Um hom�nimo roubou a cena da maior investiga��o contra a corrup��o no Brasil na semana passada, frente � Justi�a Federal do Paran�. Na sexta-feira, 4, por volta das 10h, enquanto o pa�s se virava para acompanhar a condu��o coercitiva - quando o investigado � levado para depor e liberado - do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, o capoteiro de ve�culos Jorge Washington Blanco, de Belo Horizonte, prestava depoimento, por videoconfer�ncia, ao juiz federal S�rgio Moro, que conduz as a��es da Opera��o Lava Jato.
Blanco havia sido arrolado como uma das testemunhas de acusa��o, no processo em que � r�u o pecuarista Jos� Carlos Bumlai, amigo de Lula. A outra era o administrador Sandro Tordi, ex-presidente do Banco Schahin.
De camiseta azul, Jorge Blanco respondeu a todas as perguntas. A primeira foi do Minist�rio P�blico Federal. O procurador Diogo Castor de Mattos perguntou: "O senhor pode esclarecer sua atividade profissional durante o ano de 2009?", questionou Mattos. "Eu sou capoteiro", respondeu Jorge Blanco.
"Capoteiro? O sr trabalhou durante algum per�odo no Banco Schahin?", questionou. "N�o", disse o capoteiro. "O sr esteve alguma vez com Jorge Luiz Zelada?”, insistiu o procurador. "N�o conhe�o", afirmou Blanco. "Sem mais perguntas, Excel�ncia", assinalou, por fim, Castor.
O juiz federal S�rgio Moro prosseguiu a audi�ncia, perguntando se o assistente de acusa��o ou os defensores que estavam tinham perguntas. "Se trata de outra pessoa, seria um uruguaio, um argentino", disse um dos defensores, que n�o aparece no v�deo.
"N�o tenho ideia, a testemunha � da acusa��o", afirmou Moro. "Talvez o sr tenha sido chamado por engano, por alguma quest�o de hom�nimo. Eu declaro encerrado seu depoimento, tamb�m n�o tenho indaga��es."
'Nada errado'
"Uai, eu fiquei meio assim, falei: ser� que usaram meu nome nesse trem? Eu nunca me envolvi com nada errado. De uma hora pra outra aparece neg�cio de Lava Jato, coisa que eu vejo falar na televis�o", disse Blanco
ROTINA
Diariamente, entre 11h30 at� 18h30, o capoteiro trabalha em uma loja em Belo Horizonte com capota e estofamento de ve�culos.
Casado, pai de dois filhos, Jorge Blanco disse que um deles pensou que a intima��o para comparecer � Justi�a Federal, em Minas, se tratasse de uma brincadeira. "Um deles falou: isso � neg�cio que p�e na internet, o pessoal fica brincando. Eu falei: comigo n�o foi brincadeira, n�o. O rapaz trouxe a intima��o, olha aqui."
Na entrevista, ele contou detalhes do depoimento.
"Me perguntaram de uns neg�cios que eu nunca tinha ouvido falar, de banco, um cara que eu nunca ouvi falar nele. (...) Ficaram foi rindo porque viram que a minha profiss�o era totalmente diferente da que eles estavam querendo", afirmou, com bom humor.
Blanco disse que achou estranho receber uma intima��o de um oficial de Justi�a, mas que compareceu ao chamamento por nada dever. Ao ser perguntado pela reportagem sobre o di�logo que teve com o juiz S�rgio Moro, respondeu: "Eu falei que eu era capoteiro, ele ficou rindo".