
Um era funcion�rio do Banco Schahin, em S�o Paulo, e foi arrolado como testemunha de acusa��o em a��o envolvendo a Opera��o Lava-Jato. O outro, um capoteiro, de 55 anos, que h� 41 anos exerce a profiss�o em Belo Horizonte. Em comum entre os dois, um �nico detalhe: ambos receberam o nome de Jorge Washington Blanco. Coincid�ncia que rendeu ao segundo uma intima��o, por engano, para depor na sede da Justi�a Federal na capital mineira na sexta-feira passada, para falar sobre um assunto que ele disse n�o ter ideia do que se trata. (Veja v�deo abaixo)
A princ�pio, o Jorge Washington Blanco, capoteiro, imaginou que se referia a uma brincadeira do oficial que lhe entregou a notifica��o – coincidentemente um amigo de muitos anos. Mas foi avisado: “� neg�cio do Cerver�. E voc� precisa ir e prestar depoimento l�”, lembra Blanco, que disse n�o ter dormido direito no dia anterior ao depoimento. Por precau��o, ele foi acompanhado de um amigo que � advogado. “Eu cheguei meio abalado, mas � medida que foram fazendo as perguntas e foi desenrolando o neg�cio, vi que n�o tinha nada a ver”, recorda.
O depoimento de Jorge Washington aconteceu �s 10h, por v�deoconfer�ncia, e durou poucos minutos. A audi�ncia come�ou com as medidas de praxe: o juiz S�rgio Moro, respons�vel pelas investiga��es da Lava-Jato, explicou a ele os motivos pelos quais estava ali e que deveria dizer a verdade, caso contr�rio, poderia at� sofrer um processo. Em seguida, coube ao representante do Minist�rio P�blico come�ar o interrogat�rio. A primeira pergunta foi qual a atividade profissional exercida por ele em 2009. A resposta foi imediata: “Sou capoteiro”.
A fun��o do Blanco mineiro consiste em fabricar ou reformar estofados e capotes de carros, bem diferente do hom�nimo dele, que trabalhou no Banco Schahin no per�odo em que o pecuarista Jos� Carlos Bumlai pegou emprestados R$ 12 milh�es, dinheiro usado para pagar d�vidas de campanha do PT. Ainda assim, o capoteiro foi questionado se havia estado com o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada – o que respondeu com um simples “n�o conhe�o”. Diante da constata��o do engano, o juiz S�rgio Moro esclareceu ao mineiro que “talvez tenha sido chamado por engano, por alguma quest�o de hom�nimo”, encerrando a audi�ncia.
AL�VIO O capoteiro agora ri da hist�ria e se diverte com o v�deo do depoimento, divulgado ontem em sites de not�cias e redes sociais. Mas conta que passou momentos de muita tens�o. “� uma coisa que ningu�m deve passar. � uma coisa que voc� n�o tem nada com ela e as pessoas ficam olhando como se voc� tivesse participado dessa rolaiada (sic). Atrapalha a gente, a gente que mexe no com�rcio, e fica negativado”, lamenta Jorge Washington, que trabalha em uma capotaria na regi�o Central de Belo Horizonte.
Da Lava-Jato mesmo, ele diz que sabe muito pouco. Acompanha uma not�cia ou outra nos jornais � noite, quando chega do trabalho. E apoia as investiga��es sobre o esquema de pagamento de propina na Petrobras. “Eu acho que deveria fazer isso mesmo (investigar). Tem muita coisa suja nesse meio e envolvendo outros tamb�m, como eu, que n�o tenho nada a ver com o problema deles”, argumenta. O capoteiro garante que nunca ouviu falar no xar�, e nem procurou saber de quem se trata, apesar de toda a confus�o.