
At� a quarta-feira, 27, era consenso no PT que Dirceu n�o incriminaria diretamente outros nomes. Ao apontar o partido como respons�vel pelas indica��es, ele apenas colocaria em pr�tica uma nova estrat�gia de defesa, avaliavam os petistas. No entanto, o depoimento do ex-ministro poder�, nesse caso, abrir um novo caminho para a investiga��o relativa ao partido.
Outro temor � de que Dirceu utilize um de seus ex-assessores e amigos que tamb�m s�o alvos da opera��o para apontar novos nomes. Esse receio cresceu nos �ltimos dias ap�s o depoimento do empres�rio Fernando Moura, conhecido no partido pela s�lida amizade com Jos� Dirceu.
Na �ltima sexta-feira, 22, Moura, r�u da Opera��o Lava-Jato, disse que pagou propina para o PT e que seus contatos sobre valores il�citos foram feitos com o ex-secret�rio-geral do partido Silvio Pereira e com o ex-diretor de Servi�os da Petrobras Renato Duque - preso desde abril do ano passado.
"Qualquer coisa que fiz a n�vel de partido, de conversa, foi feito atrav�s do S�lvio Pereira", afirmou Moura em depoimento prestado no �mbito da mesma investiga��o na qual Dirceu ser� ouvido na quinta-feira.
Interrogado pelo juiz federal S�rgio Moro, como r�u no processo do ex-ministro da Casa Civil Jos� Dirceu (gest�o Lula), o lobista apontou contratos da Petrobras - obras de gasodutos, plataformas - em que ele diz ter feito acertos envolvendo S�lvio Pereira e Duque e que tinham o PT como benefici�rio. Ele ainda citou os diret�rios como receptores. "Porcentagens de valores de comiss�o (iam) para o diret�rio nacional e diret�rio estadual de S�o Paulo", afirmou Moura.
"Isso, tanto com o senhor, quanto o S�lvio?", questionou um dos procuradores na audi�ncia. "Tenho certeza de que o S�lvio conversou comigo e com o Renato (Duque) tamb�m (sobre porcentuais)", disse Moura. O procurador insistiu: "O senhor conversou com os empres�rios sobre isso tamb�m?"
"N�o. Os empres�rio eu n�o tive nenhum contato. O contato era direto com o S�lvio", respondeu afirmativamente Moura, que fechou acordo de dela��o com a Lava-Jato.
Em outro ponto, Moura foi questionado diretamente sobre o ex-ministro. "Com rela��o aos recebimentos de Jos� Dirceu, o senhor tinha participa��o, alguma vez coletou valores em esp�cie em favor dele?" "Nada. E nunca negociei com o Z�, direto, de dinheiro de nada."
Moura tamb�m afirmou que Pereira "nunca" lhe "falou que estava dando para o Z�". "Nunca paguei nada para ele e ele nunca pagou nada para mim."
Moura foi questionado se Silvio Pereira sempre foi o contato entre ele e Dirceu: "Silvo Pereira era quem eu tinha contato com ele, a minha rela��o com Z� era muito mais de amizade", responde Moura.
Mensal�o
Silvio Pereira est� oficialmente afastado do PT desde o mensal�o, deflagrado em 2005. No final de 2002, logo ap�s a vit�ria de Lula na disputa pela Presid�ncia, ele foi o respons�vel pelo preenchimento de cargos de primeiro escal�o no governo que come�ava a ser montado. No entanto, os petistas afirmam reservadamente que Silvinho, como ele � conhecido no partido, n�o tinha autonomia para as nomea��es e trabalhava sob as orienta��es de Dirceu e do ex-tesoureiro Del�bio Soares.