo. Janot, na defesa que fez do afastamento do deputado de suas fun��es, rebateu chamando-o de “delinquente”. Como Cunha, o senador Fernando Collor de Mello, outro investigado na Lava-Jato, tamb�m vociferou contra Janot, chamando-o de “filho da p...” em pronunciamento da tribuna do Senado.

A Lava-Jato levou tamb�m a um ineditismo na hist�ria pol�tica do pa�s: pela primeira vez um senador em exerc�cio foi preso. O ent�o l�der do governo no Senado, Delc�dio do Amaral (PT-MS), foi preso, sob a acusa��o de tentar atrapalhar as investiga��es da Pol�cia Federal e arquitetar a fuga do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerver�, pe�a-chave no esc�ndalo de corrup��o. A pris�o de Delc�dio levou ao atraso na aprova��o do projeto de ajuste fiscal, desarticulou ainda mais a base aliada no Congresso e ainda levou o governo para o centro das discuss�es da Opera��o Lava-Jato.

Brigas em plen�rio

Pancadarias e baixarias rolaram soltas na capital federal ao longo de 2015. Em abril, a presen�a inesperada de cinco roedores – um hamster, dois esquilos-da- Mong�lia e dois ratos cinzas sem ra�a aparente – provocou tumulto e correria em reuni�o da CPI da Petrobras. Os animais teriam sido levados � sala por um funcion�rio da segunda-vice-presid�ncia da C�mara, exonerado no mesmo dia. Os animais foram soltos logo que o tesoureiro do PT, Jo�o Vaccari Neto, entrou no plen�rio. “O circo armado mostra o n�vel em que nos encontramos”, reclamou na ocasi�o o deputado Luiz S�rgio (PT-RJ), relator da CPI. Mal sabia ele o que estava por vir.

No in�cio de dezembro, deputados federais e policiais legislativos sa�ram no tapa durante a vota��o para a escolha dos integrantes da Comiss�o Especial do Impeachment – anulada uma semana depois por decis�o do STF. No saldo da sess�o, urnas quebradas e cabines obstru�das por parlamentares que protestavam contra a vota��o secreta. Na reuni�o da Comiss�o de �tica da C�mara, mais um vexame p�blico: Z� Geraldo (PT-BA) e Wellington Roberto (PR-PB) trocaram tapas e palavr�es em rede nacional durante discuss�o sobre o painel de registro de presen�a na sess�o que debateria o processo que pode levar � cassa��o de Eduardo Cunha.

Outro barraco que deu o que falar ocorreu num jantar promovido na casa do senador Eun�cio de Oliveira (PMDB-CE), com a presen�a de v�rios pol�ticos, entre eles, o senador Jos� Serra     (PSDB-SP) e a ministra da Agricultura, K�tia Abreu. O evento foi marcado pelo copo de vinho lan�ado pela ministra no tucano ap�s ouvir dele que � “namoradeira”. No Twitter, a ministra disse que “reagiu” ao comportamento de Serra ap�s ele ter feito um coment�rio “infeliz, desrespeitoso, arrogante e machista”. O tucano rebateu: disse que foi mal interpretado e fez o coment�rio com a inten��o de “elogio”.

Em meio a esse turbilh�o, a popula��o foi �s ruas ao longo do ano para pedir o impeachment da presidente Dilma, para defender a sua perman�ncia, para pedir o afastamento de Cunha, para protestar contra a corrup��o e para exigir um pa�s melhor. O ano acabou, mas, ao que tudo indica, ele � s� o primeiro tempo de um jogo com muitos lances espetaculares, caneladas e talvez expuls�es. A partida recome�a depois do intervalo, em meados de fevereiro, quando Congresso e Supremo voltarem de f�rias.


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