
A defesa do ex-ministro-chefe da Casa Civil Jos� Dirceu afirmou nesta sexta-feira que o empres�rio ligado ao PT Fernando Moura, um dos delatores da Opera��o Lava Jato, 'n�o tem credibilidade para ser ouvido como colaborador da Justi�a'. Quatro advogados de Dirceu pediram ao juiz federal S�rgio Moro, que conduz as a��es penais da Opera��o Lava Jato, que seja indeferido o pedido do Minist�rio P�blico Federal para novo interrogat�rio de Moura.
Diante das in�meras e contradit�rias vers�es apresentadas por Fernando Moura, as quais, sem sombra de d�vidas, demonstram n�o ter o acusado credibilidade para ser ouvido como colaborador da Justi�a, requer-se: (i) Sejam desentranhados dos autos os documentos acostados nos eventos 660, 661 e 662, os quais foram colhidos em absoluta inobserv�ncia dos princ�pios do contradit�rio e da ampla defesa; e, (ii) Seja indeferido o pedido ministerial no sentido de que o colaborador Fernando Moura seja novamente interrogado nestes autos, haja vista que a produ��o da referida prova se mostra in�cua diante do quanto acima ponderado", sustentou a defesa.
Na noite da quinta-feira, a Procuradoria requereu a Moro que ordene novo interrogat�rio de Moura em raz�o de 'flagrante contradi��o’ no depoimento que ele prestou na sexta-feira, 22, e um trecho de sua colabora��o premiada, firmada em agosto de 2015. O pedido foi subscrito por onze procuradores da Rep�blica que comp�em a for�a-tarefa da Lava Jato. Eles destacam 'a prova falsa produzida por Fernando Moura em ju�zo'.
Nesta quinta, Moura foi ouvido pelos procuradores e confessou 'ter mentido’ para Moro. Com isso, ele tenta salvar os benef�cios que poderia ter como colaborador da Lava Jato. Os procuradores entregaram ao juiz o depoimento gravado do empres�rio.
Em documento de oito p�ginas, os advogados de Dirceu questionam 'valor probat�rio do depoimento de um colaborador que apresentou uma vers�o num primeiro momento, a desmentiu em Ju�zo e diante do contradit�rio e, agora, sem apresentar uma justificativa convincente para tanto, tentou apresentar uma terceira vers�o, mas, diante dos questionamentos insistentes do Procurador e da possibilidade de perder todos os benef�cios do acordo de colabora��o celebrado, decidiu ratificar suas primeiras declara��es'.
O trecho dos relatos de Moura que irritou os procuradores � relativo ao motivo de sua sa�da do Pa�s, em 2005, supostamente por sugest�o do ex-ministro chefe da Casa Civil Jos� Dirceu - r�u e preso da Lava Jato por corrup��o, lavagem de dinheiro e organiza��o criminosa.
Na dela��o que firmou para se ver livre da pris�o, o empres�rio afirmou em agosto de 2015 que 'resolveu se mudar para Paris ap�s receber a 'dica' de Jos� Dirceu para 'cair fora'.
Na sexta-feira passada, diante do juiz S�rgio Moro, em audi�ncia formal no processo em que tamb�m � r�u, Fernando Moura apresentou uma vers�o diferente. O juiz perguntou: "O sr mencionou que na �poca do Mensal�o o deixou o pa�s por qual motivo?’ O delator respondeu: "Eu deixei o pa … ai nessa declara��o, at� ai que depois que eu assinei que eu fui ler, eu disse que foi que o Z� Dirceu que me orientou a isso. N�o foi esse o caso. Eu, eu sa�, porque saiu uma reportagem minha na Veja, em mar�o de 2005."
S�rgio Moro lembrou ao empres�rio que na dela��o ele deu aquela vers�o, atribuindo a Dirceu a ideia de deixar o Pa�s. "Falei isso?", questionou Moura. "Falou", disse Moro. "Assinei isso?", perguntou o empres�rio, rindo. "Devem ter preenchido um pouquinho mais do que eu tinha falado. Mas se eu falei, eu concordo."
"N�o, n�o � assim que a coisa funciona", repreendeu Moro.
"Se eu falo e depois � colocado no papel, eu nem leio. Eu at� pergunto para o advogado, '� isso aqui?'. Falou: '�'", afirmou.