O empres�rio Augusto Ribeiro Mendon�a, delator da Opera��o Lava-Jato que confessou ter ocultado propina em doa��es oficiais ao PT, manteve 85 contatos telef�nicos com o ex-tesoureiro do partido Jo�o Vaccari Neto - preso desde abril de 2015 acusado de ser operador do partido no esquema de corrup��o na Petrobras. A informa��o faz parte da primeira an�lise produzida pela for�a-tarefa do Minist�rio P�blico Federal com base na quebra do sigilo telef�nico da sede nacional do PT em S�o Paulo - centro nervoso do partido do governo - e dos n�meros usados por Vaccari entre julho de 2010 e julho de 2015, alcan�ando tr�s campanhas eleitorais, duas presidenciais e uma municipal.
"Foram identificados 144 chamadas entre Jo�o Vaccari e Paulo Salvador", informa o relat�rio assinado por dois analistas do Minist�rio P�blico Federal, de 30 de novembro de 2015, anexados em janeiro � a��o penal, sob sigilo. "Ainda evidenciaram-se 85 chamadas entre o terminal (11) 98136-XXXX atribu�do a Augusto Mendon�a de acordo com o Termo de Colabora��o nº 7 e o terminal (11) 99325-XXXX do Partido dos Trabalhadores Diret�rio Nacional PT, atribu�do a Jo�o Vaccari."
O sigilo telef�nico do PT foi quebrado pelo juiz federal S�rgio Moro, da Lava-Jato, em novembro de 2015. A medida alcan�ou pelo menos seis n�meros de uso de Vaccari. A abertura de dados alcan�a um per�odo de quase cinco anos, 2010 a 2014 - abrangendo tr�s campanhas eleitorais.
A for�a-tarefa da Opera��o Lava-Jato aponta o uso da legenda como forma de ocultar dinheiro desviado da estatal por meio de contribui��es e doa��es de campanha.
Moro atendeu um pedido do Minist�rio P�blico Federal, que acusa formalmente Vaccari em uma a��o penal pelo uso da gr�fica ligada ao partido para supostamente lavar dinheiro da Petrobras.
"Defiro o requerido e decreto a quebra do sigilo dos terminais telef�nicos acima, incluindo dados das liga��es efetuadas no per�odo de 22 de julho de 2010 a 31 de dezembro de 2014", decidiu Moro.
A ordem de quebra do sigilo atinge o cora��o do PT, cuja sede fica situada na Rua Silveira Martins, Centro de S�o Paulo. Os telefones alvos s�o: (11) 3188-5218; (11) 99325-9751; (11) 3243-1356; (11) 5589-7500; (11) 99299-1683; (11) 3243-1313; e (11) 97618-1208.
"A medida pretendida � adequada e necess�ria para possibilitar a identifica��o dos registros das chamadas originadas e recebidas pelos terminais-alvos da investiga��o e seus respectivos interlocutores, bem como a localiza��o geogr�fica em que se encontravam os alvos no momento das comunica��es de interesse da investiga��o criminal, por meio de antenas que captaram o sinal" sustentou o Minist�rio P�blico Federal no pedido.
A quebra do sigilo dos telefones usados por Vaccari - seu celular e os fixos na sede do Diret�rio Nacional do PT -, integra a��o penal decorrente do processo em que Moro condenou o ex-tesoureiro e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, indicado pela legenda para a Diretoria de Servi�os da estatal.
Os dois s�o acusados pelo desvios de recursos de um contrato de R$ 2,2 bilh�es na Refinaria Presidente Get�lio Vargas (Repar), no Paran�, e pelo repasse de R$ 4,3 milh�es ao PT entre 2008 e 2012 por meio de doa��es registradas.
A senten�a foi enviada ao Tribunal Superior Eleitoral pelo juiz da Lava Jato, no in�cio do m�s, como prova para instruir as investiga��es sobre supostas irregularidades na campanha presidencial de Dilma Rousseff, em 2014.
O Relat�rio de Informa��o 121/2015 do Minist�rio P�blico Federal � a primeira an�lise feita no resultado da quebra de sigilo telef�nico do PT. Ele refor�a a dela��o de Augusto Mendon�a, dono da Setal �leo e G�s, que disse ter ocultado propina em doa��es oficiais ao PT e pagamentos de publicidade. Segundo Augusto Mendon�a, Vaccari era um de seus contatos.
Al�m dos repasses diretos ao PT, o delator afirmou que Vaccari indicou a Gr�fica Atitude para o pagamento de an�ncios, que segundo ele, foram custeados com dinheiro de propina.
Lula
Al�m de ser alvo das apura��es sobre a repasse de propinas desviadas da Petrobras para o PT, Vaccari � pe�a importante para as investiga��es compartilhadas entre a for�a-tarefa da Lava-Jato e o Minist�rio P�blico Estadual de S�o Paulo sobre o tr�plex 164-A, do Edif�cio Solaris, no Guaruj�, que teria sido montado pela OAS para o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.
Vaccari foi presidente da Cooperativa Habitacional dos Banc�rios de S�o Paulo (Bancoop) de 2004 a 2010. A cooperativa iniciou as obras do Edif�cio Solaris e acabou tendo a unidade adquirida pela OAS em 2009, ap�s sua fal�ncia. Foi nesse per�odo em que o ex-tesoureiro petista era presidente que a fam�lia de Lula adquiriu um im�vel no pr�dio.
Na ocasi�o em que o juiz Moro quebrou o sigilo telef�nico o PT n�o comentou a decis�o.
O criminalista Luiz Fl�vio Borges D’Urso, que defende o ex-tesoureiro Jo�o Vaccari Neto, disse, na �poca, que a medida representava 'uma devassa estatal num partido pol�tico'. Ele foi taxativo. "N�o existe nada, n�o h� uma prova sequer contra Vaccari. A �nica coisa que se verifica s�o informa��es de delatores. N�o h� prova de absolutamente nada a corroborar as acusa��es que est�o sendo feitas contra Vaccari."